Existe uma cena logo no início de Lawrence da Arábia que define
totalmente a personalidade do personagem principal. Ela acontece logo
depois que Dryden, personagem interpretado por Claude Rains, avisa
Lawrence que ele será enviado para o deserto. Tudo o que Lawrence
responde é que “será divertido”.
- Lawrence, o deserto só é divertido para dois tipos de criaturas. Deuses e beduínos. E você não é nenhum dos dois, responde Dryden.
- Não, Dryden. Será divertido.
Eu me sinto parecido com o Lawrence da Arábia sempre que eu preciso ir ao Bradesco fazer alguma coisa. Isso porque as pessoas vão até o Bradesco e saem com suas contas pagas, com dinheiro no bolso, com uma linha de crédito nova. Eu não.
Eu vou até o Bradesco e saio de lá com um post novo na cabeça.
- Lawrence, o deserto só é divertido para dois tipos de criaturas. Deuses e beduínos. E você não é nenhum dos dois, responde Dryden.
- Não, Dryden. Será divertido.
Eu me sinto parecido com o Lawrence da Arábia sempre que eu preciso ir ao Bradesco fazer alguma coisa. Isso porque as pessoas vão até o Bradesco e saem com suas contas pagas, com dinheiro no bolso, com uma linha de crédito nova. Eu não.
Eu vou até o Bradesco e saio de lá com um post novo na cabeça.
Hoje, por exemplo. Quando descobri que precisava ir até ao banco,
pensei exatamente como o Lawrence. “Será divertido”. Meu cérebro
respirou fundo e me explicou que “Rob, aquele Bradesco só é
divertido para office-boys e almas atormentadas”. Eu apaguei um
fósforo com os dedos, me levantei e disse que “não, Cérebro.
Será divertido”.
Porque sempre é divertido ir ao Bradesco. Quer dizer, quando estou lá a coisa não é exatamente prazeirosa, mas depois de voltar para casa, escrevendo no blog sobre o que aconteceu comigo no Bradesco, a situação muda de figura.
Hoje, por exemplo. Entrei no banco, peguei a senha que não serve para nada e fui até a fila.
Não, desculpem. Estou me adiantando. Eu já entrei no banco xingando pois acabou a bateria do meu iPod no meio do caminho. E a melhor maneira de suportar um banco é ouvindo música. O fone de ouvido é um dos maiores inibidores de contato social já inventados.
Porque sempre é divertido ir ao Bradesco. Quer dizer, quando estou lá a coisa não é exatamente prazeirosa, mas depois de voltar para casa, escrevendo no blog sobre o que aconteceu comigo no Bradesco, a situação muda de figura.
Hoje, por exemplo. Entrei no banco, peguei a senha que não serve para nada e fui até a fila.
Não, desculpem. Estou me adiantando. Eu já entrei no banco xingando pois acabou a bateria do meu iPod no meio do caminho. E a melhor maneira de suportar um banco é ouvindo música. O fone de ouvido é um dos maiores inibidores de contato social já inventados.
Se você estiver com fones de ouvido, as pessoas pensam duas vezes
antes de falar com você, pois elas precisarão encostar em você
para chamar sua atenção. Se você está no banco com fones de
ouvido, as pessoas só vão falar com você se for algo realmente
importante, algo como “está jorrando sangue do seu nariz” ou “eu
estou assaltando o banco, será que o senhor pode tirar os fones e
deitar no chão como os outros clientes?”.
Assim, não é difícil eu estar com fones de ouvido no banco, mesmo quando não estou ouvindo nada – é a minha maneira de caçar posts e personagens sem ser incomodado. O fone de ouvido não é um modo de escutar música, mas sim uma declaração. Estar com fones no ouvido é como dizer para a velhinha da frente que “se eu quiser ouvir alguém falando sobre o clima, eu vou ouvir Rain, dos Beatles, e não a senhora”.
Mas, hoje, irritado com o fato da bateria ter acabado, coloquei o iPod no bolso e entrei sem fones.
E aí, sim, voltamos ao momento que entrei no banco, peguei a senha que não serve para nada e fui para a fila. Com umas sete ou oito pessoas na minha frente, calculei que eu sairia do banco em menos de vinte minutos. Respirei fundo e me conformei em passar vinte minutos dentro de um banco sem ouvir música.
Aos poucos, novas pessoas começaram a chegar ao banco, aumentando a fila atrás de mim. Homens, mulheres, jovens, pessoas de meia idade... E a Moeda.
Assim, não é difícil eu estar com fones de ouvido no banco, mesmo quando não estou ouvindo nada – é a minha maneira de caçar posts e personagens sem ser incomodado. O fone de ouvido não é um modo de escutar música, mas sim uma declaração. Estar com fones no ouvido é como dizer para a velhinha da frente que “se eu quiser ouvir alguém falando sobre o clima, eu vou ouvir Rain, dos Beatles, e não a senhora”.
Mas, hoje, irritado com o fato da bateria ter acabado, coloquei o iPod no bolso e entrei sem fones.
E aí, sim, voltamos ao momento que entrei no banco, peguei a senha que não serve para nada e fui para a fila. Com umas sete ou oito pessoas na minha frente, calculei que eu sairia do banco em menos de vinte minutos. Respirei fundo e me conformei em passar vinte minutos dentro de um banco sem ouvir música.
Aos poucos, novas pessoas começaram a chegar ao banco, aumentando a fila atrás de mim. Homens, mulheres, jovens, pessoas de meia idade... E a Moeda.
A Moeda era uma mulher de mais ou menos 1.20m e uns quatrocentos
quilos. Veja bem, o problema não era era ser gorda (eu também sou
gordo) ou baixinha (eu também sou baixinho). O problema era ser
desproporcional. Lembra do desenho do Papa Léguas? Ela parecia o
Coiote naqueles episódios em que metade de uma montanha cai sobre
sua cabeça, achatando todo seu corpo e fazendo com que sua altura
seja metade da sua largura.
Enfim, a Moeda entrou e foi para o final da fila, umas cinco ou seis pessoas atrás de mim. E eu me esqueceria dela – e estaria fazendo qualquer outra coisa agora e não escrevendo no blog se não fossem por aguns detalhes.
1) O sujeito à minha frente conhecia a Moeda;
2) O sujeito à minha frente não apenas conhecia a Moeda como estava morrendo de saudade dela;
3) O sujeito à minha frente não apenas conhecia a Moeda e estava morrendo de saudade dela como decidiu que a fila do banco seria um ótimo momento para colocar o papo em dia;
4) Como os mais atentos devem ter imaginado, eles começaram a conversar ignorando o fato de que havia meia dúzia de pessoas entre eles.
Evidentemente, na terceira frase eu já comecei a maldizer a Apple, o Steve Jobs e toda a indústria musical pelo fato do meu iPod estar sem bateria. Cheguei até mesmo a fazer uma promessa, falando todos os discos do Iron Maiden em ordem cronológica (com os respectivos anos de lançamento), como se, ao provar ser digno de ter um iPod funcionando, o meu ligaria.
Nada. Tudo o que eu tinha para ouvir era a conversa de ambos.
Ou, melhor ainda, metade da conversa, já que eu não conseguia ouvir tudo o que a Moeda falava, captando apenas palavras como “desemprego”, “difícil”, “cadeirante”, “injustiça”, “complicado”. Em determinado momento, tive vontade de me virar para ela e perguntar se “vem cá, a senhora é pauteira do SBT Repórter? Que puta mundo cão!”, mas não consegui.
Isso porque eu já estava ocupado demais com o sujeito à minha frente, que decidiu, no meio da conversa, segurar as próprias costas – para efeito ilustrativo, imagine a posição que uma mulher grávida faz com o braço, apoiando suas costas nas palmas da mão ao se sentar – deixando seu cotovelo a mais ou menos 3 milímetros do meu rosto.
Enfim, a Moeda entrou e foi para o final da fila, umas cinco ou seis pessoas atrás de mim. E eu me esqueceria dela – e estaria fazendo qualquer outra coisa agora e não escrevendo no blog se não fossem por aguns detalhes.
1) O sujeito à minha frente conhecia a Moeda;
2) O sujeito à minha frente não apenas conhecia a Moeda como estava morrendo de saudade dela;
3) O sujeito à minha frente não apenas conhecia a Moeda e estava morrendo de saudade dela como decidiu que a fila do banco seria um ótimo momento para colocar o papo em dia;
4) Como os mais atentos devem ter imaginado, eles começaram a conversar ignorando o fato de que havia meia dúzia de pessoas entre eles.
Evidentemente, na terceira frase eu já comecei a maldizer a Apple, o Steve Jobs e toda a indústria musical pelo fato do meu iPod estar sem bateria. Cheguei até mesmo a fazer uma promessa, falando todos os discos do Iron Maiden em ordem cronológica (com os respectivos anos de lançamento), como se, ao provar ser digno de ter um iPod funcionando, o meu ligaria.
Nada. Tudo o que eu tinha para ouvir era a conversa de ambos.
Ou, melhor ainda, metade da conversa, já que eu não conseguia ouvir tudo o que a Moeda falava, captando apenas palavras como “desemprego”, “difícil”, “cadeirante”, “injustiça”, “complicado”. Em determinado momento, tive vontade de me virar para ela e perguntar se “vem cá, a senhora é pauteira do SBT Repórter? Que puta mundo cão!”, mas não consegui.
Isso porque eu já estava ocupado demais com o sujeito à minha frente, que decidiu, no meio da conversa, segurar as próprias costas – para efeito ilustrativo, imagine a posição que uma mulher grávida faz com o braço, apoiando suas costas nas palmas da mão ao se sentar – deixando seu cotovelo a mais ou menos 3 milímetros do meu rosto.
Aquilo foi o suficiente para que aquele sujeito tivesse uma ascensão
meteórica na minha lista de inimigos mortais, indo direto para o
terceiro lugar, ficando atrás apenas do Sol-Bebê dos Teletubbies e
do Jar Jar Binks. Me mexi, pigarreei, cocei a cabeça... Fiz de tudo
para chamar a atenção do sujeito, na esperança de que ele se
tocasse e tirasse o braço da minha cara. Nada adiantou.
Foi quando percebi que teria usar minha arma secreta: a fungada. Eu costumo sempre usá-la no shopping, em especial com pessoas que ficam paradas na frente da escada rolante, discutindo se as Lojas Americanas – pessoas que param na frente de escadas rolantes de shopping estão sempre procurando as Lojas Americanas, pode ter certeza – ficam naquele piso ou em outro. O pai diz que é neste piso, a mãe diz que é no piso de baixo, a filha diz que quer ir embora e ninguém consegue subir na escada rolante.
Eu não peço licença. Eu me aproximo por trás de qualquer um deles e dou um fungada ao lado do ouvido da pessoa que faz com que ela, numa fração de segundos, dê um pulo de susto, sinta ânsia de vômito e saia correndo de nojo. Não, não é bonito, mas sempre funciona. Eu sou o melhor no que faço, e o que faço não é nada agradável.
Enfim, como eu ainda não consegui controlar meus espirros - eu espirraria no braço desta pessoa sem pensar duas vezes – só me restava a fungada. Respirei fundo e pronto.
Nada. O sujeito nem piscou. Concluí que ou estou perdendo o jeito – e vou até o shopping ainda hoje, ficar andando a tarde inteira atrás de alguém entupindo a escada rolante para testar – ou o método da fungada não era totalmente a prova de imbecis. Assim, me restou apenas partir para a violência física e fazer justiça com as próprias mãos.
Com o cotovelo do sujeito na minha cara, esperei por algum barulho atrás de mim. Alguém falando, uma porta de abrindo, um telefone tocando numa mesa, a folha de uma árvore caindo, qualquer coisa que justificasse eu me mexer. E, no primeiro barulho que ouvi – acho que foi o segurança falando com alguém – me virei como se quisesse ver o que era, dando uma ombrada no cotovelo do sujeito, fazendo com que ele quase caísse. Ele me olhou feio.
Foi quando percebi que teria usar minha arma secreta: a fungada. Eu costumo sempre usá-la no shopping, em especial com pessoas que ficam paradas na frente da escada rolante, discutindo se as Lojas Americanas – pessoas que param na frente de escadas rolantes de shopping estão sempre procurando as Lojas Americanas, pode ter certeza – ficam naquele piso ou em outro. O pai diz que é neste piso, a mãe diz que é no piso de baixo, a filha diz que quer ir embora e ninguém consegue subir na escada rolante.
Eu não peço licença. Eu me aproximo por trás de qualquer um deles e dou um fungada ao lado do ouvido da pessoa que faz com que ela, numa fração de segundos, dê um pulo de susto, sinta ânsia de vômito e saia correndo de nojo. Não, não é bonito, mas sempre funciona. Eu sou o melhor no que faço, e o que faço não é nada agradável.
Enfim, como eu ainda não consegui controlar meus espirros - eu espirraria no braço desta pessoa sem pensar duas vezes – só me restava a fungada. Respirei fundo e pronto.
Nada. O sujeito nem piscou. Concluí que ou estou perdendo o jeito – e vou até o shopping ainda hoje, ficar andando a tarde inteira atrás de alguém entupindo a escada rolante para testar – ou o método da fungada não era totalmente a prova de imbecis. Assim, me restou apenas partir para a violência física e fazer justiça com as próprias mãos.
Com o cotovelo do sujeito na minha cara, esperei por algum barulho atrás de mim. Alguém falando, uma porta de abrindo, um telefone tocando numa mesa, a folha de uma árvore caindo, qualquer coisa que justificasse eu me mexer. E, no primeiro barulho que ouvi – acho que foi o segurança falando com alguém – me virei como se quisesse ver o que era, dando uma ombrada no cotovelo do sujeito, fazendo com que ele quase caísse. Ele me olhou feio.
- Desculpe. Eu não havia visto você aí.
Continuou me
olhando feio por mais alguns instantes, mas eu fiz que não era
comigo e continuou conversando com a Moeda. Pelo que eu pude
entender, toda sua família havia morrido numa explosão no mesmo
dia em que ela foi demitida logo depois de ter sido asssaltada,
voltando do médico depois de descobrir que estava com uma doença
terminal. E tudo o que Cotovelo conseguiu dizer para ela é:
-
Calma. Deus sempre arma as coisas na hora certa.
Neste
momento, eu me tornei ateu. Eu tenho um problema: se eu não gosto
de uma pessoa, metade do meu cérebro fica me forçando a discordar
de tudo dele. Eu não consigo controlar. E isso aconteceu com aquele
sujeito. Se ele fosse nazista, eu iria começar a dançar feito um
cigano e gritar “Shalom!” no banco; se ele fosse homofóbico, eu
ia ficar piscando e dando risadinhas para ele; por aí vai. E se
você diz que eu não tenho ideologia, é justamente o contrário:
minha ideologia, naquele momento, é não gostar daquela pessoa.
Como ele era daqueles que explica tudo alegando a vontade de Deus –
algo que eu também não concordo, mas isso é ideologia mesmo -, eu
me tornei ateu. E resmunguei entre os dentes que “Deus é uma
criança sentada no Sol matando formigas com uma lupa”. Ele me
olhou feio mais uma vez, e por uns instantes achei que ele fosse
iniciar uma cruzada contra o baixinho infiel atrás dele na fila...
Mas voltou sua atenção para a Moeda novamente e disse que:
- É o que eu disse. Deus sempre arma as coisas na hora certa. E no
momento certo. Na hora certa e no momento certo.
Nesse
momento, me senti um pouco mais aliviado, pois vi que o Deus dele é
diferente do meu. O meu Deus escreve certo por linhas tortas,
enquanto o Deus dele é redundante e parece ser bem chegado num
pleonasmo.
- E Deus está em todos os lugares.
Pensei
em responder a ele que isso não é verdade, que se Deus estivesse
no banco, ele certamente não estaria em todos os lugares, mas sim
na fila preferencial, por ser idoso. Mas não deu tempo. O caixa
ficou livre e era a vez do sujeito ser atendido. Mas, de costas para
os caixas e conversando com a Moeda, é evidente que ele não viu
nada disso. Ficou ali, parado, conversando, como se fosse uma pessoa
na frente da escada rolante, mas sem escada rolante.
Alguém
precisava fazer algo. E, quando alguém precisa fazer algo dentro do
Bradesco, esse alguém sempre sou eu. Bati no ombro dele.
-
Com licença?
- Pois não?
- Não sei se Deus está em
todos os lugares. Mas, se Ele estivesse aqui, aposto que Ele diria
que você precisa ir até o caixa, pois é sua vez de ser
atendido.
Ele olhou assustado para o caixa e, se certificando
de que era sua vez, correu até o balcão.
Minto. Ele não
foi correndo. Ele foi pulando.
Sim. Pulando, como se fosse um
competidor de salto triplo, deu dois saltos grandes e um terceiro
pulo gigantesco, aterrizando no caixa para pagar suas contas. Tenho
certeza de que o deus dele, neste momento, respirou fundo e começou
a questionar toda sua carreira profissional.
Mas o curioso é
que, olhando ao redor, vi que as pessoas olharam aquilo com
naturalidade. Não sei se isso é um hábito naquele Bradesco, mas
eu já havia decidido que não ia pular. E se viessem reclamar
comigo, eu explicaria que “olhe, eu não sou correntista, vim
apenas pagar uma conta. E além disso, eu não estou da fila das
pessoas com problemas mentais, então eu vou andando mesmo”.
Mas,
o que importa é que a conversa entre o Cotovelo e a Moeda parou e
eu me tornei o primeiro da fila. Tudo estava certo novamente. Até a
hora que ouvi um “bom dia”. Olhei para o lado e era minha
vizinha traficante de crianças (você já leu o post dos morangos Tuc! Tuc!, certo?), sorrindo e acenando para mim.
Foi a
maneira que Deus encontrou de me dizer que “Rob, você não é um
deus. O Bradesco não é divertido para você. Eu posso fazer seu
dia se tornar uma tragédia circense a qualquer minuto. E não se
esqueça que estou sempre de olho!”
Certo. Lição
aprendida.
7 comentários:
Deus deu um jeito de reunir a Moeda, o Cotovelo e a Traficante de crianças pra divertir a gente, não você. Você é um mero enviado da Força pra fazer a gente se matar de rir aqui do outro lado quando lê as suas desventuras... :D
Sei lá dessa história de momento certo ou de linhas tortas, mas o fato é que o mundo precisa que você seja testado e passe por esse tipo de situação. Como dizem, se você não existisse, tinha de ser inventado. Sem dúvida, um dos seus melhores textos do Champ.
Eu ia fazer mais um daqueles meus comentários engraçadinhos que só eu acho graça, mas esse texto tá bom demais pra isso! Hahahaha!
E ela te pediu para pagar um conta, né??
Rob, te juro q quase td vez que acontece algo bizarro comigo eu lembro de vc! Ahahaha
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putz cara, esse post foi muito TOP!
me acabei de rir, vou ler sobre a vizinha agora! :D
virei seu fã! :D
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