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30 de março de 2015

O Moisés de Ridley Scott

Quando eu era criança, fomos uma das primeiras famílias – ao menos entre meus amigos – a ter videocassete. Isso porque, como moramos em Manaus entre 1980 e 1982, voltamos para São Paulo trazendo na bagagem um aparelho comprado na Zona Franca e a maior parte dos meus amigos nunca tinha visto algo parecido. Meu amor nasceu por cinema nasceu nessa época.

Pouco mais de trinta anos depois, eu recebi por e-mail um convite para assistir ao filme Êxodo – Deuses e Reis, por download digital em HD. Achei uma coincidência apropriada que a primeira vez que eu assistisse a um filme neste formato fosse justamente um filme de Ridley Scott.

Afinal, atravessei praticamente todos os sistemas de home entertainment. Foram três décadas em que descobri novos formatos de ver filmes. E, talvez mais importante, foram três décadas em que descobri novas maneiras de ver os filmes de Ridley Scott, desde que assisti a Alien – O Oitavo Passageiro numa fita pirata.

Quando o mercado de VHS se tornou oficial, Scott seguiu na minha televisão, desta vez em fitas mais caprichadas. 1492 – A Conquista do Paraíso, Chuva Negra e, claro, Blade Runner, que, depois de tanto alugar o VHS, foi uma das primeiras fitas que comprei quando o mercado decidiu apostar em sell-thru. Mas foi somente graças à TV por assinatura que finalmente consegui assistir ao primeiro filme dele, Os Duelistas. Logo depois veio o DVD – e quem pode negar que o primeiro grande lançamento do formato no Brasil foi Gladiador? Ainda tenho em algum lugar aqui em casa a primeira edição nacional, com a embalagem negra e assinatura do diretor em dourado. E, por fim, veio o Blu-ray, que me permitiu revisitar os filmes antigos de Scott – descobrindo que eles foram feitos, mesmo, para serem vistos em HD.

Agora a mídia física chegou ao fim e nada mais justo que os filmes de Ridley Scott estejam comigo. Apesar de sua carreira já ter visto o auge, um dos cineastas mais inovadores da minha geração merecia ter a honra de inaugurar um novo formato de assistir a filmes na minha vida – eu já havia assistido a filmes por streaming, mas nunca em download (o filme está disponível no formato desde o último dia 26, e o processo é extremamente fácil e prático).

Confesso que não tive vontade de assistir à sua versão de Moisés no cinema, por ter me decepcionado com os últimos trabalhos de Ridley Scott. Mas o filme me surpreendeu. Não necessariamente pela sua qualidade técnica – poucos diretores atuais usam os recursos digitais com tanta competência na criação de cenas épicas como Scott – mas pela sua ousadia.

Em outras palavras: esqueça o clássico Os Dez Mandamentos. O Moisés de Charlton Heston é uma figura totalmente diferente do Moisés de Christian Bale. Ou, melhor dizendo, do Moisés de Ridley Scott. As cenas grandiosas – e são muitas – talvez façam você pensar que está assistindo a um épico dos anos 50. Mas a semelhança acaba por aí.

Se o Moisés consagrado no filme de Cecil B. De Mille é um herói bíblico, com uma missão muito bem definida, o de Êxodo – Deuses e Reis é mais humano que se espera: na verdade, é um homem em busca não apenas de sua própria identidade como do seu destino. Aliás, pode-se dizer que o filme não é nem mesmo sobre Moisés, mas sim sobre sua fé.



Praticamente todas as passagens clássicas de história de Moisés podem ser explicadas como fenômenos naturais, desde as pragas que assolam o Egito (em uma cena, um médico da corte de Ramsés explica como cada praga é consequência da anterior) até a famosa abertura do Mar Vermelho, que possibilita os hebreus uma chance de atravessá-lo em segurança. As explicações para cada um dos fenômenos são convincentes não apenas para o espectador como para quase todos os personagens do filme...

Menos para Moisés.

Pois Moisés sabe que são obras de Deus, graças às cenas mais interessantes – e ousadas do filme – nas quais ele conversa com Deus, que assume a forma de uma criança.

Ao invés da tradicional submissão mostrada em filmes bíblicos, Moisés cresce como personagem justamente nestes momentos, em que ele simplesmente se recusa a “apenas obedecer” a Deus, chegando até mesmo a discutir com Ele em alguns momentos. E é justamente isso que reforça sua identidade, concluindo a cena, vista logo no início do filme, em que se explica o significado da palavra israelita. Moisés não precisa aprender somente a ser líder, mas sim o emissário de um deus que ele não compreende totalmente.

Para quem espera um espetáculo visual – algo normal nos filmes do diretor – o filme cumpre o prometido. As cenas do Egito Antigo, especialmente das construções dos grandes monumentos, com tomadas aéreas de tirar o fôlego, talvez sejam as mais belas já vistas no cinema, e o HD apenas valoriza isso. O mesmo acontece com as (muitas) cenas de ação do filme.

Agora, para quem deseja conhecer uma nova leitura da história de um dos mais famosos personagens bíblicos, Êxodo – Deuses e Reis é visita obrigatória – não apenas pelo drama de Moisés, mas também pela cena em que “explica” como a história que se passa nas telas irá se transformar em guerras religiosas que o mundo assistiu ao longo dos séculos – e que continuam acontecendo.

Num mundo onde pessoas matam cada vez mais em nome de um fanatismo religioso, talvez não haja mais espaço para personagens que simplesmente abrem o mar com um cajado ou transformam as água do Nilo em sangue, usando o poder de Deus.

E Ridley Scott sabe disso.


Trailer:




O blog assistiu ao filme a convite da Fox.


1 de fevereiro de 2012

O Destino do Acaso


Eram amigos de longa data. Andavam em silêncio. Poderiam estar apenas pensando no que falar ou observando as pessoas na rua. Provavelmente, ambas as coisas, já que adoravam observar tudo ao seu redor.

Quem rompeu o silêncio foi o Destino.

– Vamos beber algo? Estou com sede.

O Acaso concordou com a cabeça. Entraram num bar, pediram dois chás gelados e beberam os primeiros goles quietos, sentados lado a lado no balcão.

– Você não pode querer controlar tudo sempre – disse o Acaso, observando o cardápio e pensando se valia a pena pedir algo para beliscar.

O Destino pareceu pensar antes de responder.

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22 de janeiro de 2012

O Grande Remédio


Risada.

De acordo com o dicionário, “é a ação ou o efeito de rir” ou “a manifestação sonora do riso”.

Certamente, existem diversas outras definições para essa palavra – algumas delas até mesmo científicas, explicando qual o processo que ocorre em nossa mente e resulta numa risada. E com certeza todas elas estariam corretas, cada uma ao seu modo.

Mas eu gosto de pensar numa risada de outra forma.

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14 de janeiro de 2012

Num Sábado de Sol



Eu me lembro apenas que era um sábado e fazia sol. Com oito anos de idade, eu já estava começando a me apaixonar por futebol, um amor herdado do meu pai. Santista de nascimento, ele havia assistido a toda a geração de ouro do futebol brasileiro de pertinho, no estádio.

E sempre que me contava os feitos desses atacantes, armadores e até mesmo de goleiros lendários, eu me encantava cada vez mais com o esporte e sua história. Nesse sábado em especial, minha paixão entrou em campo num campeonato da escola. Todas as turmas da minha série disputariam o torneio, cada uma delas defendendo a camisa de um grande time brasileiro. No sorteio, minha classe ganhou as cores e o brasão do Flamengo.

Claro que se tratava de um futebol disputado por crianças, ou seja: dois meninos no gol e outros vinte amontoados e gritando ao redor de uma bola. Mas, para mim, aquilo tinha um sabor de Copa do Mundo, especialmente por um grande charme: a cada partida, um pai seria o técnico do time. No primeiro jogo, entramos em campo obedecendo às instruções do meu pai.

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8 de janeiro de 2012

Naquele Dia


Naquele dia, tudo mudou.

Na verdade, já sabíamos com antecedência que tudo mudaria naquele dia. Foi uma daquelas mudanças com data marcada, sabe? Mas isso somente para nós. Para o resto do País, aquele dia seria marcado como o dia em que o Brasil foi eliminado da Copa, após perder de virada para a Holanda, nas quartas de final.

Nós vimos o jogo, sim. Quer dizer, assistimos a alguns pedaços. Afinal, estávamos no hospital. Acompanhamos somente alguns lances, pois estávamos lá por um motivo muito maior. Muito mais bonito do que qualquer gol, muito mais importante do que qualquer vitória.


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30 de dezembro de 2011

O 2012 Ideal



Todo final de ano, nós trocamos votos com os amigos e familiares.Normalmente, desejamos para as pessoas que amamos um ano repleto de saúde, paz, prosperidade e felicidade. Fazemos isso de forma sincera, seja em abraços apertados ou em e-mail rápidos e curtos, decorrentes da correria de final de ano.

Mas desejamos de forma sincera, e eu, especialmente, procuro sempre ouvir o mesmo dos outros com o coração aberto. E desejo a todos de volta da mesma forma: com a maior sinceridade e amor que consigo. Mas e se tivéssemos que desejar algo para a humanidade? Qual seria o voto ideal para todos nós em 2012? Ou, indo ainda mais adiante, os votos que desejaríamos para o planeta?

Acho que tudo o que mencionei ainda seria óbvio. Imagine um ano com todo o planeta esbanjando saúde, paz e prosperidade? A felicidade seria tão óbvia que não precisaria nem ser desejada.Mas, mesmo assim, eu gostaria de fazer um voto especial para o ano de 2012 do Planeta Terra

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21 de dezembro de 2011

O Ajudante do Papai Noel




Eu devia ter uns três ou quatro anos.

E, como toda criança dessa idade, o Natal, para mim, começava muito antes de 24 de dezembro.

Semanas antes, a casa começava a ganhar cores e perfumes natalinos: eu escrevia a cartinha para o Papai Noel (e ficava surpreso ao acordar no dia seguinte e ver que ela não estava mais sob o travesseiro); montava a árvore junto com minha mãe, encantado com as bolas de diferentes cores e formatos; e, claro, passava horas procurando os presentes pela casa ao lado do meu irmão.

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19 de dezembro de 2011

Férias de Todos os Dias




Minhas férias perfeitas podem ser no campo ou na praia. Aliás, podem ser até mesmo na cidade. Não faço questão de um hotel de luxo, com serviço de quarto e frigobar lotado. Pode ser uma casa com um quarto modesto, uma cama macia, um teto. Uma casa pequena, mas aconchegante.

Minhas férias perfeitas têm uma varanda, com algumas plantas e uma rede para eu ler um livro enquanto a noite cai, com meu cachorro aos pés. Na sala, nada de especial. Alguns minutos de internet para não perder o contato com os amigos, um aparelho de som com uma música que eu goste. Um punhado de revistas largado no sofá.

Minhas férias perfeitas têm um passeio por dia. Não precisa ser nada inesquecível. Não quero um cartão-postal todos os dias, quero apenas conhecer um lugar novo. Um prédio, uma cachoeira, um restaurante com algum prato que eu nunca tenha comido ou uma bebida nova para experimentar. Quero pessoas novas, histórias inéditas, piadas que não imagino o final.

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7 de dezembro de 2011

Filmes & Sonhos


Eu e o cinema temos uma relação muito especial. Graças ao meu pai, me apaixonei pela Sétima Arte antes mesmo de aprender a ler, vendo filmes clássicos ao lado dele. A paixão virou amor, e passei mais de dez anos da minha vida trabalhando com isso, escrevendo sobre filmes.

Ao longo desse tempo, descobri os filmes que se tornariam os meus preferidos e que procuro rever ao menos uma vez por ano. São longas de épocas, gêneros e países variados que me ensinaram muito sobre a vida.

Mas, o mais importante, entendi, a cada filme assistido, que o cinema é uma das artes que mais se aproxima da magia. Assim, nada mais delicioso do que declarar meu amor pelo cinema organizando esta lista especial, com “cinco filmes para animar o dia”. São longas ideais para fechar (com chave de ouro) um dia especial ou, ao menos, para se sentir leve e feliz após um dia de muito trabalho e pouca diversão.

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30 de novembro de 2011

5 Músicas do Coração


No momento em que eu recebi as pautas dos próximos textos para esta página, o tema deste post já me deixou preocupado. Como elencar um “Top 5 de músicas para animar o dia” depois de décadas ouvindo música apaixonadamente? Tarefa impossível, especialmente porque acredito que a mesma música nunca soa da mesma forma quando ouvida mais de uma vez – afinal, isso depende muito de como estamos nos sentindo naquele momento.

Foi justamente aí que tive a resposta: o ideal seria eu fazer o meu Top 5 baseado no que está na minha playlist atual, sem ordem específica.

É claro que algumas das músicas listadas abaixo estão gravadas em pedra na minha vida, enquanto outras vêm sendo tocadas à exaustão, e daqui a um tempo serão colocadas de lado, até serem “descobertas” novamente. Mas todas elas fazem parte da minha vida – e, consequentemente, do meu dia – de forma muito importante.

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25 de novembro de 2011

O Meu Quebra-Cabeça


Outro dia, encontrei um amigo de infância, daqueles que não via há anos. Conversa vai, conversa vem, ele me solta:

– Difícil de acreditar que aquele menino baixinho e bom de bola se tornou escritor.

Isso porque, como ficamos anos sem nos encontrar, ele continuou com a mesma imagem que tinha de mim na infância: um garoto que jogava pelo lado direito do campo e sonhava em ser jogador profissional. Ele sequer se lembrava de que, mesmo naquela época, eu já adorava ler e contar histórias.

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20 de novembro de 2011

Aquarela Cotidiana




“Rotina”. Atualmente, poucas palavras são tão mal utilizadas como esta. De algum tempo para cá, a rotina se tornou uma das maiores vilãs do mundo moderno. Casais se separam alegando que o relacionamento caiu na rotina; pessoas comentam o tempo inteiro que precisam escapar da rotina. Odeia-se a rotina do trabalho, a rotina dos relacionamentos, a rotina do dia a dia. Aparentemente, só não odeiam a rotina de reclamar da rotina.

O grande problema é que a rotina se tornou sinônimo de tédio. E nada poderia estar mais errado que isso. Rotina e tédio são dois conceitos totalmente diferentes, mas que as pessoas colocaram sob um mesmo enorme guarda-chuva batizado de “chatice”. A rotina está longe de ser chata; basta que a pessoa saiba ver graça nas pequenas coisas que compõem seu dia.

Casais se separam por causa da rotina ou porque o amor acabou? Pessoas reclamam da rotina do trabalho, mas será que não estão apenas desencantadas do emprego atual? Muito fácil colocar a culpa na rotina em vez de admitir que o relacionamento ou o emprego tornou-se algo entediante por algum outro motivo.

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11 de novembro de 2011

Você e Nada Mais


Vai para uma ilha deserta? Então faça suas malas.

Eu te ajudo.

Na mala maior, coloque suas roupas – nada muito quente, e não se esqueça das roupas de banho e das toalhas. Coloque também um par de chinelos e outro de tênis, além de utensílios de higiene pessoal. E mais nada.

A menor precisa ser quase uma bolsa, pois você andará com ela o tempo inteiro. E, mesmo sendo a menor, ela é a mais importante.

Dentro dela, coloque suas melhores lembranças.

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2 de novembro de 2011

Voar é Preciso


Imagine que você está voando dentro de um balão.

O mundo ao seu redor passa rapidamente, mas nem sempre você consegue voar na direção desejada, já que, por mais que seja possível controlar o veículo, ele ainda é suscetível às correntes de ar. Assim, em alguns momentos, é possível voar para o destino planejado, mas, em outros, tudo o que se pode fazer é ir de acordo com o vento e torcer pelo melhor.

E a vida é justamente assim. Existem épocas nas quais tudo parece estar sob o controle, e outras em que ficamos ao sabor do destino.

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26 de outubro de 2011

A Doce Ausência de Lembranças


Dia desses, estava conversando sobre meus dois avôs e o quão pouco me lembro deles.

Explico melhor: nasci em São Paulo, mas, quando eu tinha cinco anos, fui morar em Manaus, pois meu pai foi trabalhar lá. E como todos os meus parentes moravam aqui, eu fiquei praticamente dois anos sem ver minha família. As exceções foram as (poucas) visitas que recebemos e os Natais, época na qual vínhamos para a casa de uma tia e matávamos a saudade de todo mundo.

Essa fase “região Norte” na minha vida durou até o final de 1982 (sim, eu sou velho e não quero falar sobre isso). Contudo, o ano de 1982 foi muito triste. No primeiro semestre, perdi meu avô paterno. Menos de seis meses depois, o avô materno. Os dois faleceram vítimas de câncer, o que me deixou sem avô algum e sem um pedaço de infância. No final do ano, voltamos para São Paulo, e eu descobri que a cidade em que nasci havia se tornado um pouco mais sem graça.

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21 de outubro de 2011

Cantigas de Ninar


Eu sempre fui apaixonado por música.

Ok, sempre é exagero. Digamos que sou apaixonado por música desde os 14 anos, mas, quando você tem 36 anos e faz algo desde os 14, a impressão que você tem é a de que fez isso a vida inteira – se você não tem 36 anos, confie em mim, é assim que acontece.

E, dentro da minha paixão musical, outras paixões nasceram – e não me refiro a estilos musicais preferidos, mas, sim, a um pequeno ritual que descobri quando ganhei meu primeiro aparelho de som portátil: dormir ouvindo música.

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14 de outubro de 2011

A Arte de "Fazer" Palavrões


Todo mundo diz que planejamento é essencial.

Basta folhear qualquer cartilha de autoajuda para encontrar algumas linhas – às vezes, páginas inteiras – referentes a esse tema. É quase senso comum dizer que, como não temos uma bola de cristal, é preciso sempre estarmos pensando no amanhã, nos planejando e programando com cuidado. Isso vale para qualquer assunto: financeiro, profissional... até mesmo saúde.

Basicamente, é melhor prevenir do que remediar.

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6 de outubro de 2011

Meus Domingos



Dizem que, após criar o mundo em seis dias, Deus descansou no sétimo.

Claro que acreditar nessa mensagem – ao menos, de forma literal – depende exclusivamente da sua fé. Mas, independente de qual seja a sua crença, ela passa um ensinamento que, à primeira vista, pode parecer óbvio: é preciso, sim, largar mão do trabalho às vezes.

E, normalmente, isso é possível de uma forma mais frequente do que acreditamos.

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29 de setembro de 2011

Amor de Sangue


“Até onde eu posso me lembrar, sempre quis ser um gângster.” A frase, que abre o excelente filme Os Bons Companheiros, de Martin Scorsese, poderia ser colocada dentro da minha biografia. Afinal, como todo amante de cinema, eu sempre quis ser mafioso.

Bem, antes que você pense que eu usava chapéu, terno e sobretudo ao oito anos de idade, vamos esclarecer que, nessa idade, meu sonho era ser jogador de futebol. Minha vontade de pertencer à Máfia deve ter surgido por volta dos meus quinze anos, quando eu assisti a O Poderoso Chefão pela primeira vez. De lá para cá, o crime organizado se tornou uma das minhas paixões, e devorei todos os filmes e livros que pude encontrar sobre o assunto.

Felizmente – ou infelizmente, não sei ao certo –, acabei me tornando escritor. Mas se existe algo que eu carreguei comigo de todos os filmes e livros sobre a Máfia é o amor e o respeito pela família.

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28 de setembro de 2011

Rock in Life

Eu gostaria muito me lembrar de verdade do primeiro Rock in Rio.

Mas não me lembro. Talvez eu saiba mais sobre o festival de 1985 do que a respeito de muitos shows que eu fui pessoalmente, mas tudo o que sei foi porque aprendi depois, lendo e estudando.

Sei, por exemplo, que o Iron Maiden desviou totalmente a rota da turnê World Slavery Tour – que renderia o magnífico álbum Live After Death – para tocar na capital carioca, vindo dos Estados Unidos para o Brasil e voltando para os Estados Unidos, dando início a um verdadeiro caso de amor com o público brasileiro.

Mas falo de Iron Maiden por ser a banda de heavy metal que mais gosto. Havia outras, muitas outras, que vi pessoalmente anos depois. E acredito que devo isso ao Rock in Rio. Será que eu, no Brasil, teria a oportunidade de assistir a Ozzy Osbourne, AC/DC e Whitesnake ao vivo, caso estes grupos não tivessem tocado, anos antes no primeiro festival? Duvido.

Mesmo a respeito de bandas que nunca fui a um concerto, sei do caráter mítico do festival. Como por exemplo o Queen, cujos integrantes sempre apontaram sua performance como uma das maiores da história da banda; o Scorpions, que usou imagens de sua visita ao Rio no videoclipe de Still Loving You (“Time... We Need Time...”) feito para promover o álbum World Wide Live.

Mas eu me recordo muito da segunda edição do festival. Meu casamento com o heavy metal ainda era um namoro recente, mas, como todo relacionamento novo, a paixão era imensa. Assim, eu me recordo de devorar tudo o que consegui sobre as bandas deste estilo – e me lembro da dor no coração que senti ao não poder assistir aos shows pessoalmente.

Mas vi tudo pela TV. Tudo.

Vi um Sepultura que ainda gravava o álbum Arise subir ao palco; vi um Judas Priest promovendo “somente” o álbum Painkiller, que marcaria a despedida de Rob Halford da banda por anos e anos; vi um Megadeth tocando com garra as canções do seu então disco mais recente, Rust in Peace, hoje um clássico.

Mas, me recordo especialmente de ficar hipnotizado com o show do Faith no More, banda que sempre adorei e que pisava no país pela primeira vez, promovendo o disco The Real Thing, que considero um dos últimos grandes álbuns da história. Aliás, em algumas semanas eu assistirei a um show do Faith No More (junto com Megadeth, veja que coincidência) pela primeira vez. Será que eles teriam tocado tantas vezes no Brasil sem o Rock in Rio II? Duvido.

Mas não preciso sequer pensar para me recordar do show do Guns N’ Roses. Mais que um show, foi um evento, não apenas pela popularidade da banda – que estava em seu auge, antes de Axl Rose virar uma prima dona e desmantelar o conjunto – mas também porque foi nessa ocasião que o grupo apresentou, pela primeira vez, as músicas dos dois discos duplos (sim, duplos, pois estou falando de LPs) Use Your Illusion I e Use Your Illusion II.

Até hoje me recordo que a banda entrou ao palco ao som de Pretty Tied Up – era a primeira vez que o mundo ouvia a canção, e eu estava assistindo ao vivo pela TV. Me recordo do solo de guitarra de Slash, no qual ele executa passagens do tema de O Poderoso Chefão, e dos principais hits, como Sweet Child O’Mine, Patience e Paradise City, que fizeram Axl Rose perder totalmente a voz.

E me lembro claramente de, dias depois, ir ao centro comprar discos na lendária Woodstock e dar de cara com a jaqueta que Axl usou no show (de couro, branca, com o logo da banda nas costas) pendurada e sendo vendida por uma verdadeira fortuna. Lembro-me de esticar o braço e tocar na jaqueta. Justamente por isso que não consegui disfarçar o sorriso, ano passado, ao ler uma biografia importada da banda e descobrir que Axl deu um escândalo nos bastidores ao descobrir que a jaqueta havia sido roubada. E eu toquei na jaqueta.

Anos e anos se passaram, e eu comecei a assistir a shows pessoalmente.

Contudo, na segunda metade dos anos 90, minha paixão pela música deu lugar a novos amores, sobretudo o cinema – que também me acompanhava desde criança mas começou a tomar ares de profissão e os livros.

E, como se soubesse disso, o Rock in Rio deixou de acontecer.

Foi preciso um novo milênio para que eu voltasse para o rock e, por coincidência – ou não? – o Rock in Rio voltou.

Do Rock in Rio III eu também me lembro muito bem. E confesso que senti uma pitada de orgulho ao ver que a minha banda de heavy metal agora era o grande nome do evento. Mais importante que isso, o Iron Maiden vivia um momento especial, com o retorno de Bruce Dickinson ao posto de vocalista, numa apresentação que rendeu um CD e um DVD magníficos.

Outros nomes me saltam à memória. O Sepultura mostrou que existia vida numa era pós-Max Cavalera, e fazendo o caminho inverso, Rob Halford mostrando que sua voz potente não dependia dos músicos do Judas Priest – e o momento em que a plateia inteira canta Breaking the Law mais alto que ele, fazendo o inglês chorar no palco (algo que ele se orgulha até hoje) comprova isso.

Me lembro também da nova apresentação do Guns N’ Roses, numa fase negra da banda, que já parecia uma banda cover de luxo. Mesmo assim, assisti, pelo carinho que sempre tive a respeito do Guns, banda que me abriu os caminhos do rock, no final dos anos 80. E também me recordo de uma apresentação lendária do R.E.M., que colocou o grupo de vez no panteão do rock contemporâneo.

Isso faz dez anos. E eu me recordo de tudo.

Em todo o meu relacionamento com a música, o Rock in Rio sempre esteve presente, caminhando paralelamente ao meu gosto musical. Hoje, bandas que gosto, em especial Motörhead, Metallica – e, claro, Guns N’ Roses – estão se apresentando no Rock in Rio IV.

E, como um velho amigo, resolveu comemorar seu retorno ao Brasil nesta sua quarta edição me enviando um presente. Afinal, durante décadas eu pude assistir, mesmo que pela TV, a alguns dos maiores shows da história graças ao Rock in Rio.

E, a partir de agora, eu vou poder ouvir estas mesmas bandas graças ao Rock in Rio e a Philips, como se as bandas estivessem tocando na minha sala, somente para mim.

(aumente a foto para ler a carta)


Nada mais justo que eu escrevesse este texto como agradecimento.

Obrigado, pelo presente e pelas memórias.

Obrigado, velho amigo.