Fala Rob, tudo bem?
Faz tempo que estou querendo te enviar
um e-mail, só não tinha ideia do que escrever.
Na verdade ainda não tenho, mas e daí?
Rsrsrsrs
Primeiramente queria te parabenizar,
pela Terapia (a HQ e não o fato de fazer terapia), pelo seu blog, por suas
crônicas, por suas palavras, enfim, parabéns!
Não quero tomar seu tempo, nem espero
que você responda, mas me sinto bem escrevendo para agradecer.
Você pode estar pensando: “porque
diabos ele está me agradecendo”, ou até mesmo “não, não estou pensando isso”.
Não importa, agradeço porque em tempos
difíceis, onde um cara estava procurando se encontrar, saber o que lhe fazia
feliz, pois a única coisa que o deixava contente era chegar em casa, dar um
beijo em sua cadela (minha cã) e ficar agarrado com sua Esposa e o resto do seu
dia era uma lástima, eu me encontrei em uma história onde o protagonista faz
terapia e também não se encontra e ele adora música.
Isso me fez lembrar de duas coisas: 1)
quando eu era mais novo (exatamente 10 anos atrás) eu gostava de tocar violão e
isso me fazia bem e 2) amava escrever histórias sem sentido, ou usando meus
amigos de escola como personagens.
Mas como não acreditamos em nossos
sonhos, começamos a fazer coisas para talvez (sim talvez, pois nem sempre é uma
verdade), agradar aos outros, mas inevitavelmente, aquela nossa vontade ganha
força, é maior e sempre acaba nos mostrando o quanto estamos infelizes.
Então procurei saber dos autores desta
HQ, adorei os desenhos do Mario Cau, li o Blog da Marina e cheguei no seu blog.
No início, confesso, só li um post “How
blue can you get”, gostei pelas dicas de blues e salvei em meus favoritos,
assim mesmo, com este nome.
E um belo dia, tentando achar algo
interessante para matar o trabalho, olhei em meus favoritos e entrei no seu
blog, mas desta vez queria ver do início. E me vi vidrado, apaixonado pelos
textos e me vi triste, triste porque adorava escrever, me vi em seus textos, me
identifiquei com você (nada homossexual) e percebi que estou a anos fazendo
coisas que eu não gosto e me deixando de lado.
Pra não deixar isso aqui um trabalho de
faculdade de 100pgs, gostaria de agradecer por me fazer lembrar os meus sonhos,
do meu sarcasmo, da minha ironia, da minha falta de sorte assim como você.
Resolvi me mexer, comprei uma guitarra
e percebi que não consigo tocar guitarra sem fazer barulho, comprei um violão e
percebi que fiquei tanto tempo sem tocar que estou parecendo uma criança,
reaprendendo do zero. Me inscrevi em um curso de quadrinho, estou pensando
seriamente se eu faço um curso de cinema, ou se me inscrevo em uma graduação,
já sou formado em publicidade, mas sempre quis fazer cinema.
E o que está me dando mais medo, mas
vou voltar, é escrever.
Escrever sobre as coisas banais da
vida, sobre as coisas felizes, sobre as coisas tristes, sobre as coisas.
Existem pessoas e situações que fazem
com que nossa vida não fique aquela coisa chata de se viver, geralmente estas
pessoas estão ao nosso lado, em nosso dia-a-dia, os chamamos de amigos, primos,
mãe, meu amor, para com isso cachorro. Eles são nossos elos com o mundo real,
são um grupo seleto e mesmo não te conhecendo pessoalmente, mesmo sem termos
tomado uma cerveja juntos, sem ter comido um torresmo em uma casa do norte
qualquer, você me ajudou a mudar minha vida, por isso te agradeço.
Obrigado Rob, não deixe de escrever e
tornar vidas mais fáceis, quem sabe eu entro nessa parada e começo a escrever
também, para quem sabe um dia, ajudar alguém como você me ajudou.
Abs,
Do seu amigo,
R. M. S.
**********
Alguns dias atrás, recebi este e-mail de um leitor.
De um leitor que não conheço, com quem provavelmente nunca conversei. Ao menos, não diretamente.
Eu poderia rabiscar um texto enorme aqui, falando sobre a importância de escrever, a importância de escrever para vocês, sobre como gosto de escrever... Mas não vou. Pois nada do que eu escreva aqui faria justiça ao que senti quando recebi esta mensagem.
Ao invés disso, quero apenas partilhar um diálogo que presenciei anos atrás e que ilustra bem o que estou sentindo.
- Existem milhões de animais abandonados na cidade. Se você adotar um deles, vai fazer alguma diferença?
- Não, não vai.
- Vai. Vai fazer muita diferença. Vai fazer diferença para aquele que você tirou da rua. Para este, vai fazer toda a diferença do mundo.
Porque, sabem... Quando você faz a diferença para uma única pessoa, você faz a diferença para você também.
Eu posso fazer a diferença uma vez ou outra com meus textos. Nem sempre consigo. Mas, como escritor, tenho a obrigação de tentar isso todos os dias.
Agora, vocês, aí do outro lado da tela... Acreditem: vocês fazem a diferença todos os dias. Mais do que vocês imaginam.
Muito obrigado.
Muito obrigado por tudo.
Rob
20 comentários:
Lindo! =) E merecido.
Eu não conseguiria me expressar melhor do que o R. M. S., e depois de ler esse e-mail, acho que ele devia perder o medo de escrever.
Não acha? ;)
Simplesmente perfeito! =)
Bjs!
Seu Robgórdo? Então posso te chamar de pára com isso cachorro?
Uma amiga uma vez me contou que a verdade, por ser normalmente dura e feia, acaba sendo ignorada ou não assimilada. Já se pegarmos essa mesma verdade e colocarmos uma fantasia bonitinha nela, é bem mais fácil dela entrar na nossa cabeça.
Por isso creio que a ficção, as crônicas, romances, fábulas e todo tipo de escrita tem um enorme valor, tão grande como o jornalismo. Sem elas, seríamos muito mais pobres.
Querendo ou não, eu aprendi mais sobre a vida lendo Tolkien do que livros de auto-ajuda.
Parabéns Rob, e parabéns pro Anônimo também. É difícil se abrir, mesmo anonimamente.
grande abraço!
Caramba, Rob.
Chorei de novo. Fala sério.
Vc faz muita diferença viu? O leitor expressou muito bem com seu depoimento pessoal. Obrigadão!
Ai gente que lindo! É o que sinto... me senti na pele do RMS, com uma pequena diferença, ainda não me encontrei...
Rob, como faço para te contactar "em off"? Acho que vc vai querer saber como cheguei até você, encaixa muito bem com o espírito do "Chronicles", eu acho...Abraços.
Pô, que bacana isso aí. Ainda não me encontrei, mas todo o seu trabalho me faz pensar. E se não faz pensar, faz apenas rir, o que já é um grande ganho em certos dias onde nada parece dar certo. Praticamente o Champ é meu porto seguro, onde posso ser eu mesma, a tonta que ri sozinha na frente do computador.
Bem, quero que vc saiba que eu cito seus textos, suas piadas nas conversas assim : - o meu amigo desconhecido disse..... kkkkkkkk! Considero assim mesmo, me reconheço em muitos textos e sempre dou pinta que estou lendo seu blog pq caio na gargalhada aqui no trabalho.
Ah, e cheguei ao seu blog através do Acepipes Escritos, um texto onde ele conta sobre o show que vcs foram aí em São Paulo.
Agora os dois são leitura obrigatória para mim, um refresco para o meu dia-a-dia!
O poder...
(e a responsabilidade)
Fala Rob!!
então cara, uma certa vez eu deixei um comentário aqui no champ a respeito de um texto no chronicles, você até pediu pra que eu entrasse em contato com você, eu entrei e você não respondeu o e-mail!!
abraço!!!!
Hydrachan:
Muito obrigado. E, pela profundidade e sinceridade da carta dele, eu apostaria no fato de que ele já perdeu o medo. Talvez ele mesmo não tenha percebido isso ainda, mas ele já perdeu.
Beijos!
Rob
Adriano:
Eu tenho certeza que isso é uma piada antiga nossa, mas não estou conseguindo me lembrar de jeito nenhum!
Abraços!
Rob
Nelson:
Aqui, deste lado da tela e falando como cronista, uma das coisas mais divertidas em escrever é colocar a minha realidade de forma fantasiosa. Claro que aqui no Champ eu faço isso de forma explícita, mas tem textos no Chronicles (e não são poucos) que são muito mais reais do que as pessoas acham.
Abraços!
Rob
Mary farah:
Eu que agradeço. Pode ter certeza disso.
Beijos!
Rob
Anônimo:
Mas você se encontrará. Pode ter certeza disso.
Rob
Rafael:
Pode mandar um mail para o mesmo endereço - este fica em off. Desculpe a demora em responder o comentário!
Abraços, e mais uma vez obrigado!
Rob
Hally:
Muito obrigado pelas palavras. O mínimo que posso fazer é agradecer, já que, durante um bom tempo, este blog foi meu porto seguro também. Muito obrigado mesmo!
Beijos!
Rob
Giovana:
E o seu amigo desconhecido aqui agradece muito suas palavras. Muito mesmo.
Beijos!
Rob
Varotto:
Exatamente. Especialmente na parte da responsabilidade. :)
Abraços!
Rob
Anônimo:
Já respondi o e-mail, você recebeu?
Abraços!
Rob
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