11 de dezembro de 2011

Altos e Baixos. E Correntes.

Quando eu era criança, me lembro de ter lido uma história do Fantasma. Na verdade, era uma aventura de um dos antepassados do herói (tenho quase certeza de que era o 13º da linhagem, mas posso estar enganado), na qual ele era aprisionado por um grupo de vilões. Escravizado, era obrigado a passar todos os dias dando voltas ao redor de um poço – no qual ele havia sido acorrentado – empurrando um pedaço de madeira.

Nas últimas semanas, minha vida se tornou uma montanha russa, com alguns altos e baixos no que diz respeito à depressão e à “quase síndrome do pânico”.

Vamos falar dos altos, primeiro. Recentemente, conquistei duas vitórias que, mesmo parecendo pequenas, foram bastante importantes para mim. E as duas estão relacionadas ao meu problema com multidões.

A primeira delas foi ter conseguido subir a Teodoro Sampaio da Faria Lima até a minha casa (o que dá cerca de dez quadras) por volta das 17h00min. Já fazia alguns meses que eu não conseguia fazer isso, andando por esta rua somente depois das 21h00min – sempre que eu saio de casa, preciso andar por uma rua mais tranquila. Foi fácil? Não. Mas não foi tão difícil quanto imaginei.

Já a outra conquista foi bem mais difícil. Dia desses, por um erro de cálculo, me vi dentro do metrô Consolação, sozinho, fazendo baldeação com a Linha Amarela bem no meio do horário de pico. Eram pouco mais de 18h00min, e quem já andou por lá neste horário sabe o tormento que é aquilo. Pessoas andando devagar ao seu redor e se espremendo – justamente os dois elementos que eu não consigo lidar, já que começo a me sentir acuado.

Consegui? Consegui, mas foi difícil, passando o trajeto inteiro com o coração disparado, sem conseguir pensar direito, e o suor escorrendo pelo meu rosto. Aliás, talvez eu não estivesse suando, já que quando começo a ter crises de ansiedade, um dos primeiros sintomas que tenho é começar a passar a mão no rosto, repetidamente, como se eu estivesse enxugando o suor, mas sem suar uma gota. Então, não sei ao certo se eu estava suando ou não.

E, apesar de ter conseguido, confesso aqui que o mérito não foi totalmente meu: em duas ou três ocasiões, eu desisti e quis voltar para a rua, mas já estava tão enfiado no meio da multidão que isso era impossível, e tudo o que eu podia fazer era continuar andando, sempre pelos cantos e evitando as outras pessoas. E, em determinados momentos, tudo o que eu podia fazer era olhar para o chão e tentar ignorar o que acontecia ao meu redor, para não correr o risco de ter uma crise de ansiedade a ponto de desmaiar – em alguns momentos, realmente achei que isso fosse acontecer.

Não pretendo repetir isso tão cedo, já que demorei horas para me recuperar da experiência, mas consegui.

E agora acabei de ficar um pouco surpreso ao perceber que uma simples baldeação no metrô se tornou assunto para três parágrafos da minha vida. Imediatamente, minha vontade é parar de escrever e ir para um canto pensar sobre isso, mas vou continuar escrevendo.

E esta vontade tem a ver com os baixos da montanha russa. E eu até digo aqui algumas das coisas que eu questionaria, como o fato de que alguns meses atrás esta pequena “aventura” certamente renderia um enorme (e engraçado) post no blog, que eu teria escrito em menos de meia hora, enquanto hoje ela vira três parágrafos sérios, escritos com certa dificuldade. Questionaria se em algum momento do passado eu poderia ter visto que isso aconteceria comigo e encontrado uma forma de impedir; se isso está acontecendo comigo por algum motivo que possa ser além da minha compreensão ou não; e se eu fiz por merecer isso ou se o destino (ou algum deus) apenas me viu na rua, apontou o dedo para mim ao acaso e disse “aquele ali”.

São perguntas sem respostas. Mas os baixos da minha montanha russa são formados por questionamentos dos mais diversos tipos. E o “baixo” foi oficializado dias atrás, em uma simples frase da psiquiatra:

- Você perdeu muito do que havia recuperado.

Porque, sim, eu estava melhor. Ainda precisava lidar com muita coisa, mas estava melhor. Ou, ao menos, me sentia melhor. E, de um tempo para cá, este “muita coisa” voltou a parecer maior que eu em todos os sentidos. E sabe o que é horrível? No momento em que o “muita coisa” se torna maior que você, fica claro que isso acontece somente por culpa sua, e isso faz o “muita coisa” ficar maior ainda. É um ciclo. E você não consegue romper, pois nunca fica claro onde ele começa nem onde termina.

A única coisa certa, nestes momentos, é que você fica preso e girando ao redor dele, dia após dia, feito o Fantasma ao redor do poço. E se questionando se você foi incompetente demais para ser aprisionado – o que faz você colocar muito do que sabe sobre você mesmo em xeque –, ou se simplesmente seus vilões são mais poderosos que você, o que mostra limitações que você nunca sequer pensou em ter.

E tudo o que você pode fazer, nestas horas, é empurrar o pedaço de madeira ao redor do poço, pois qualquer tentativa de escapar vai fazer a corrente estrangular você.

Mas ao menos eu sei quais foram os motivos da queda. Os principais são químicos. Em primeiro lugar, fiquei alguns dias sem o Donaren, meu remédio para dormir. Ele acabou e, quando fui ver, estava sem mais receitas. Ou seja, minhas noites bem dormidas voltaram a ser palco de sono agitado e pesadelos.

Novamente, se tornou comum a Ana acordar durante a noite e me ver sentado na cama, nem dormindo nem acordado, sabe-se lá há quantos minutos. Com isso, comecei novamente a acordar mais cansado do que quando fui dormir – em alguns dias, acordava completamente exausto e fragilizado por causa dos pesadelos – o que simplesmente destruía minha resistência emocional.

Junte a isso o fato de que substituí o Lexapro (que faz o papel de antidepressivo, apesar do Donaren também ter este efeito) pelo seu correspondente genérico. Afinal, estamos falando de um remédio cujo preço pode chegar a três dígitos. Não deu certo. Descobri depois que os remédios genéricos podem, por lei, ter uma dosagem 25% maior ou menor que o original. Como jamais ela será maior (por questão de economia do fabricante), ao invés de tomar um comprimido de 10mg, eu tomava um de 7,5g, sem saber disso.

Além dos remédios, existiram outros fatores que seriam pequenos em qualquer outra fase da minha vida, mas que, neste momento, funcionam como gatilhos. Coisas aparentemente comuns, como uma bobagem que a minha gerente do banco fez sem me consultar e diversas outras pequenas frustações comuns ao cotidiano de qualquer pessoa, mas, que no meu caso, se tornam um estresse com o qual não consigo lidar.

Ou seja, em poucos dias, toda a minha resistência foi por água abaixo. E aí os sintomas começaram a aparecer novamente, como ausência de apetite e de ânimo; e o frio, que é quase uma constante, com exceção das noites em que acordo encharcado de suor por causa dos pesadelos.

E os questionamentos começam a se tornar tão grandes que, em determinados momentos, você se questiona até mesmo o fato de estar se questionando. E tudo contribui para que você se torne pior.

E, um dia desses, eu me vi sentado no chão da cozinha, sabe-se lá por quanto tempo, sem saber ao certo o que fazer, sem conseguir pensar, sem conseguir entender nada, com aquele vazio no peito que não é exatamente uma vontade de chorar – e às vezes o cérebro manda você chorar um pouco para ver se as coisas melhoram. É mais uma vontade de dormir, de parar de pensar, de tentar manter sua mente em paz por algumas horas. Mas sempre com aquela maldita certeza de que, no momento em que você acordar, tudo irá começar novamente.

Aí você fica com medo de ser assim para sempre e você começa a se questionar novamente se você fez algo para merecer isso; se você é vítima ou vilão, uma pessoa boa ou ruim – como se fosse impossível você ser apenas uma “pessoa”, com erros e acertos; e se você precisa se perdoar ou se precisa ser punido – ambos por coisas que nem sabe ao certo.

E nunca há uma resposta. Há sempre mais dúvidas.

Colocando o que eu disse acima de outra forma, é basicamente o seguinte: você se questiona o tempo inteiro, e nos momentos em que você desiste de conseguir uma resposta para os seus questionamentos, você começa a se questionar porque precisa se questionar tanto. Então, você acha que se encontrar uma resposta para suas primeiras questões tudo vai se resolver, até o momento em que você desiste novamente, e passa a questionar seu comportamento de novo.

Logo, tudo vira uma bola de neve tão grande que pode te engolir a qualquer minuto.

Sinceramente? Eu não desejo isso para ninguém. De verdade. Nunca tive o hábito – e a isso eu agradeço meus pais, todos os dias – de desejar o mal para os outros, mas isso, especificamente, é algo que eu realmente gostaria pelo qual ninguém passasse. Porque é horrível, cara. É destruidor.

Mas agora é hora de voltar a passos pequenos, com os novos remédios. Já faz dois dias que estou tomando o Donaren novamente, o que tem me feito dormir muito melhor. Mas ainda me sinto muito cansado, emocionalmente falando, já que eu mal dormi nos últimos dias.

E, a partir de agora, ficarei três semanas tomando novamente o Lexapro 10mg, antes de subir para o 15mg – como teoricamente eu estava tomando um comprimido de 7,5g, não posso dobrar a dosagem sem um período de adaptação. Sinto um pouco de medo em aumentar a dosagem – ou um estranhamento, digamos; o mesmo que senti ao saber que fazer uma baldeação no metrô se tornou uma conquista na minha vida – mas é assim que as coisas são agora.

A única coisa que preciso ter em mente é que a depressão existe por minha causa, e não o contrário. Ou seja, eu sou maior que ela. E, nas vezes em que isso parece não ser verdade, preciso me impor a acreditar nisso, por mais difícil que seja, e mesmo sabendo que eu não vou conseguir isso todos os dias, especialmente nos próximos.

Em tempo: com o passar dos meses, o antepassado do Fantasma percebeu que, conforme ele empurrava a madeira, era sempre o mesmo elo da corrente que raspava na borda do poço, sendo desgastado cada vez mais. Assim, depois de muito tempo, ele tinha um motivo para empurrar a madeira: enfraquecer a corrente a ponto de conseguir arrebentá-la para escapar.

E, com o tempo, ele escapou de seu cativeiro. Foi uma das histórias em quadrinhos mais bonitas que eu li.

É exatamente o que eu preciso fazer agora.

40 comentários:

Renata de Toledo disse...

Oi, Rob,
sinto não poder te dar uma palavra positiva hoje, porque acho que estou tão mal quanto você. Entendi muito bem que uma coisa pequena pode virar uma tragédia a qualquer momento, e que a gente fica assim sem saber se precisa pedir desculpas por algo que não sabe se fez. Pelo menos, você tem a Ana, a sua família. Eu descubro a cada dia que só tenho o Floco Henrique, minha versão do Besta Fera.Fique bem, cara.

Rob Gordon disse...

Renata:

Sinto muito por você estar assim hoje. O único conselho que eu posso dar é que, se você não sabe se precisa pedir desculpa por algo que não sabe se fez, tente ouvir seu coração a respeito, ele costuma não se enganar com certas coisas. E claro que muitas vezes pedir desculpas numa ocasião destas pode remediar uma situação, mas há sempre o risco de isso virar um vício. E lembre-se que você tem o seu Besta-Fera... Ou seja, sozinha você não está.

Torço, de verdade, para que isto que você está sentindo agora passe logo. E muito obrigado por comentar de forma tão sincera neste post. Muito obrigado mesmo, por isso.

Beijos

Rob

Natalia Máximo disse...

Esses dias, estava me perguntando - e torcendo também - como você estava, porque senti que o tom dos posts aqui tinha mudado para melhor e fiquei muito feliz com isso.
Imagino que não seja fácil mesmo, principalmente com tantas reviravoltas, mas tenho certeza que você vai superar isso. Nunca duvidei que você é maior que a depressão, a síndrome do pânico ou qualquer doença que exista nesse mundo. Digo e repito: se precisar, eu estou aqui. E tem muita gente boa ao seu redor, torcendo por você e sempre mandando energias positivas, nunca se esqueça disso, ok?

Varotto disse...

Bela metáfora essa do poço.

Pena que para descrever uma situação tão desagradável e real.

Enfim, continue empurrando que um dia arrebenta...

Karina disse...

Força, cara. Trabalhe todo esse sentimento de culpa. Racionalmente você sabe que não tem culpa nem pela sua doença, nem por qualquer coisa.

Michele disse...

Rob, força.

isso não é sua culpa, é culpa dos remédios. e parabéns pela conquista! eu mesma evito pegar a consolação naquele estado por me sentir sufocada. parabéns MESMO pela conquista. não deixe com que elas se diminuam dentro de vc. =)

Maguina disse...

Sei como é isso! Uma vez eu fiquei presa no trem lotado, tentando descer no Brás. Fiquei tão desesperada que soquei todo mundo, até conseguir descer! Sai com o coração disparado!
O que é mais engraçado é que vou em shows numa boa. Deve ser pq é algo que gosto mto de fazer!
Mas, sei exatamente como vc se sente. Coisas q eram tão simples se tornam um suplício!
Ainda bem que eu tb tenho a "Ana" versão masculina! hahaha

Beijos!

Nelson disse...

Dar uma piorada de vez em quando faz parte, Rob. "Um passo por vez", mas as vezes por algum motivo besta a gente tropeça... e é assim com todo mundo, o tempo todo.
A cada vez que você cair e se levantar de novo, vai levantar mais forte. Isso funciona desde a época que seus pais te ensinaram a andar. Com a depressão, os tombos parecem ser maiores, mas em compensação a gente fica mais forte com o esforço de se levantar dessa altura toda.

Depressão é uma merda, e ninguém tem culpa de você ter isso. Nem você, nem seus pais, nem seu cachorro, nem sua síndica malvada ou algum professor da faculdade. Tentar achar o motivo ou algo que tenha disparado a depressão, na minha visão, é o menor dos problemas, e não resolve muita coisa. Como qualquer doença, ela simplesmente aparece, fode com tudo e precisa ser tratada pra ir embora. Simples assim, hehe.

Desculpa pelo sumiço, Rob. As coisas andam corridas por aqui (hoje fiz um mês de casado!), e tem faltado energia no final do dia pra sentar aqui no pc e dizer alguma coisa decente.

Se cuide, meu amigo. E qualquer coisa, manda e-mail, que eu olho todo dia.

grande abraço

Unknown disse...

Rob, não te conheço pessoalmente mas, como vários dos seus leitores e fãs, tenho por você o carinho que tenho pelos meus amigos. Torço de verdade para que você consiga sentir este carinho de todos nós e que ele te ajude a sair dessa. A gente dificilmente vai conseguir fazer você rir -- como seus textos nos fazem rir tantas vezes --, mas tomara que se saber querido por quem nem te conhece ao vivo traga ao menos um sorriso para o seu rosto.
Boa sorte, e força!
Adriana

Insurance USA disse...

Opa, seu Rob... Já dizia aquela música da Legião: disciplina é liberdade. Vc está certíssimo quanto ao tamanho da sua depressão e mais certo ainda em buscar crer nisso mesmo quando não parecer verdade.

Não somos os nossos problemas. Eles que correm atrás de nós porque são os maiores interessados em existirem. E eles dependem da gente pra isso. A lição que você deixa nesse texto é muito importante.

A vida é feita de pequenas vitórias que nos fazem maiores a cada meta que alcançamos. Não subestime suas vitórias. Elas são tão épicas quanto a fuga do Fantasma. O mais bacana do teu texto é ver que mesmo com um tom melancólico, tem uma certeza inabalável aí que você vai passar dessa. Pode ser que você não tenha notado isso, mas seu texto não mente. ;-)

Boa sorte aí, rapaz. Não costumo comentar, mas curto muito seus textos e suas idéias. Precisava te desejar bons fluidos daqui.

Arthurius Maximus disse...

Você, como sempre fantástico, até para falar de tristeza consegue encantar. Um abraço, camarada!

Gilmar Gomes disse...

Cara, O Bungm... Ops, não era isso. Rob, há alguns anos atrás (uns 10 por aí) eu achava que depressão era doença de rico ou pura bobagem. Em um determinado momento eu passei pela dita dita doença de rico (sem estar rico, saco...) e foi foda. Mas de uma coisa eu sei, passei noites em claro, emagreci (infelizmente recuperei o peso com juros depois), não dava vontade ler, de escrever, de trabalhar, de sair, ou de ficar em casa. Era algo como " se correr o bicho pega e se ficar o bicho come". Mas, como disse meu pai, venci essa porcaria na pura "ignorência". Sério! Sei que cada um tem um nível, então ´claro que o que funcionou pra mim pode não funcionar com qualquer outra pessoa. Naquele tempo perdi o emprego, esposa, e obvimante a razão de viver. Tudo que eu lia me deixava triste, tudo que eu fazia parecia inutil e todo mundo parecia me odiar... Radialista já tem autoestima baixa, então imagine, né? Um dia, depois de ter ido apenas uma vez na psicóloga e ela ter dito o que qualquer palestrante de autoajuda diria, eu resolvi enfrentar meu medos e perigos. Fui atrás de minha ex, levei outro fora e desisti. Foi bom. Encontrei outra pessoa, outro emprego, e outras razões para viver. Hoje em dia sei consegui vencer tudo aquilo com ajuda das pessoas ao meu redor, amigos, uma parte da familia, mas com certeza, com a minha própria ajuda. E quando eu disse que venci na ignorância, quero dizer que acabei não indo ao médico. Passava noite em claro e nunca comprei (até por ser caro) um antidepressivo. Sério. Nunca tomei remédio pra dormir ou pra me sentir melhor. Mas assim, torço pra que você melhore logo, e é claro, torço pra que você vença essa doença, pois voc~e é foda e é óbvio que vc vai sair dessa... De novo, nem que seja degrau por degrau... Força!!!

Gilmar Gomes disse...

ah sim, e como eu disse que uma coisa não tem nada a ver com a outra... a minha cidade tem menos gente que sua rua, lembra?

Rob Gordon disse...

Natalia:

Realmente, o tom dos posts mudou. Mas foi algo mais consciente, quase uma tentativa de voltar aos bons tempos - não apenas de blog, mas, principalmente, de "Rob Gordon". E eu consegui. Foi outra vitória que eu não quis falar no post, para deixar para outro dia, mas consegui. Mas, assim, a exaustão que eu senti depois destes posts (tipo o do "tcherê") foi absurda, me senti como se tivesse passado a noite inteira escrevendo.

E quanto a eu ter boas pessoas do meu lado e torcendo por mim... Eu não esqueço nunca disso. Faz uma diferença enorme!

Beijos e muito obrigado!

Rob

Rob Gordon disse...

Varotto:

A analogia saiu de um dos questionamentos. E vai arrebentar, sim.

Valeu, cara!

Abraços!

Rob

Rob Gordon disse...

Karina:

Eu sei disso. O problema é que às vezes o racional algo distante, sabe? Aí é preciso muito autocontrole para não se entregar para o emocional, e, sem os remédios, fica muito difícil. Mas, agora, as coisas vão se ajeitar novamente.

Muito obrigado pela mensagem!

Beijos

Rob

Rob Gordon disse...

Michele:

Eu sempre me senti sufocado naquele lugar na hora do rush, mas, desta vez, a coisa é pior. Me sinto como se algo dentro de mim estivesse implodindo, e começo a entrar em pânico. Mas é um medo de algo que você nem sabe ao certo o que seja. Mas, sim, isso torna a vitória ainda mais importante. Muito obrigado, mesmo!

Beijos

Rob

Rob Gordon disse...

Maguina:

Sabe, eu também fui a shows sem problema algum. No caso do Faith No More (SWU), a coisa foi "pior" ainda, já que peguei grade. Mas, por outro lado, talvez tenha sido tranquilo para mim pois entre eu e o palco havia um enorme espaço aberto, sem ninguém, então estar ali não me incomodava. Mas, na saída, andando no meio da multidão, a coisa apertou novamente. Uma coisa que me incomoda muito, hoje em dia, é andar pela rua com alguém andando na minha frente (no mesmo sentido que eu). Eu não consigo lidar, começo a me sentir sufocado, acuado e preciso passar pela pessoa (às vezes vou direto para a rua, para o meio dos carros) ou paro num canto e espero a pessoa se afastar. Mas, com o tempo, isso deve melhorar também.

Beijos e obrigado pelo comentário!

Rob

Rob Gordon disse...

Nelson:

Sem os remédios ao lado, é difícil demais de lidar com o sentimento de culpa, que envolve muita coisa - basicamente, para onde você olha existe um erro seu. Agora, com os remédios de volta ao jogo, tudo começa a ficar um pouco mais claro, e você percebe que a maior parte das coisas não é culpa sua. Com o tempo, as coisas vão se juntando e formando um pouco mais de sentido. Mas aprendi a lição: não posso de forma alguma ficar sem os remédios "originais", nem sem as receitas, mesmo que sejam somente por poucos dias.

Parabéns pelo mês de casado! Mande beijos à esposa, e muito obrigado pela visita em um dia tão especial!

Abraços

Rob

Rob Gordon disse...

Unknown:

Adriana, só tenho que agradecer você por este carinho. Realmente, muita gente ficou do meu lado, mas ter a torcida de gente que nunca vi é um ganho enorme, e faz você se sentir uma pessoa maravilhosa. Muito obrigado, de coração, pelo presente lindo.

Beijos!

Rob

Rob Gordon disse...

Tiago:

Muito obrigado a você também pelo presente. O texto - assim como todos os outros que escrevi a respeito do assunto, funcionam como um desabafo e uma forma de eu organizar, comigo mesmo, o que está acontecendo. Além disso, eles marcam pontos finais em fases mais difíceis - basicamente, é o momento em que entendo o que aconteceu depois de dias com o cérebro nublado e começo a me levantar.

Mas, no momento em que você afirmou ter visto uma lição no meu texto, ele se torna ainda mais importante, somente por este motivo. Muito obrigado, de verdade!

Abraços

Rob

Rob Gordon disse...

Arturius:

Bom ter você de volta por estas bandas! Obrigado pelos elogios - vindo de você, significam muito, sempre!

Abraços!

Rob

Rob Gordon disse...

Gomex:

Reli seu comentário umas três vezes antes de começar a responder. puta lição de vida. Puta exemplo. Me inspirou muita coisa aqui, não por tomar ou não remédios, mas pela forma de encarar tudo o que aconteceu comigo este ano, e tudo o que está acontecendo agora. Sempre que vierem conversar comigo sobre depressão - desde que tornei público o que estou passando, tenho recebido muitos e-mails de gente que está passando pela mesma coisa, e procuro sempre ajudar da melhor forma possível (dentre todas ao meu alcance, já que não sou médico), vou pedir para que leiam este seu comentário.

Uma lição de vida, de verdade. Muito obrigado por me ensinar com ela!

Abraços!

Rob

Alan disse...

Voce mesmo disse "que é maior que ela"... rs. E vai vencer.

Pode até ter momentos ruins durante a luta(sábado eu vi um lutador profissional errar e ter um braço ferrado, imagine a gente que somos "lutadores" amadaores) mas vai vencer porque como mesmo disse "é maior do que tudo isso".

Abs!

Alan disse...

Ah, e se precisar. Tuiter ou e-mail, sinta-se a vontade. Qualquer coisa "tamo" aí.

Rob Gordon disse...

Alan (FFC):

Tem razão. Momentos ruins, na luta, todos temos. O que importa não é somente saber cair - sem ferrar o braço - mas sim cair sabendo se levantar. Obrigado pela mensagem e pelo apoio, de verdade!

Abraços!

Rob

Elise disse...

Rob, só o que posso dizer é pra você ir sempre em frente. Esse post mostrou que você tem força suficiente pra fazer a "escalada" - mesmo que depois precise parar por algum tempo pra respirar, o importante é que você conseguiu seguir mesmo quando estava difícil. E isso é muito.
E como disse o Alan aí em cima, "tamo" aí, ok? =)

Mari Hauer disse...

Eu fiquei bem triste lendo esse texto mas eu sei exatamente como é isso... Eu tenho tendências depressivas e me enfio na concha quando não estou muito bem... E sei que o que vc descreveu é muito mais do que se enfiar numa concha.

É difícil arriscar um conselho, porque quando eu estava na situação que vc está agora - se é que não estou de novo! - é difícil escutar qualquer coisa e a gente sempre arruma desculpa pra não escutar. Porque é difícil aceitar que as pessoas realmente entendam o que realmente se passa. Geralmente, quem está próximo, aceita, porque nos ama e nos apoia... Mas vou arriscar um conselho mesmo assim! E foi algo que me ajudou de certa forma. É meio sistemático e anti-natural, mas até que funcionou comigo.

Quando eu estava tomando remédio, eu fingia que aquilo bastava. Explico: eu acordava todo dia e repetia "já que estou tomando remédio, eu tenho que ficar bem e ter uma vida normal. Depressão não existe mais". Aí eu fazia uma listinha das coisas mais banais e me forçava a sair, a fazer pelo menos 1 coisa que era banal pras pessoas e difícil para mim. Eu não me forçava muito, e respeitava meus limites. Mas chegou uma hora que eu só lembrava que não estava bem quando era a hora de eu tomar o remédio. É um pouco de auto-engano, um pouco de jogo do contente... Mas comecei a prestar mais atenção também nos problemas das outras pessoas, tentava conversar com elas sobre os problemas delas... Comecei até a procurar o problema dos outros porque, pensando nos outros, eu acabava pensando e elaborando mais o que acontecia comigo mesma... Aí tinha dias que eu me sentia muito culpada por estar mal, por não conseguir me sentir bem. Mas a culpa foi passando - mesmo que ela volte as vezes com tudo e eu tenha uma necessidade absurda de me auto-punir. Mas nessas eu aprendi que a vida é assim: com altos e baixos. E vai ser sempre. A gente sabe quando uma depressão se foi quando percebemos que conseguimos encarar um dia de merda como ele foi: um dia de merda. E saber que não vai ser assim sempre.

Então, comece a exagerar nas reações dos seus dias bons, nas coisas gostosas que vc faz. Desde tomar um sorvete fora com a Ana, marcar uma viagem. Grite ao mundo como aquilo foi bom! Porque vc tbm vai se convencer disso quando tentar convencer o mundo! E nos dias de merda, nos dias de baldeação entre a linha verde e amarela (eu passo por isso todo dia, 2 vezes por dia, olha só!) encare assim como ele é! E pensei: GRAZADEUS, ACABOUUUU! Quando esse momento acabar! Porque quando estamos depressivos, aprendemos a valorizar o agora. E isso a gente leva pra sempre!

Então aproveite cada gota dos momentos bons, esprema até o ultimo segundo! E deixe passar os ruins... Continue respirando fundo e esperando a multidão passar, o sufoco aliviar, porque isso sempre passa. E se permita também... Sempre e cada vez mais. Chorar, gritar, acordar no meio da noite. Porque é banalizando um pouco disso tudo - se forçando as vezes a acreditar nisso! - é que se torna banal. E a vida segue, mais leve. Como nunca deveria ter deixado de ser. Tente voltar e pensar de dentro dos seus posts engraçados quando a taquicardia passar e comece a rir dessa merda de doença que, às vezes, perdemos o controle! Mesmo que vc retome o controle dps do momento ter passado, devagarinho, vc vai estar lá no meio e rindo antes.

Desculpa se o comentário ficou muito grande ou confuso! Mas espero ter ajudado! E espero que os próximos dias sejam mais leves, que os altos sejam mais altos e que os baixos passem rápido!

Um beijo grande com saudades...

Renata de Toledo disse...

querido Rob,

venho aqui como quem vai visitar a casa de um amigo, me refugio nas suas palavras. Acompanho a sua vida com interesse e carinho, e às vezes sinto que preciso te contar um pouco da minha. Muito bom saber que tenho um amigo como você. Ah, e eu estou melhor hoje, muito obrigada por seu incentivo! Espero poder retribuir sempre.
Beijo!

Dedé disse...

Eu nao sei mto o que falar, mas senti que precisava falar alguma coisa... entao o que quero falar eh: espero de verdade que vc fique bem, que os remedios te ajudem a se sentir vc novamente, que vc fique com a mente tranquila e o coracao em paz :)
Parabens pelo progresso - mesmo que tenha dados uns passos para tras, vc ja chegou mais a frente e sabe que consegue! Isso eh importante! :)
Beijos!

Silvia disse...

Força aí, Rob. A corrente há de arrebentar.

Rob Gordon disse...

Elise:

Concordo com você, e estou encarando estas "pequenas" vitórias como provas de que eu consigo ir em frente, me tornando cada vez maior e diminuindo cada vez mais as crises, tanto em intensidade como em frequência. O problema é que desta vez não foi somente uma pausa para respirar, mas sim um período sem ar. Mas agora tudo está voltando ao normal, e posso continuar com a caminhada mais uma vez. Muito obrigado mesmo pela mensagem!

Beijos!

Rob

Rob Gordon disse...

Mari Hauer:

Assim como aconteceu com o comentário do Gomex, precisei ler diversas vezes até absorver tudo. Algumas coisas que você disse fazem muito sentido, especialmente a questão de colocar os "dias de merda" como somente isso mesmo, e saber que não será assim para sempre. Outros leitores e amigos já falaram isso para mim, até mesmo em comentários de outros posts. Sabe, tem uma frase de um filme do Indiana Jones (A Última Cruzada) que eu tenho pensado muito: "você perdeu hoje, garoto, mas isso não significa que você precise gostar disso".

E, sim, tenho me esforçado para fazer isso que você também disse, de aproveitar os bons momentos, por menores que sejam, até a última gota. E neste ponto os remédios ajudam bastante - talvez porque eu respeite meus limites o tempo todo, sem me forçar; ou ao menos, sem me forçar muito - já que de uns dois dias para cá (na verdade, desde ontem, dia seguinte ao da postagem deste texto) tenho conseguido fazer isso com mais frequência.

Mas os remédios têm feito muita diferença sim. Sabe... Algo que eu percebi nesta recaída mas estou entendendo somente agora, enquanto respondo seu comentário, é que eles são a fronteira entre passado e presente. Mais ou menos assim: nas recaídas, eu me torno algo nublado, quase embaçado, e o que vivi antes da doença ser diagnosticada (mas já doente) se torna cristalino; contudo, conforme eu vou melhorando, este passado se torna embaçado e eu me torno mais transparente, consigo me entender melhor.

Mas, de tudo o que você disse, o que mais me doeu - e não por ser difícil admitir que as pessoas possam me entender melhor do que eu mesmo, mas sim por lembranças - é a parte sobre a necessidade de se auto-punir. Passei muito por isso, especialmente nos dias que antecederam a primeira consulta com a psiquiatra.

Mas, com o tempo, isso vai passar também. Esta necessidade vai passar, e sobrarão os bons momentos e alguns dias de merda que serão apenas isso mesmo: "dias de merda". Afinal, usando uma frase de outro filme (Os Bons Companheiros), "todo mundo leva uma surra de vez em quando".

O segredo é saber que não é porque você apanhou hoje que precisará apanhar amanhã também.

E, para finalizar, um grande obrigado pelo seu comentário. Obrigado mesmo, pelas palavras.

Beijos!

Rob

PS - Recebi seu mail, e vou responder com calma, ok?

Rob Gordon disse...

Renata de Toledo:

A honra em ser chamado de "amigo" é toda minha, acredite. E fico feliz, de verdade, por você estar melhor hoje. Espero que continue assim por bastante tempo, e melhorando cada dia mais!

Muito obrigado pelas palavras e pelo carinho com que você descreveu o blog e meus textos!

Beijos

Rob

Rob Gordon disse...

Dedé:

"Mesmo que tenha dado uns passos para trás, você já chegou mais a frente e sabe que consegue!". Isso resume tudo. Obrigado por colocar tudo o que preciso sentir e saber de uma forma tão simples ("simples" no melhor sentido possível). Obrigado, de verdade!

Beijos

Rob

Rob Gordon disse...

Silvia:

Há de arrebentar sim. Basta dar tempo e continuar empurrando a madeira. Obrigado pelo apoio!

Beijos

Rob

Kel Sodré disse...

Li este post quando ele ainda tinha zero comentários. Mas a verdade foi que senti uma pontinha de culpa e não soube o que dizer. Preferi voltar depois com as ideias mais claras.

A ponta de culpa veio do fato de ter, durante dias e dias, me proposto mandar um e-mail pra você, só perguntando como você estava. Porque, sim, eu notei que o tom dos textos aqui do Champ havia mudado e que indicava uma melhora, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Porém, por negligência pura (tenho esse defeito de ser relapsa que eu TENHO que corrigir!), acabei não mandando. Passou um dia e eu pensei "amanhã, sem falta", passou outro, e mais outro até o dia que acabei vendo este post e pensando "Raquel, você é uma mula". Senti que deveria ter me feito mais presente e não me fiz, sem motivo nenhum para não tê-lo feito. Não tem ideia de como isso me incomoda!

De toda forma, ainda gostaria de dizer que estou do seu lado, que estou dedicando parte das minhas energias para torcer pra você superar esse obstáculo e para que o tempo da melhora perene chegue logo. Também quero lembrar que, ainda que em alguns momentos você tenha suas dúvidas, aqui tem uma pessoa que confia em você de olhos fechados. Que tem certeza da sua força, do seu poder de recuperação e que sabe que você voltar a ser o Rob que eu conheci quatro anos atrás é uma questão de tempo.

Um abraço, que vale como um pedido de desculpas pela minha negligência.

Rob Gordon disse...

Kel:

Antes de mais nada, não há porque se desculpar. Eu também tenho esse problema, e ele tem aumentado ainda mais com tudo o que estou passando.

Quanto ao que você disse, realmente o tom dos textos mudou. Sou eu tentando me "reencontrar", mas ainda é um processo - como eu disse, ao terminar o texto do Tcherê, que seria algo que eu faria de olhos fechados tempos atrás, senti uma exaustão mental como se eu tivesse passado horas escrevendo. Mas, com o tempo, isso deve melhorar. Deve ser apenas uma questão de hábito, creio.

E, quanto a você estar aí, na torcida, não precisa se preocupar. Eu sempre soube disso, e não há um minuto em que eu duvide disso ser verdade.

Assim, você não foi negligente, em momento algum. E, por isso, eu lhe agradeço. Muito.

Beijos

Rob

Luana Amaral disse...

Gostei do post...bjinhos ;)

Rob Gordon disse...

Luana:

Obrigado!

Beijos

Rob