"Woe to you, Oh
Earth and Sea,
for the Devil sends
the beast with wrath,
because he knows the
time is short...
Let him who hath
understanding reckon
the number of the
beast for it is a human number,
it's number is Six
hundred and sixty six”
Pessoalmente, sou totalmente a favor da adoção de animais.
Cães e gatos não são exatamente adeptos do controle de natalidade ou do
planejamento familiar, então o que não faltam são filhotes andando por aí.
Basta ir a qualquer centro de adoções para encontrar animais dos diversos
tipos, tamanhos, cores e portes. Impossível passear num lugar destes e não
encontrar um bichinho que o conquiste logo de cara. E, o que é melhor: todos
vacinados, castrados e vermifugados.
Na verdade, o único problema de adotar um animal é que você não sabe ao
certo qual sua origem. Claro, é bem provável que ele veio da rua, mas e se este
não for o caso? E se o cachorro ou gato em questão for dono de uma história um
pouco mais intricada, que irá se refletir em seu comportamento, sem que seus futuros
donos tenham conhecimento disso?
Em outras palavras: e se a pessoa estiver disposta a amar e cuidar de um
animalzinho, sem sequer desconfiar que, na verdade, está levando um monstro
para dentro da sua própria casa?
Bem, alguns meses atrás, eu e a Esposa adotamos um gatinho.
Lindo, pelagem tigrada., saudável, olhos espertos. Estávamos tão
encantados com o bichinho que nem demos atenção quando a mulher do centro de
adoção se despediu dele ajoelhando ao seu lado e sussurrando:
- Arrumamos um lar para você, Mestre.
Nos primeiros dias, tudo parecia perfeito. O gatinho era carinhoso e
brincalhão. Explorava a casa e brincava o tempo inteiro com todos, incluindo
com os outros gatos.
Até que algumas coisas estranhas começaram a acontecer.
Tudo começou numa madrugada de sexta-feira.
Eu estava dormindo e subitamente, acordei sem ar.
O gato estava deitado sobre meu rosto, me encarando com olhos vermelhos
e emitindo um som que parecia uma espécie de canto em uma língua que não faço
ideia de qual seja. Assustado, tentei afastá-lo, mas suas garras se cravaram na
minha pele e ele ficou grudado em mim, feito um bebê-alien. Provavelmente, se
cortassem uma de suas patas, começaria a jorrar ácido pelo quarto inteiro.
Comecei a me debater, o que fez com que a Esposa acordasse. Subitamente,
eu estava livre. Não havia mais sinal do gato na cama. Olhei ao redor e nem mesmo
no quarto ele estava.
A Esposa me convenceu de que eu deveria ter sonhado com tudo aquilo e
voltei a dormir, ignorando o cheiro de enxofre que se espalhava pelo quarto.
No dia seguinte, acordei curioso a respeito dos olhos do gato. Fui olhar
o animal de perto e seus olhos estavam normais. Entretanto, desta vez eu
constatei outra coisa, algo que eu não havia reparado até então: riscos pretos
em sua testa, que formavam uma espécie símbolo.
Como se fosse uma marca. Ou um sinal.
Mais tarde, estava sozinho em casa e fui até a cozinha comer algo.
Estava preparando um sanduíche quando comecei a ouvir um som estranho.
- ... estraçalhar seu corpo...
Não era uma voz comum. Era grossa e rouca a ponto de parecer arranhar a
cozinha inteira. E parecia vir de trás do fogão.
- ... consumir sua alma...
Fui checar atrás do fogão e nada. A voz continuou, vindo desta vez de
cima do armário.
- ... carbonizada e apodrecida...
Olhei para o armário, não havia nada ali. A voz mudou de lugar
novamente, vindo desta vez da mesa.
- ... os nove círculos do Inferno...
Olhei para a mesa e lá estava o gato. Sentado ao lado do meu sanduíche, me
encarando fixamente com seus olhos novamente vermelhos.
Foi quando eu percebi que os riscos em sua testa formavam um sinal: uma
letra M.
M de “Maldade”. M de “Maldição”. M de “Morte”. M de “Meu Deus, esse gato vai me matar”.
M de “Maldade”. M de “Maldição”. M de “Morte”. M de “Meu Deus, esse gato vai me matar”.
M de "Mefisto".
O gato pulou na minha direção e cravou as garras na minha perna. Chacoalhei
o corpo e consegui me libertar, jogando o gato para longe e gritando um
palavrão. Corri na direção do quarto, com o gato em meu encalço, tentando arranhar
meus tornozelos e berrando frases como “faça as pazes com seus deuses,
homenzinho!” e “você atravessará séculos de dor”!
Felizmente, consegui entrar no quarto e fechar a porta. Passei cerca de
meia hora ouvindo a criatura resmungando e arranhando a porta. Em alguns
momentos, a maçaneta se mexia. Pelo que entendi, ele pulava e tentava puxar a
maçaneta para abrir a porta e teria conseguido, se ela não estivesse trancada com
a chave.
Depois, silêncio. Por horas.
Saí de lá apenas quando a Esposa chegou, com um crucifixo nas mãos. Ela
estava sentada no sofá com o gatinho no colo. A criatura ronronava, ignorando a
minha presença.
- Cuidado com esse bicho!
- Oi?
- Larga esse bicho! Não é um gato, é um demônio!
A Esposa sorriu e fez carinho na cabeça do bicho, falando baixinho com
ele.
- Você é um demônio? Você aprontou muito?
O gatinho respondeu apenas “miau” e começou a ronronar mais alto.
Maldito. Ainda sem me aproximar do Gato das Trevas, eu continuei.
- Essa bicho infernal disse que vai comer a minha alma! Falou que vai
queimar minha alma e se alimentar dela!
A Esposa me olhou por alguns instantes, mas logo esqueceu o que eu havia
falado quando o gato soltou outro miado fininho e carente. Provavelmente, algum
feitiço. Mas, assim que ela se distraiu, ele me encarou. Seus olhos ficaram
vermelhos e ameaçadores novamente, por uma fração de segundos, antes de
voltarem ao normal.
Entendi o aviso e fiquei quieto. Mesmo porque ninguém acreditaria em
mim.
Você já ouviu a expressão que a maior proeza do demônio e convencer as
pessoas de que ele não existe? É isso que Mefisto, o gato das trevas fez aqui em casa.
Todas as pessoas acham que ele é apenas um gatinho e só eu sei a
verdade. Tento mostrar as coisas que o gato faz – como o dia em que vi meu nome
escrito com sangue em uma das paredes da sala, ou a vez em que encontrei arranhões
formando um pentagrama na cadeira em que me sento para jantar - mas,
aparentemente, só eu posso ver essas coisas.
Fui marcado pelo Gato das Trevas.
Toda vez que fico sozinho com o bicho, seus olhos ficam vermelhos e começo
a sentir o cheiro de enxofre novamente. E basta eu andar um pouco mais
distraído pela casa para o gato pular de trás de um móvel, arranhar minha perna
e desaparecer.
Assim, estou fazendo tudo o que está alcance. Na verdade, tudo o que
posso fazer é sobreviver dia após dia, tentando adiar minha morte o máximo que conseguir.
Só ando pela casa com um crucifixo em uma mão e um pote de água benta na
outra, como se fosse uma espécie de Van Helsing do Terceiro Mundo, sussurrando
“Virtus Christi imperat tibi”, que é o correspondente a “O poder de Cristo
comanda você” em latim (ao menos, eu acho que seja, já que tive que olhar no
tradutor do Google).
À noite, tranco a porta do quarto, e deixo a televisão da sala ligada em
programas evangélicos, para ver se algum exorcismo consegue dar um jeito em Mefisto.
Mas, aparentemente, nada vai funcionar.
Outro dia, o padre da Igreja aqui ao lado passou pela calçada de casa. Imediatamente,
o gato correu até o sofá e começou a socar a janela, mostrando as garras e rosnando
de forma ameaçadora para o homem. Acho que gritou algumas palavras também, mas
não faço ideia do que seja. Coisa boa não era, já que o padre se afastou
apressado e fazendo o sinal da cruz.
Nada vai funcionar e estou sozinho.
Bem, deixo este post como um testemunho do Mal que se apossou da minha
casa. Se um dia este blog ficar muito tempo sem ser atualizado, vocês sabem o
que aconteceu. Mefisto finalmente terá triunfado.
Meu corpo estará destroçado e espalhado pela casa, e minha alma estará
sendo torturada e usada como alimento pelos habitantes do inferno.
Rezem por mim.
20 comentários:
ROB! LARGA DE FRESCURA! Gatos são todos lindos e amigos.
Ou você tá usando umas dorgas recreacionais mt pesadas (e nesse caso, ME DÁ O NOME QUE EU TAMBÉM QUERO) ou isto não é um gato, mas sim um alien que se disfarçou de felino e está fazendo a má fama dos pobres bichanos peludos...
Beijos!
"M de 'Meu Deus, esse gato vai me matar'.". hahahaha...excelente.
Então, não sou muito fã de gato, não vejo muitos motivos para gostar deles. Não odeio, não mesmo, só acho que a humanidade errou em achar que estes seres eram domésticos. Não são, ponto. Não tem discussão. Pode gostar dele? pode. Mas são como leões, lobos, deveriam ser vistos na natureza, não em casa.
Disque M para Miau!
Que o Besta-Fera não leia este post...
HAHAHAHA
primeiro, para a Michele: também quero o nome do barato louco que ele está tomando!
segundo, Rob: a minha Morgana é exatamente igual ao seu gato das trevas (por causa do M na testa veio o nome dela), e por um tempo ela também adorava se esconder embaixo dos móveis à espera de uma perna. Eles não têm unhas, têm navalhas afiadas, e eu posso provar. Minhas cicatrizes podem provar.
Mas eu tenho a resposta a todas as suas preces!!! Você nunca mais será ameaçado pelo gato do mal, é só dominar a alma dele!
Como?
Wiskas sachet!!!! Deve ter o equivalente felino para o crack dentro daquilo, eles ficam malucos por wiskas sachet. O Mestre será seu servo e sua alma estará salva.
(De nada.)
Já viu A Teoria Suprema sobre Gatos Demoníacos... pois bem: http://www.oversodoinverso.com/teoria-suprema-sobre-gatos-demoniacos/
Vc não está sozinho.
segundo essa teoria, uma das minhas gatas tbm é do mal, pq ela também tem o "M" na testa (aliás, o nome dela é Monica).
a Lola não tem nada.
Só tenho a dizer que ele é o gato mais fofo do mundo. <3
No final você vai perceber que a marca na testa dela é só a reprodução do formato das orelhas e vocês dois (Rob e o gato) ainda vão rir muito juntos disso. O gato com uma risada um pouco mais maligna, lógico.
Vish. Se você avisar o Besta-Fera, acho que não vai sobrar é nada de você. Vide o que ele já fez pra escapar do veterinário.
Michele:
Você disse que ele talvez seja um alien? Seu raciocínio está certo, mas a suposição está errada, pois você olhou para cima, na direção das estrelas.
Dica: olhe para baixo. Bem para baixo. Bem abaixo da terra.
Beijos!
Rob
Fagner:
Se gatos são assim, imagine demônios.
Abraços!
Rob
Varotto:
COMO EU NÃO PENSEI NISSO?
Abraços!
Rob
Patricia Koga:
Duvido que não tenha lido. E duvido que não haja retaliações.
Beijos!
Rob
Renata de Toledo:
Já tentei o Whiskas Sachet aqui, não deu certo. Só sacrifícios estão resolvendo.
Beijos!
Rob
Edgar Larsen:
Genial, a teoria. É um exército das trevas!
Abraços!
Rob
Michele:
Enquanto digito isso, o "M" da testa do Mefisto está em chamas.
Beijos!
Rob
Ana:
Talvez com você.
Beijos
Rob
Brunín Assis:
Você diz isso porque não ouvir a risada do gato ainda. É de fazer o sangue gelar.
Abraços!
Rob
Elise:
Meu medo é eles se unirem.
Beijos!
Rob
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