25 de julho de 2011

Apenas o Post de 25 de Julho

Outro dia eu estava no trabalho e desci para fumar um cigarro na calçada. Desta vez, não encontrei a Abelha Sith. Pelo contrário, o cigarro foi bastante tranquilo. E meio solitário, até alguém vir falar comigo.

Era o faxineiro do prédio, que já me conhece de vista porque, às vezes, eu roubo um copo de café dos funcionários. E, por me conhecer somente de vista, ele quis saber mais sobre mim e veio puxar papo.

- Está tranquilo hoje?

- Sim, bastante.

- Posso perguntar uma coisa?

- Claro.

- O que você faz?

- Como assim?

- Aqui. O que você faz? Qual seu trabalho?

Não sabia como responder, então fui o mais óbvio possível.

- Eu escrevo.

- Escreve o quê?

- Páginas na internet.

- Mas que páginas?

- São três meninos diferentes. Cada um tem uma página na internet. Eu escrevo isso.

E mais não digo. Não perguntem.

- E o que eles falam lá?

- Basicamente, é a rotina de cada um deles. Como se fosse uma novela.

- Mas como você faz isso?

- Eu decido o que vai acontecer com eles... O que cada um vai fazer... E aí escrevo.

- Entendi.

- É isso.

- E é difícil?

Nunca tinha pensado sobre isso. Passei alguns segundos em silêncio, pensando em como responder.

- Mais ou menos. É difícil porque cada um tem uma rotina diferente, e um modo de falar. Então, eu não preciso apenas escrever o que acontece com eles, eu preciso pensar como se fosse cada um deles. Mas depois que você pega o jeito, é fácil.

- Fácil?

- Sim. Quando você aprende o que cada um quer, faz ou fala, a coisa entra no rumo e é só escrever.

Certo, eu exagerei um pouco. Não é tão fácil assim. Mas, realmente, quando acontece isso, não é tão difícil.

- E aqui você só escreve isso?

- Tem mais outros textinhos, mas é basicamente isso.

Ele olhou para o céu, provavelmente pensando se iria chover ou não. Em São Paulo, as pessoas fazem isso o tempo inteiro. Passou alguns instantes e virou-se para mim novamente.

- Faz tempo que você faz isso?

- Essas páginas?

- Não. Escrever.

Minha vez de parar um pouco. Não sabia exatamente há quanto tempo faço isso, mas não conseguia me lembrar de uma época em que eu não escrevia. Mesmo agora, eu consigo me imaginar sem escrever, mas não me lembrar. E provavelmente imaginei a mim mesmo sem escrever não como uma pessoa real, mas como um personagem. Ou seja, eu já estava escrevendo novamente. Voltei minha atenção a ele e respondi.

- Faz anos.

- Você gosta?

- De escrever?

- Sim.

Eu poderia ter respondido muita coisa.

Poderia ter falado que eu não sei fazer outra coisa e que nada me realiza tanto quanto isso. Poderia ter respondido que sou apaixonado por todos os meus textos – mesmo enxergando defeitos em cada um deles – sejam aqueles que demoraram dias para serem escritos, sejam aqueles que pareciam estar prontos e esperando para sair de mim, sendo escritos literalmente em minutos. Poderia ter falado que sim, que muitas vezes eu gosto, mas que em outras, é quase uma necessidade. Poderia ter falado que ver as letrinhas formando palavras e as palavras formando frases, na tela à minha frente, ainda me encanta como se eu fosse um menino.

Mas, como escrever é a arte de cortar palavras, às vezes conversar também é. Assim, respondi apenas que:

- Adoro.

Se você se sente da mesma forma, feliz Dia do Escritor para você.

6 comentários:

Anônimo disse...

Pois é. Pensando bem (e apesar de apenas escrever num blog e um conto esparso aqui e ali), eu me sinto exatamente como vc.

Escrever é isso mesmo...

Feliz dia do Escritor, Rob. E obrigada pelo texto.

Ana Savini disse...

Esse negócio de "Dia do Escritor" me fez pensar quem seria o meu escritor favorito.
Pensei no Stephen King, afinal, além de já ter lido bastante coisas dele, sempre é um deleite.
Mas aí pensei em você. E comecei a pensar sobre tudo o que já li que você escreveu. E cheguei à conclusão de que li "você" mais do que qualquer outro escritor.
O que prova que, sim, você é o meu escritor favorito. <3

Beijos,
Su

*Feliz dia do escritor =)

Omar Sequela disse...

Eu tambem escrevo, eu gosto, mas nao me realizo. E' so' por diversao, mas me da uma graninha, pouca, mas da'. As vezes leio seus textos, gosto da maioria, so' nao gosto quando faz apologia a refri americano, mas tudo bem. Parabens aos escritores, esses seres estranhos.

Varotto disse...

Bom que, vez ou outra, você seja abordado por alguém que não seja um fugitivo de hospício...

IsabelVeronica disse...

Mais uma vez, PARABÉNS pelo dia de hoje.

Bjs!

Trauti Lang disse...

Eu me sinto assim, tnão, me dou o direito de me parabenizar e blá blá blá, mesmo atrasada, mimimi.

Parabéns pra gente :D