2 de janeiro de 2007

Adeus Ano Velho

Todo final de ano é a mesma coisa. Qualquer site, jornal, revista ou emissora de TV que se preze apresenta a sua retrospectiva, lembrando os principais acontecimentos dos últimos doze meses. E, obviamente, esses últimos dias não têm sido diferentes. Você acessa a Internet e qualquer site que você entre traz chamadas como “confira os acontecimentos que marcaram o ano” ou “Restrospectiva 2006 – Veja aqui”. Não entrei no IG, mas lá com certeza deve ter duas retrospectivas: uma sobre 2006 e outra sobre a Ivete Sangalo em 2006.

E, nas bancas, a coisa é pior ainda. Enquanto revistas como a Veja e a Isto É trazem suas retrospectivas, as publicações “lado B” escolhem as mais mal-vestidas, as mais bem-vestidas, as celebridades do ano, as pessoas mais sensuais do ano. Uma delas chegou a estampar na capa a seguinte chamada: “Relembre aqui o fenômeno RBD”. Na boa, é o cúmulo da falta de assunto.

Isso retrata apenas algo que eu já vinha pensando desde o começo de dezembro. 2006 é um ano que, daqui a milênios, vai merecer no máximo uma notinha de rodapé no Livro de Ouro da História do Mundo. Eu sei, eu sei, tivemos eleições, incontáveis escândalos no governo, copa do mundo, ataques do PCC e o acidente do avião da Gol. Admito: tivemos o julgamento da Richtofen e as mortes de Pinochet e Saddam – que nada me tira da cabeça que morreu no dia 30 de dezembro justamente a pedido da imprensa mundial, para engordar um pouco mais as retrospectivas –, mas basta uma rápida visita a internet para verificar que tenho razão. Já encontrei duas retrospectivas citando que 2006 marcou os dez anos das mortes de Renato Russo e dos Mamonas Assassinas. Ou seja, dois dos principais fatos do ano aconteceram em 1996, para você ver o nível da coisa.

O Terra, inclusive, chegou a fazer uma “megaenquete” para você, débil-mental de plantão, eleger os fatos mais marcantes de 2006. Lá, a escolha do “acontecimento do ano” (onde você pode escolher entre os ataques do PCC em São Paulo, a reeleição do presidente Lula, a queda do boeing da Gol e a eliminação da seleção brasileira na Copa) tem exatamente o mesmo peso que “o maior flagra sem calcinha do ano” (onde concorrem Adriane Galisteu, Britney Spears, Christina Aguilera e Juliana Paes).

Sinceramente, você acha que esse ano será lembrado como aquele em que a Coréia do Norte atingiu o status de ameaça mundial, que Fidel Castro se afastou do governo cubano, que Collor revitalizou sua carreira política chegando ao Senado, e que os Republicanos sofreram uma derrota maciça nas eleições americanas? Ou você acha que será lembrado como o ano em que nos despedimos de Raul Cortez, Glenn Ford, Jack Palance, Robert Altman, James Brown, Syd Barrett e Phillipe Noiret (apenas para citar alguns)?

Não, não... 2006 entrará para a história como o ano em que a ex-senhora Gordo transou numa praia da Espanha (e no YouTube), que Tom Cruise quase comeu a placenta do seu bebê, que Gretchen revitalizou sua carreira de forma “ousada” (eufemismo mode: on), Hebe Camargo assumiu que deseja copular com Roberto Carlos, em que Susana Vieira casou e foi chifrada já na festa de casamento, e que a cada semana uma famosa qualquer era vista sem calcinha numa boate.

Duvida? Espere uns dez anos, e você verá que eu tenho razão.

2006 foi o Ano Internacional do Ô Fase.

Ou não. Ainda tivemos algumas coisas boas, que conseguiram se salvar ao longo do ano (e, não, não estou falando da criação desse blog), como veremos a seguir, na série de cinco posts Top 5 de 2006. Vamos, então, ao meu “ano velho”, começando no post a seguir – lembrando que todas as listas são extremamente pessoais, e refletem não apenas o que eu gosto, mas o momento em que eu vivia. Ou seja, você pode discordar de tudo, mas, em última instância, “foda-se, é o meu blog, então fica a minha lista”.

Após isso, voltaremos a programação normal

E, claro, feliz ano novo e tudo aquilo que todo mundo já deve ter desejado a você.

Apenas para não perder o hábito e justificar tudo o que eu disse acima, 5 personalidades que são a cara de 2006 (Susana Vieira não concorre).

1. Paris Hilton – Chegou ao cúmulo de lançar um CD. Ou seja, podemos esperar para esse ano seu primeiro livro. Paulo Coelho que se cuide.
2. Tom Cruise – Na verdade, ele encheu mais o saco do que a Paris Hilton, mas, como não poderia deixar de ser, ele tinha que ser engolido por alguém.
3. Angelina Jolie – Ok, ela é bonita. Ok, ela é politicamente correta. Mas essa mulher já deu no saco com esse lance de adotar uma criança por semana, sempre de um país com uma renda menor que o Jardim Irene, e fazendo campanha contra as minas terrestres.
4. Daniela Cicarelli – A ex-senhora Gordo dominou as manchetes por semanas após ter sido flagrada perpetuando a espécie numa praia da Espanha, o que, sinceramente, foi a melhor coisa de sua carreira.
5. RBD – Nada demonstra de forma mais precisa a “riqueza” cultural que vivemos.

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