26 de novembro de 2011

Djavan e a Língua do Jabba

- A gente ainda demora? Eu cansei de brincar de fazer as compras do mês.

- Faltam só as carnes.

- Apenas as carnes?

- Sim.

- Nada de vegetais?

- Não. Só as carnes.

- Certo. Carne é importante. Carne eu espero.

- Por que você não me ajuda e pega uma fraldinha ali naquele canto?

- Certo. Já venho.

- Ok.

(...)

- Voltei.

- Já? E a fraldinha?

- Eu não posso pegar a fraldinha.

- Como assim?

- Tem uma língua ali. Eu não consigo chegar perto.

- Sim, é a língua do boi.

- Não, é a língua de um boi zumbi! Ela é toda preta!

- Deixa de bobagem.

- E é enorme! Nem a Cicciolina tinha uma língua assim.

- Pega logo a fraldinha.

- Eu não vou chegar lá perto. É a coisa mais nojenta que eu já vi. Parece a língua
do Jabba.

- Você é muito exagerado!

- Não! É verdade! Você não se lembra da cena que ele quase esfrega a língua na Leia? É no Retorno de Jedi. É a mesma língua. Aposto que se você olhar na etiqueta não vai estar “língua de boi”, vai estar “língua de hutt”.

- Eu vou pegar a fraldinha.

- É sério que as pessoas comem isso? Como podem? Elas estão praticamente ficando com o boi.

- Me ajuda aqui. Quanto pesa aquela?

- Sério, a coisa é indecente. Mas não é igual ao porco. O porco, as pessoas comem a língua e depois o rabo. Será que é daí que vem o termo “prazer carnal”?

- Eu estou esquecendo alguma coisa...

- Espera. Você está ouvindo esse som?

- Que som?

- Aquele sujeito que toca teclado perto do café. Sabe?

- Sim.

- Escute com cuidado.

- Hum...

- É Djavan!

- Sim, acho que é. Não consigo ouvir direito.

- É sim! Vamos embora! Rápido!

- Calma!

- Não, vamos! Esse mercado se tornou o palácio do Jabba, mas ao invés daquela banda de alienígenas tem um cara tocando teclado e cantando Djavan!

- Ok! Estou indo!

- Rápido! Ele já vai começar com os Iô! Iô! Iô! Iô! do Djavan! Toda música do Djavan tem os Iô! Iô! Iô Iô!

- Calma. Já estamos no caixa!

- Cliente Mais?

- Sim, senhora.

- Nota Paulista?

- Sim, senhora. Olhe, tem essa Ruffles e essa Coca Zero que estão abertas. Foi ela que consumiu. Ela não consegue se controlar, sempre faz isso. Mas nós vamos pagar essas mercadorias.

- Foi você que comeu e bebeu isso!

- Além de tudo, ela é mentirosa compulsiva. Mas ela já está se tratando, por ficar tranquila. A senhora pode apressar as coisas? Está tocando Djavan!



(Este post é dedicado à Ana Claudia, cujo nome, em algum idioma, certamente significar "paciência. Mas, sendo sincero, ela bem que riu a maior parte do tempo.)


19 comentários:

Elise disse...

Ai, socorro. Na parte da referência ao Jabba lambendo a Leia eu soltei um "ewwww"... na parte do "ficando com o boi" eu morri de rir... =P

Mas ó, era Djavan... seria pior se fosse funk, né? Ou aquelas musiquinhas de elevador, ou no estilo Antena 1. Não que Antena 1 não seja boa, mas dá um soooooono... até desencoraja as compras.

Ana Savini disse...

Eu estava com a música do Djavan até agora a pouco na cabeça. ¬¬
#afemaria

Camila disse...

Hahahahaha, vocês dois são 10! =)

Varotto disse...

Eu como língua.

Mas, pelo menos, antes levo flores e convido para um cineminha...

P.S.: Ana, quando for assim, dá logo uns tapas para ele se controlar...

Anônimo disse...

Nem dá mais pra dizer que vc é doente. Virou clichê, já.

Ana, dá umas chineladas na bunda desse indivíduo quando ele ficar assim abusado, tá? rs

Varotto disse...

Djabban?

Lari Bohnenberger disse...

Huahuahauhauhauahauhauahuahua! Fiquei imaginando a tal "língua de hutt" desesperadora.

Agora sobre o Djavan eu tô com a Elise: deixa de ser fresco! Podia ser um pagodinho ou uma homenagem ao Zezé di Camargo... Mas não! Era apenas Djavan!

Bjs!

Michele disse...

pô, Djavan é até que legal...

podia ser MUITO pior... já imaginou se fosse um "sai da minha aba, sai pra lá" ou a Paula Fernandes cantando "Nothing Else Matters"?

e eu já estive em uma loja que tocava isso... TENSO, MUITO TENSO

Rob Gordon disse...

Elise:

Se tocasse qualquer uma dessas coisas, eu acionaria o Procon.

Beijos

Rob

Rob Gordon disse...

Ana:

Por favor, não cante alto. Ou corra para Alice Cooper, sempre resolve. :)

Beijos

Rob

Rob Gordon disse...

Camila:

Eu acho que a grande graça da gente é que nos divertimos fazendo absurdamente qualquer coisa. Isso não tem preço. :)

Beijão

Rob

Rob Gordon disse...

Varotto:

Por favor, poupe a mim e aos meus leitores dos detalhes sórdidos a respeito disso.

Abraços

Rob

Rob Gordon disse...

Lilian:

Não dá a ideia do chinelo, ela certamente vai levar em conta!

Beijos

Rob

Rob Gordon disse...

Varotto:

Você tá que tá esses dias, hein?

Abraços!

Rob

Rob Gordon disse...

Larissa:

Era a língua mais grotesca do mundo. De verdade, IDÊNTICA à língua do Jabba. E, quanto ao som, eu sei que poderia ser pior... Bem, aguarde o próximo post. :)

Beijão

Rob

Rob Gordon disse...

Michele:

Eu vivi muito bem até hoje sem saber que a Paula Fernandes havia regravado Nothing Else Matters. Obrigado por destroçar um pedaço da minha vida.

Beijos

Rob

Mari Hauer disse...

A Ana merece um prêmio por te aguentar no mercado. Eu não sei como é, mas eu imagino!

Língua de boi é nojento. Tbm tenho nojo de frango. Éca!

Rob Gordon disse...

Mari Hauer:

Mas ela se diverte, pode ter certeza. Mas, sério, eu não tinha nojo de língua de boi até este dia, porque eu nem sabia que esta merda existia. Quer dizer, eu imaginava que o boi tinha língua, mas nunca achei que isso estivesse ali, à disposição das pessoas no mercado. De repente, BUM, tornou-se minha nêmese.

Beijão!

Rob

Juju disse...

tem gente que come partes "piores" do boi.