20 de novembro de 2007

Rob Gordon X Tim - Round 2

– Tim, Fulana de Tal*, boa noite. Em que posso ajudá-lo?

Expliquei o ocorrido e acrescentei:

– Ou seja, fui tratado como um cachorro, pela Tim, no meio de uma loja Tim. Sou cliente há cinco anos e, após ter sido assaltado, a única coisa que a Tim fez por mim foi me obrigar a provar que não fui eu quem roubou meu celular. Por causa de um erro de vocês, que poderiam ter desbloqueado minha linha em poucos minutos, a loja inteira me olhou como se eu fosse um ladrão tentando aplicar um golpe. Eu nem lembro mais do assalto, a Tim tem me incomodado mais que o merda do ladrão.

– Senhor, eu realmente posso desbloquear sua conta agora.

– Eu não quero que você desbloqueie nada. Eu quero primeiro saber a sua opinião sobre esse procedimento. Depois eu vejo se eu desbloqueio a linha ou não.

– Realmente, o senhor foi muito mal atendido. Estou sendo sincera com o senhor**. O senhor lembra o nome do funcionário que lhe atendeu, para eu relatar?

– Lembro que o nome dele começava apenas com “Tim, boa noite”.

– Bem, em nome da Tim, gostaria de pedir desculpas ao senhor.

– Não, eu não quero.

– Como, senhor?

– Vocês deveriam ter me pedido desculpas no dia mesmo. Aquele débil-mental que me atendeu deveria ter dito a seguinte frase: “Realmente, o senhor não tem uma senha de bloqueio. DESCULPE. Vamos desbloquear de outra maneira”. Hoje eu não quero as desculpas da Tim. Isso não basta.

– O que o senhor gostaria?

– Não sei. Você sugere. Mas desculpas não serão suficientes.

– Vamos fazer assim. Aguarde um minuto, vou falar com a minha supervisão para ver qual compensação podemos lhe fornecer.

....

– Obrigado por ter aguardado.

– De nada.

– Eu posso oferecer ao senhor um desconto de R$ 199,00, valor total da conta de acordo com seu plano, pelos próximos dois meses.

– Não quero.

– Como, senhor?

– Não quero. Eu tenho dinheiro para pagar a conta. Aliás, faz cinco anos que eu pago a conta sem atraso. O ladrão não me levou dinheiro.

– Entendi. Só um minuto, senhor.

...

– Senhor? Falei novamente com a supervisão. Como o senhor está sem aparelho, podemos, ao invés de fazer o abatimento em conta, dar um desconto de R$ 300,00 na aquisição de um novo.

– Se coloque no meu lugar. Você realmente acha que o que eu passei vale R$ 300,00?

– Não, senhor. Concordo o senhor.

– Além disso, você me ofereceu uma bonificação em conta de R$400, 00, dividida em dois meses. Eu disse que não era suficiente, e sua supervisão apresenta, então, um desconto de R$ 300,00? A minha compensação não deveria ter aumentado?

– O senhor está coberto de razão. Aguarde um minuto.

....

– Obrigado por ter aguardado.

– Ok.

– Senhor, falei com a supervisão. Estamos prontos para oferecer ao senhor um desconto de R$ 600,00 num aparelho novo.

– Parece razoável. O que mais?

– Mais?

– Sim. R$ 600,00 é um bom começo. O que mais?

– Só um minuto, senhor.

...

– Senhor, conversei com a minha supervisora. O aparelho que foi furtado do senhor havia sido adquirido há poucos dias, certo?

– Sim.

– O senhor havia comprado usando o desconto do plano de fidelização?

– Sim.

– O senhor não teria mais direito a esse desconto, pelos próximos meses. Mas vamos restituí-lo. O senhor terá, então, o desconto da loja e o desconto de R$ 600,00. Senhor Gordon?

– Pois não.

– Eu não vou mais conseguir aumentar isso com a supervisão.

– Então você fez tudo o que podia?

– Sim, senhor.

– Era o que eu queria. Eu aceito.

– Fico feliz, senhor. E espero que o senhor não passe por esse tipo de problema novamente.

– Fulana, essa conversa está sendo gravada?

– Sim, senhor.

– Então, quero deixar registrado aqui que você é uma atendente extremamente bem-educada, inteligente e com iniciativa própria, que escuta o cliente ao invés de repetir frases decoradas. E quero que mostre isso aos seus chefes.

– Obrigada, senhor.

– Por favor, faço questão que mostre.

– Sim, senhor.

– Ah, sim. E quero que o outro atendente morra. Mostre isso a eles também.

– Sim, senhor. Posso ajudá-lo em algo mais?

– Não, obrigado.

– A Tim agradece sua ligação e tenha uma boa noite.


* Mantive a moça no anonimato, pois não seria justo revelar o nome dela, já que eu também não expus o anormal que me atendeu na primeira ligação . Mas me vejo na obrigação de dizer aqui que fui muito bem atendido. Mérito da Tim? Não sei. Mas palmas para essa moça. Da mesma forma que eu meto o pau quando sou mal-atendido, faço questão de mostrar quando o contrário acontece. A sorte da Tim é que essa moça me atendeu bem. A sorte do blog é que essa moça é uma entre um milhão de atendentes de telemarketing (ativos ou passivos) energúmenos – ou eu teria um assunto a menos aqui no Champ.

** Chupa, Jamil! Até ela concordou comigo!

9 comentários:

Braga disse...

HAHAHA!

Que cara de pau, mas acho que foi o correto. Eu é que não tenho culhões pra chegar e meter a boca nessas atendentes. Queria um desconto de 600 pra um celular, quero comprar um de 400... eles ainda me deveriam 200! hauahua

Genial, como sempre

Lari Bohnenberger disse...

Inspirada por Jamil: "É lamentável você esquecer sua raiva pela empresa e pelos atendentes, só porque uma lhe atendeu bem. E ainda acha bonito esse comportamento elogioso."
Brincadeirinha, eheheh! Eu sei que você não vai nos decepcionar deixando de meter pau nas atendentes de tele marketing.Vc não seria capaz de nos privar de tamanha alegria.

Mas falando sério, eu não ia ter a capacidade de conseguir tudo isso, se fosse comigo. O dia que eu passar por uma situação parecida, você pode ligar pro atendimento e fazer a negociação por mim?
Eu agradeceria!

Bjs!

Lidiana de Moraes disse...

Primeiro... vou te repassar o telefone da FNAC para tu solucionar o meu problema de cd fantasma hahahahah...

Segundo... o nome da moça não era Regina né? (piada televisiva hehehe)

Terceiro... uma em uma milhão? Quem sabe uma em um trilhão?

MaxReinert disse...

hummm...acho que vou tentar essa pra comprar um celular novo!!!!!

hihihihi

Unknown disse...

olá, conheci seu blog aqui pelo orkut! muito engenhoso sua atitude e realmente isso só é possível em SP, pq aqui em BH roça que fui transferida a trabalho, tres meses passados estou entando cancelar minha linha e somente 2 semanas consegui, para minha surpresa não queriam de modo algum mandar a conta que é pós paga para meu endereço de BH ou seja, teria eu que ir em SP para buscá-la para fazer o pagamento? ridículo não? só faltou a polícia na loja pra vc ter uma noção, o hilário foi a atendente: senhora? a sua linha aqui resulta como pré paga, como a senhora quer um boleto para o pagamento? rasposta: meu anjo hj estou calma, pelo amor de Deus é pre pago pq cancelei faz 10 dias e tem boleto pq era pós pago não? ela simplesmente fez caras e bocas, resultado: mandei não olhar mais para minha pessoa caso o fizesse eu a arrebentava! sinceramente essas empresas... seu blog é muito muito bom!!! , posso linká-lo no meu? Kk

Tyler Bazz disse...

Saaaanta atendente educada... \o/

Anônimo disse...

ótimo. é assim mesmo que tem que ser.
só assim a gente tem alguma esperança de ser melhor atendido no futuro.

An@Lu disse...

adorei a saga!
eu já trabalhei em call center e sei exactamente do que você está falando. dei gargalhada porque lembrei de algumas dessas situações...
e... é uma questão de sorte do atendente que você apanha!

Thiago da Hora disse...

poucos (quase nenhum) atendentes são como essa senhora. aposto que agora ela nem seja mais funcionária. afinal, parece que as empresas preferem ter funcionários que atendam péssimamente seus clientes do que os que nos tratam como realmente merecemos ser tratados: CLIENTES!