Quanto Mais Quente Melhor
(Some Like It Hot, EUA, 1959)
Direção: Billy Wilder
Elenco: Jack Lemmon, Tony Curtis, Marilyn Monroe
Billy Wilder é, com certeza, um dos melhores diretores de todos os tempos e um dos grandes alicerces da época de ouro de Hollywood – pelo menos três ou quatro de seus trabalhos merecem figurar em qualquer lista dos melhores filmes de todos os tempos. Porém, apesar de visitar diversos gêneros com a mesma competência, o austríaco radicado americano se sentia mais à vontade em comédias, sempre narradas com extrema elegância e inteligência – duas constantes em sua obra, que deixam clara a influência que a carreira de um de seus mentores (e outro gênio), Ernst Lubitsch, exerce sobre seus trabalhos.
Por isso, não é surpreendente apontar Quanto Mais Quente Melhor como a melhor comédia de todos os tempos. Ou, pelo menos, a que contém com os diálogos mais engraçados da história. Mérito, sobretudo, da excelente parceria do diretor com o roteirista I. A. L. Diamond. Reassistindo ao filme semanas atrás, me surpreendi em reparar como, apesar de ser uma produção de 1959 (e ambientada nos anos 30), os diálogos continuam ágeis e afiados. O filme não envelheceu um dia, desde sua estréia.
Para quem não conhece, a trama é simples: dois músicos de jazz (Tony Curtis e Jack Lemmon) presenciam uma chacina orquestrada pela máfia de Chicago (o famoso massacre do Dia dos Namorados) e, para escaparem dos criminosos, disfarçam-se de mulheres e juntam-se a uma banda feminina que irá se apresentar em Miami. O que poderia tornar-se um filme apenas agradável e divertido – mas não memorável – acaba se tornando uma das melhores comédias de erros já vistas, graças a dois motivos.

A segunda força motriz do filme é Jack Lemmon. O ator, que faria outros seis filmes com Wilder, produz em Quanto Mais Quente Melhor uma interpretação inesquecível. Sim, Curtis e Marilyn estão bem (mesmo com ela totalmente chapada de calmantes durantes as filmagens), mas Lemmon rouba o show do começo ao fim, com uma interpretação minuciosa e repleta de detalhes. Se você já assistiu ao filme, assista novamente, mas sem tirar os olhos de Lemmon. Ele faz rir em todos os momentos que está na tela, até quando a cena não o coloca como elemento central.
Um exemplo claro disso é a “seqüência dos encontros”. Ao mesmo tempo em que Curtis (disfarçado de milionário) seduz Marilyn num iate, surgem flashes curtos da seqüência onde Lemmon (vestido de mulher), dança tango com Joe E. Brown. Wilder constrói, aqui, uma das melhores piadas do filme, deixando a cena do tango absolutamente irresistível – e não exagerada e cansativa, como resultaria caso fosse exibida na íntegra e sem cortes. Porém, essa estratégia do diretor não teria funcionado sem a presença de Lemmon. Seu personagem, no início visivelmente constrangido por ter que dançar com outro homem, acaba se envolvendo cada vez mais com o tango (e com Joe E. Brown) e mostra isso a cada flash simplesmente pela sua forma de dançar. A piada, então muda completamente, surpreendendo a platéia sem perder o tom de escracho. A última passagem do tango deixa mais do que claro que, naquele momento, o personagem de Lemmon se esqueceu completamente que é um homem. Tanto que será necessário Tony Curtis convencê-lo de que ele não pode se casar com o milionário, na inesquecível seqüência seguinte.
3 comentários:
Rob, se você vai colocar esta lista em ordem decrescente, então coloca logo os outros 9 porque quero ver o resultado.
hm isso vai ser interessante
começamos mto bem.
Rob... eu vou ter que achar esse filme...de qualquer jeito!!! vc me deixou com muita vontade de assisti-lo e só a parte que vocÊ conta a cena do tango eu ri igual hiena aqui no escritório!!!
não posso deixar o link do meu perfil do orkut, pois estou no escritório e não tenho acesso, porém ja acessei aqui outras vezes e deixei comentários!!! vocÊ sabe onde posso encontrá-lo???
Forte abraço!!!
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