27 de dezembro de 2012

Rob Gordon X Déjà Vu


Ontem fui ao mercado comprar algumas coisas. Peguei as mercadorias e fui ao caixa. Quando chegou minha vez, a atendente digitou meu CPF. E, enquanto tentava descobrir o preço do óleo, olhou para mim.

- Posso fazer uma pergunta?

- Eu não sou o Matheus.

Ela me olhou desconfiada, como se eu fosse uma espécie de bruxo.

- Como você sabia que eu iria perguntar isso?

- Não sei. Foi apenas um palpite, acho.

 (Clique aqui para descobrir de onde veio meu "palpite").

- É que você é igualzinho...

- Igualzinho ao Matheus. Eu sei. Todo mundo diz isso.

- Mesmo?

- Sim. As pessoas me param na rua o tempo todo para perguntar se eu sou o Matheus. Tanto que eu nem saio mais de casa. Só venho aqui, ou até a padaria aqui ao lado.

- Ah, então é isso.

- Aliás, nós já não passamos por isso antes?

- Já? Não lembro.

- Olhe, acho que sim. Tenho quase certeza que você já me perguntou se eu era o Matheus antes. Coisa de vinte dias atrás.

- Não sei...

- Bem, talvez você não tenha perguntado para mim. Talvez você tenha perguntado para o Matheus. Ou talvez você tenha perguntado ao Matheus se ele não se parece comigo. Deve acontecer bastante com ele também.

- Será?

- Ou talvez você tenha perguntado para mim, achando que eu era o Matheus. E eu disse que não era, mas, na verdade, eu era sim o Matheus naquele dia. Aí eu teria mentido para você. Quem sabe? Talvez aquele dia eu fosse o Matheus disfarçado de mim disfarçado de Matheus. Entendeu?

- Acho que não.

Lentamente, o rosto dela começou a se modificar, ganhando curvas.

- Eu também. O Matheus não sabe explicar as coisas direito. As histórias dele sempre são mal contadas. Olhe, se eu fosse você, não deixaria isso barato. No seu lugar, eu iria tirar satisfações. Ligaria para ele ainda hoje.

- Hum...

- Mas preste atenção em uma coisa. Se você ligar e eu quem atender ao telefone, é tudo mentira do Matheus. Mas aí nem adianta brigar com ele, porque ele será eu. O melhor a fazer é ligar novamente e novamente, até não ser eu, e sim o Matheus.

Agora, a transmutação estava completa. Seu rosto havia se transformado em enorme interrogação.

Paguei minhas compras e fui embora. E já estou planejando o que irei falar na próxima vez que me encontrar com essa caixa. Até agora, a ideia mais popular entre os meus neurônios é abrir a conversa com “boa tarde, meu nome é Matheus. Será que você pode passar minhas compras?”.

Vamos ver.

Em tempo: caso você seja novo aqui, eu não sou o Matheus.

********

Aproveitando que vocês estão aqui: esses dias, teve texto meu no Papo de Homem. E o Chronicles  – que, como o próprio nome indica, vive de crônicas – recebeu meu primeiro conto: Um Sonho de Natal.

E, mais importante ainda: agora você pode curtir a fanpage do Champ no Facebook por aqui mesmo (na janela lá em cima, à esquerda), e receber todas as atualizações sobre meus blogs, além de novidades sobre meus textos para outros sites e a HQ Terapia. E aí, já curtiu?

2 comentários:

Flávia_Cola disse...

pois é... comigo é no celular... volta e meia me ligam mulheres querendo falar com o Xavier. sempre diferentes mulheres, nos horários mais loucos, tipo, sábado de manhã "Xavier vem me buscar" ou durante a semana "Xavier porque vc não me liga mais" às vezes bravas "quem é vc e cadê o Xavier?" e na maioria das vezes melosas "Xavieeeer". depois de um final de semana estressante no início do ano, que uma mulher me ligou, sem brincadeira, umas vinte vezes e brigou comigo dizendo que eu estava escondendo o Xavier, que eu era uma boa bisca e coisas do gênero, descobri que o celular dele realmente é igual ao meu, só que com o DDD 031. liguei pra ele e mandei ele cuidar melhor das mulheres dele claro! lembrei disso porque essa semana atendi o celular e do outro lado ouvi uma voz feminina chamar "Xaaaavier...'

Varotto disse...

Vocė é mau...