Ontem fui ao mercado comprar algumas coisas. Peguei as
mercadorias e fui ao caixa. Quando chegou minha vez, a atendente digitou meu
CPF. E, enquanto tentava descobrir o preço do óleo, olhou para mim.
- Posso fazer uma pergunta?
- Eu não sou o Matheus.
Ela me olhou desconfiada, como se eu fosse uma espécie de
bruxo.
- Como você sabia que eu iria perguntar isso?
- Não sei. Foi apenas um palpite, acho.
(Clique aqui para descobrir de onde veio meu "palpite").
- É que você é igualzinho...
- Igualzinho ao Matheus. Eu sei. Todo mundo diz isso.
- Mesmo?
- Sim. As pessoas me param na rua o tempo todo para
perguntar se eu sou o Matheus. Tanto que eu nem saio mais de casa. Só venho aqui,
ou até a padaria aqui ao lado.
- Ah, então é isso.
- Aliás, nós já não passamos por isso antes?
- Já? Não lembro.
- Olhe, acho que sim. Tenho quase certeza que você já me
perguntou se eu era o Matheus antes. Coisa de vinte dias atrás.
- Não sei...
- Bem, talvez você não tenha perguntado para mim. Talvez
você tenha perguntado para o Matheus. Ou talvez você tenha perguntado ao
Matheus se ele não se parece comigo. Deve acontecer bastante com ele também.
- Será?
- Ou talvez você tenha perguntado para mim, achando que eu
era o Matheus. E eu disse que não era, mas, na verdade, eu era sim o Matheus
naquele dia. Aí eu teria mentido para você. Quem sabe? Talvez aquele dia eu
fosse o Matheus disfarçado de mim disfarçado de Matheus. Entendeu?
- Acho que não.
Lentamente, o rosto dela começou a se modificar, ganhando
curvas.
- Eu também. O Matheus não sabe explicar as coisas direito. As
histórias dele sempre são mal contadas. Olhe, se eu fosse você, não deixaria
isso barato. No seu lugar, eu iria tirar satisfações. Ligaria para ele ainda
hoje.
- Hum...
- Mas preste atenção em uma coisa. Se você ligar e eu quem atender
ao telefone, é tudo mentira do Matheus. Mas aí nem adianta brigar com ele,
porque ele será eu. O melhor a fazer é ligar novamente e novamente, até não ser
eu, e sim o Matheus.
Agora, a transmutação estava completa. Seu rosto havia se
transformado em enorme interrogação.
Paguei minhas compras e fui embora. E já estou planejando o
que irei falar na próxima vez que me encontrar com essa caixa. Até agora, a
ideia mais popular entre os meus neurônios é abrir a conversa com “boa tarde,
meu nome é Matheus. Será que você pode passar minhas compras?”.
Vamos ver.
Em tempo: caso você seja novo aqui, eu não sou o Matheus.
********
Aproveitando que vocês estão aqui: esses dias, teve texto
meu no Papo de Homem. E o Chronicles – que, como o próprio nome indica, vive de
crônicas – recebeu meu primeiro conto: Um Sonho de Natal.
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2 comentários:
pois é... comigo é no celular... volta e meia me ligam mulheres querendo falar com o Xavier. sempre diferentes mulheres, nos horários mais loucos, tipo, sábado de manhã "Xavier vem me buscar" ou durante a semana "Xavier porque vc não me liga mais" às vezes bravas "quem é vc e cadê o Xavier?" e na maioria das vezes melosas "Xavieeeer". depois de um final de semana estressante no início do ano, que uma mulher me ligou, sem brincadeira, umas vinte vezes e brigou comigo dizendo que eu estava escondendo o Xavier, que eu era uma boa bisca e coisas do gênero, descobri que o celular dele realmente é igual ao meu, só que com o DDD 031. liguei pra ele e mandei ele cuidar melhor das mulheres dele claro! lembrei disso porque essa semana atendi o celular e do outro lado ouvi uma voz feminina chamar "Xaaaavier...'
Vocė é mau...
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