John Kennedy foi morto em 22 de novembro de 1963, na cidade de Dallas.
De acordo com a versão oficial, o autor dos disparos foi o ex-fuzileiro naval Lee Harvey Oswald. Para aumentar ainda mais a dramaticidade do caso, dois dias após o crime, o assassino foi morto pelo mafioso Jack Ruby, quando era transferido para a prisão estadual.
Até hoje não se sabe ao certo quem assassinou Kennedy. Muitos apontam uma teoria da conspiração envolvendo a CIA e a Máfia, o que colocaria Oswald como um bode expiatório. Sua morte teria sido apenas uma queima de arquivo, visto que ele sabia demais.
Provavelmente, nunca se saberá ao certo quem ordenou os disparos, tampouco quem os efetuou de verdade. Contudo, após um exaustivo trabalho de investigação, descobri que até mesmo a morte de Oswald – que ocorreu em frente às câmeras de televisão – foi uma farsa.
Lee Harvey Oswald está vivo.
Lee Harvey Oswald, o homem acusado de assassinar o presidente John Fitzgerald Kennedy, mora hoje no Brasil e ganha a vida trabalhando como garçom no Habib’s da Avenida Lins de Vasconcelos. E, mesmo após entrar para a história como o autor do assassinato mais famoso do século 20, suas ambições não cessaram.
Hoje, ele luta para ser imortalizado de como o garçom mais tapado da história.
Dia desses fui almoçar lá com a Namorada. Sentamos e o Oswald veio nos atender. Sem exageros, era igualzinho ao assassino do Kennedy. Segurei a risada e pedimos duas Cocas e o cardápio.
Ele trouxe tudo e esperou para anotar os pedidos. Primeiro foi a vez da Namorada, que pediu um Bib’s Burger Salad.
O ex-fuzileiro naval a encarou com um olhar levemente vago.
- É o Bib’s Chicken Salad?
- Não. É o Bib’s Burger Salad.
- Qual?, ele perguntou, sem disfarçar a curiosidade.
- O Bib’s Burger Salad.
Aparentemente, ele não conhecia o sanduíche. Seu rosto logo se transmutou em um enorme ponto de interrogação. Dei um gole na Coca, peguei o cardápio e mostrei a ele.
- Ela quer esse aqui.
Ele olhou o cardápio de perto, tentando decifrar o que estava escrito. Provavelmente, ainda não aprendera português fluente e estava olhando as imagens. Tive que pegar o cardápio e apontar as palavras “Bib’s”, “Burger” e “Salad” para ele, lendo cada uma delas em voz alta e de forma pausada. Ao que parece, deu resultado e ele anotou alguma coisa.
Era minha vez. Pedi uma esfiha de carne e duas de azia (aquela com cheddar e peperone).
- Qual?
- A de cheddar com peperone.
- Ah, sim.
- Duas.
- E duas de carne?
- Uma de carne. Duas de cheddar com peperone.
- Uma de carne?
A Namorada não se conteve e chamou a responsabilidade para si.
- Duas de cheddar com peperone, uma de carne e um Bib’s Burger Salad. Entendeu?
- Entendeu.
Não, isso não é um erro de digitação. Lee Oswald realmente respondeu “entendeu”, falando de si mesmo na terceira pessoa, mostrando que ainda está longe de dominar o português. Ao terminar de anotar o pedido, ele perguntou:
- E para beber?
- Oi?
- Para beber?
Não aguentei.
- Duas Cocas. Mas podem ser estas que já estão aqui. Estas que estamos bebendo enquanto conversamos com você servem.
- Ah, essas?
- Isso.
- Então vocês não querem nada para beber?
Dei um gole na minha Coca de forma bem lenta, torcendo para que ele concluísse que aquele gesto indicava que talvez eu já possuísse algo para beber. Mas ele apenas me observou em silêncio, com aquele olhar perdido. Desisti e decidi ir pelo caminho mais fácil. Pousei o copo na mesa e engoli o último gole sem pressa alguma.
- Não, nada para beber, obrigado.
- Certo.
E foi-se embora, provavelmente pensando como algumas pessoas conseguem almoçar sem beber nada, e o quanto a vida destas mesmas pessoas deve ser sem graça. Aposto cinquenta reais que, em algum momento entre minha mesa e a cozinha, ele pensou que “eu teria pedido uma Coca”.
Isto tudo ocorreu em aproximadamente cinco minutos, e ficamos por cerca de uma hora no Habib’s, comendo outras coisas. Destes sessenta minutos, passamos pelo menos vinte conversando com o Oswald.
Numa situação normal, eu teria perguntado a ele como era a vida na União Soviética, se ele realmente acha possível a teoria montada pela CIA de que ele teria dado três disparos precisos na direção do presidente em seis segundos. Era uma oportunidade histórica. Provavelmente a CIA me assassinaria ali na calçada da Lins de Vasconcelos assim que eu colocasse os pés para fora do Habib’s, mas era a grande oportunidade de elucidar um dos maiores crimes da história.
Infelizmente, o mistério sobre a morte de Kennedy continua, pois gastei todo este tempo tentando fazer com que Oswald compreendesse algumas ideias complexas, como o que seria um pastel de queijo, e as diferenças entre os conceitos de “este copo vazio aqui na minha mesa” e “a bebida que eu pedi e você não trouxe”, que ele teve grande dificuldade em assimilar.
Uma hora depois, pagamos e fomos embora, sendo acompanhados pelo olhar perdido de Oswald, que parou de anotar o pedido de outra mesa, distraído com o fato de que havíamos nos levantado para ir embora. Isso faz dois dias. Provavelmente, ele ainda está de pé no meio do salão, tentando entender o que aconteceu, e sem compreender como as pessoas podem comer sem beber nada.
E, dentro de sua mente perturbada, perdida entre as palavras “Burger”, “Peperone” e “Coca”, seus dois neurônios guardam a resposta para um dos maiores enigmas da história da humanidade.
30 comentários:
M-E-U D-E-U-S, Rob Gordon! Como você perde a oportunidade de dar o furo jornalístico do século?????
Ok, ok, eu entendo, é preciso zelar pela sua vida. Na próxima, vá com seguranças pra lá. Vai que...
Atendentes do Habbibs: melhorando nosso dia mesmo quando não somos nós lá.
Quero dizer, se eles não estiverem com aquele pequeno troféu da foto, né?!
Algo me diz que os garçons do Habib's ganham uma grana extra pra serem tapados. Lá no Habib's da Augusta tem um que é tão lento e tão bobão que chega a desafiar as leis da física... sem contar que ele não sabe a diferença entre "pastel de queijo" e "fogazza de queijo cremily".
E a esfiha de azia, hahahahahaha, é bem isso mesmo! xD
Pô, sacanagem sua.
O cara foi lobotomizado pela CIA e quando foram apagar o conteúdo da gaveta sniper, apagaram também a gaveta sandwiches, que ficava próximo.
P.S.: Quando eu estava fazendo aquele curso uma vez por mês aí em SP, sempre íamos comer no Habibs da Vila Mariana e pedíamos pastéis de Belém ao final, e canela para jogar por cima. Um dia pedimos a canela e o garçon respondeu: "Não vai ficar bom não". Insistimos e ele: "Mas não vai ficar bom não". Praticamente tivemos que torturar o cara para ele trazer a canela.
Eu teria pedido outro garçom, isso sim.
Correndo o risco de protagonizar um momento "marido traído" (o único que ainda não sabia), você estava a par desta indicação da "Terapia", pela revista Super Interessante?
6 tirinhas legais que você pode acompanhar na internet
http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/6-tirinhas-legais-que-voce-pode-acompanhar-na-internet/
Genial HAHAHAHA
Hahahahahahahahaha! Tô chorando de novo, só que desta vez é de rir. Cada tipo que cruza o seu caminho, heim?
Bjs!
P.S. Não conheço a esfiha sabor azia, mas ela parece deliciosa! Acho que vou no Habib's este fim de semana...
Vc tá ficando louco né?
AHEHAHEAHEHAHE
Seu jênio!
A+ Rob
na hora que ele perguntou o que você ia beber, eu teria ficado com a mesma cara daquele meme do Jackie Chan.
"esfiha de azia"!!! huashaushuashuashuashuashuashuashuashuas
Eu queria TANTO presenciar uma cena dessas!
Rob, como você pode atrair tanta gente maluca? É garçom, porteiro, atendente de telemarketing, entregador de pizza, etc.
Cara, só você mesmo, viu.
Beijão!
Natália:
Se bem que, como ele não parecia ser uma das pessoas mais brilhantes do planeta, não sei até eu iria conseguir arrancar alguma informação dele. Seria capaz de eu ter que trazer ele para casa e mostrar os vídeos do assassinato para ele entender do que estou falando!
Beijos
Rob
Fê:
Se eles estiverem com aquele trofeu, melhor correr!
Beijos
Rob
Elise:
Ri alto aqui com a sua teoria da grana extra! E, olha, pela sua lógica, alguns funcionários ali - como esse da Augusta - já devem estar milionários.
Beijos
Rob
Varotto:
Só voce mesmo para achar uma relação entre "sniper" e "sanduíches" nos esquemas da CIA. :)
Abração!
Rob
Lilian:
Pela cara dos outros, nada teria mudado. Com esse, ao menos, eu conseguia me divertir com o fato de ele ser idêntico ao Lee Oswald!
Beijos
Rob
Varotto:
Já tinham me falado, mas não tinha visto! Demais, né? Cortesia do @otaviocohen!
Abraços
Rob
del:
Valeu!
Beijão!
Rob
Larissa Bohnenberger:
Se for experimentar a esfiha de azia, meu conselho é que escolha um Habib's que tenha uma farmácia por perto. Leve isso em conta, por favor!
Beijos
Rob
G7:
Pelo contrário, estou voltando ao normal! :)
Abraços
Rob
Richard!
Valeu, irmão!
Abraços!
Rob
Rafael:
Tá aí, boa ideia! Na próxima, vou tentar isso! Valeu!
Abraços!
Rob
Kel:
A esfiha é muito azia! Imagine uma massa folhada com toneladas de cheddar meio cru (uma vez, pedi duas e vieram com o miolo congelado) e peperoni de procedência duvidosa.
Haja sal de frutas depois! (O pior é que estou viciado nessa esfiha!)
Beijos!
Rob
Isabel:
A Ana tem uma teoria de que essas pessoas vêm falar comigo porque eu olho para elas. Mas, nesse caso do Habib's, eu não teria como não olhar para o cara, ele era o meu garçom. Ou seja, aí é azar (ou o "Fator Rob Gordon") mesmo.
Beijos!
Rob
Só não entendi porque você não quis beber nada...
heuheuheuhue
Sobre essa teoria da Ana de que você atrai essas pessoas porque olha pra elas, eu truco. Eu sou super para-raio de doido e, às vezes, eles chegam inadvertidamente, de ângulos que eu não poderia tê-los visto. Uma vez, estava na banca de jornal dando uma olhada nas capas, logo na época da notícia do tumor do Gianecchini. Coincidentemente, eu estava na frente de uma capa com a foto dele, mas nem estava olhando pra ela. De repente, não mais que de repente, ouço atrás de mim "É isso que dá ser bi!! Aí, ó, tá vendo? Gianecchini foi ser bi e olha no que deu!" A minha SORTE foi que esse era do tipo "louco passante", ou seja, daqueles que vêm, falam alguma coisa, mas estão só de passagem e não vão te pegar pra cristo na rua e ficar "conversando" tipo horas.
Gomex:
Não abusa!
Abraços!
Rob
Kel:
Outro dia a Ana pagou a língua. Faz uns dois dias estávamos no metrô e entrou um bêbado. Ele se sentou e começou a falar que do salário dele havia sobrado somente vinte reais, que este país era uma merda, que todo mundo ganha dinheiro menos ele, por isso que ele seguiu um caminho diferente da família, já que são todos policiais e ele não vai trabalhar o mês inteiro para ganhar 800 reais, e que ele na verdade como escriturário e se alguém pagar para ele assinar algo que não deve ou assinar por outra pessoa ele assina mesmo e não está nem aí.
Certo. Agora, adivinhe do lado de quem ele se sentou e para quem ele ficou falando tudo isso?
Beijos
Rob
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