(ou: "Como os Beatles Explicam a Vida")
Dentro da casa dos seus pais, tudo ainda é doce.
Existe somente proteção, conforto, amizade e amor.
Você ainda não conhece o mundo,
mas o mundo que você conhece é maravilhoso.
Arriscando os primeiros passos na rua,
surgem os primeiros amigos.
E, com eles, as gargalhadas inocentes,
em brincadeiras e canções e faz de conta.
Mas logo seu coração dispara por alguém.
E tudo o que você quer, mesmo sem saber
ao certo o motivo, é encontrar essa pessoa
de novo. E de novo. E de novo.
Eis que surge alguém que é para sempre.
Ao menos você tem a certeza de que é
para sempre, mas não desconfia que toda vez
é para sempre. E que toda vez será a primeira vez.
Mas, da mesma forma que toda vez
é para sempre, você descobre que nada
é para sempre. Pelo contrário, você
percebe que toda vez será dolorido.
Contudo, você ainda é jovem
e logo consegue superar o coração partido,
porque o mundo ainda é seu.
O mundo ainda é todo seu.
Mas ter o mundo não é suficiente.
Você precisa mudá-lo. Não basta
caminhar sobre ele, você precisa
marcá-lo, modificá-lo, corrigi-lo.
Até a hora em que você decide se tornar
adulto de verdade e sai em busca do seu canto.
Sem se importar em ter deixado dois
corações partidos na casa onde cresceu.
Morando sozinho, descobre o preço disso,
bem como a proteção que existia na
casa dos seus pais, além de amorosa
e carinhosa, era também, financeira.
Assim, você desiste de mudar o mundo
e passa a se concentrar na sua vida.
Você não abandona seus ideais,
contudo não há mais tempo para pensar neles.
E é neste momento que aparece alguém
fazendo você se sentir de novo na primeira vez,
com a diferença que você pensa mais
no presente que no "para sempre".
E, aos poucos, vocês começam a
construir uma vida juntos, tentando aprender
a respeitar e a conviver com as diferenças
entre você e a pessoa ao seu lado.
Contudo, se o amor é honesto, se você
é honesto, isso se torna fácil.
Você não quer mais competir,
você quer a pessoa ao seu lado.
Agora você tem um passado, que,
desde a primeira música, construiu você.
Mas você sabe, também, que o
presente pode ser melhor que as memórias.
Porém, este mesmo presente está
mais perto do futuro que você imagina.
Você não é mais jovem como gostaria...
Você não tem mais tanto tempo quanto imaginava.
Mas a idade traz sabedoria. Você não
quer mais amar loucamente nem pensar nas contas.
Você quer apenas ser feliz, e é.
Especialmente nas pequenas coisas.
Porque, se existe algo que você aprendeu
nestes anos todos é que, muitas vezes,
a melhor coisa que você pode fazer é: nada.
É isso é reconfortante.
E, quanto tudo mais falhar, você sempre
pode correr para as duas coisas que
você mais precisa e que o mantém vivo:
o amor...
...e aquele pequeno punhado de
amigos que estiveram ao seu lado
em todas as canções que você ouviu
e cantou junto, desafinando ou não.
Amor e amigos. E isso é tudo o que você
precisa para entender que, não importa
o que aconteça, basta apenas
viver um dia de cada vez.
23 comentários:
Amigos que se tornam heróis, heróis que, por nos conhecerem tanto, acabam se tornando amigos. Ótimo post. ♥
All together now, please.
Porra, Rob!
Me fazer chorar a essa hora da manhã, no trabalho ainda, é muita sacanagem.
Belíssimo post. De verdade mesmo.
Sensacional, Rob! =D
Acho que ninguém melhor para falar sobre essas duas coisas tão importantes, quanto esses "caras" aí.
E você conseguiu captar isso com uma sensibilidade incrível!
Amei! =)
Bjs!
Da série "porra, por que não fui eu que escrevi isso?".
Doeu.
Fantástico!!!
Adorei o texto com as musicas, mto bom, mto inspirado (e inspirador).
Nem sei dizer o quanto eu achei foda esse post.
Sensacional, Rob, sensacional...
Nossa Rob...sem palavras. Depois eu volto e comento esse post como ele merece.
w-o-w
To arrepiado demais aqui..
E She's Leaving Home é uma das músicas mais lindas, mais fortes que já escreveram até hoje.
(E NINGUÉM usa a palavra "handkerchief" tão bem, em situação nenhuma...)
é por isso que eu não me importo de parecer clichê ou só um maria-vai-com-as-outras quando respondo de boca cheia que Beatles é a minha banda número um.
Beatles.
(L)
Beatles é o pretinho básico da música.
Merda, chorei!
Aiai, Beatles...
Não preciso dizer mais nada.
porra, rob. gosto de beatles por causa do meu pai. eu não vivi a febre, eu não vi eles humilhando as outras bandas existentes, eu não sou beatlemaníaca. mas tem alguma coisa que me faz pensar que eles são os caras que a música precisava.
e você conseguiu descrever a vida de todo mundo, com uma banda que todo mundo deveria gostar. merece uma estrelinha de ouro, no mínimo.
São 02:40 da manhã, estou aqui, no meu quarto, sentada em frente ao computador com um sorriso no rosto e os olhos cheios de lágrimas. Realmente emocionante. Obrigada.
Genial, Rob, excelente post!!!
Ou "Como Beatles fazem meu mundo ter sentido"
Ou ainda: "sobre como nunca vou me recuperar do show do Sir Paul McCartney"
Sensacional! Parabéns!
Tomei a liberdade de copiar e postar no meu blog, espero que não se importe. Com as devidas referências e créditos, claro.
Emocionante, sensacional!
maravilhoso sempre
Queria conseguir escrever um comentário bem bacana falando de como você conseguiu explicar um dos motivos de amá-los tanto, há tanto tempo. Não vou conseguir deixar esse comentário legal, mas tudo bem, o mais importante é agradecer por um post tão lindo.
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