25 de agosto de 2010

Desconstruindo @robgordon_sp

Eu já roteirizei o GPS de vários famosos e celebridades. Eu já escrevi as regras e o alfabeto. E Galvão Bueno? Já o fiz narrar desde Banco Imobiliário até a minha segunda-feira. Participei de um Big Brother – ou, ao menos, escrevi tudo o que eu iria fazer ali dentro. E, mais recentemente (ontem, na verdade), montei uma banda.

Tudo isso no meu Twitter. E tudo isso em minutos.

Isso porque quem me segue no Twitter sabe que, às vezes, eu tenho surtos com algum assunto. Há quem diga que é genialidade, há quem diga que é autismo. Como eu imagino como esse processo acontece, eu escolho “autismo”.

Porque é assim: como eu já disse aqui, trabalho com 80% da capacidade do meu cérebro. Os outros 20% são uma força à parte, que trabalham sozinhos e de forma independente. Eu não tenho o menor controle sobre eles. São neurônios que ficam numa área obscura da minha mente, esperando, esperando, esperando...

E de repente, encontram. Uma frase, um assunto, uma palavra surge na minha frente, acendendo um fósforo naquela região do meu cérebro que explode como um barril de pólvora. E aí eu perco totalmente o controle – daí o nome “surto” – e começo a disparar piadas atrás de piadas, com a velocidade de uma metralhadora, construindo, literalmente, um castelo de bobagens, massacrando o tema por todos os lados possíveis e imagináveis.

Não estou falando aqui que as piadas são boas ou não. A questão é: eu não controlo. Mesmo. E é muito rápido. Eu estou digitando a bobagem de número 8 já pensando na de número 11. Por isso que às vezes eu começo a receber RTs e replys, mas não consigo acompanhar, porque mal estou dando conta de mim mesmo, não vou conseguir responder os outros também.

Me estimula, me desperta, me satisfaz e aí acalmo. É quase um orgasmo verbal.

E sempre fui assim. Isso não é exclusivo do Twitter. Sempre fui desse jeito, passo o dia todo procurando assunto para transformar em bobagem, e quando encontro, explodo.

E o melhor de tudo é quando alguém acompanha.

No Twitter, os mais notórios são o @ericfranco e o @tylerbazz, que funcionam na mesma toada, mas eu tinha um amigo na faculdade que a coisa era impressionante. Passávamos o dia inteiro assim: um levantando para o outro cortar, de forma ininterrupta (é o mesmo amigo que compartilha da minha insanidade obsessiva em encontrar pessoas parecidas), construindo piada em cima de piada em cima de piada em cima de piada, até esgotar o assunto. Na verdade, tenho isso com muita gente, desde que era moleque e morava em Moema, mas com esse meu amigo a velocidade era (ainda é) espantosa – estou falando de combos de 15, 20, 30 piadas em questão de minutos.

Mas hoje isso acontece muito no Twitter por dois motivos. Primeiro, não tenho mais idade para ficar largado na escada da faculdade, e passo a maior parte do meu dia online. Segundo, porque o Twitter, para mim, não é uma rede social, ou um microblog, ou uma ferramenta virtual, ou como quer que ele seja chamado.

Para mim – e isso é algo bem pessoal – aquilo equivale a uma mesa de bar. E mesa de bar, durante muito tempo, foi meu habitat natural. Já faz tempo que eu reparei nisso, eu me comporto no Twitter como me comportava no bar da faculdade, em semana de trote (quem estudou comigo, sabe como era): eu tomo uma cerveja na mesa A, sacaneio alguém na mesa B, converso sobre política na mesa C, discuto cinema na mesa D, reclamo da vida na mesa E. Ando para lá e para cá com um copo de cerveja na mão, batendo papo com todo mundo. E falando bobagem.

Porque eu sempre tive a necessidade de falar bobagem. É como se meu cérebro começasse a inchar por causa do trabalho daqueles 20% de neurônios, e, de repente, eu precisasse colocar tudo para fora antes que me torne uma espécie de homem elefante.

E ainda tenho esta necessidade. Eu e esse amigo da faculdade, por exemplo, ainda nos encontramos sempre que possível para jantar e falar bobagem. Fugimos do trabalho, das namoradas, da rotina, para nos desafiarmos o tempo todo a não deixar as piadas – sobre qualquer assunto – acabarem. A coisa já chegou ao cúmulo de, depois do jantar, cada um ir para sua casa, mas continuarmos a destrinchar o último tema de piadas por mensagem de texto, até esgotá-lo.

Mas isso é algo que faço (por prazer e para manter a minha mente afiada) e não o que sou. Apesar dos meus 20% de neurônios não me obedecerem (e não me obedecem mesmo, às vezes eu começo a pensar em surtos de piadas quando não posso, e preciso sair correndo para rir sozinho em algum lugar), eu sou os outros 80%, que são exatamente o que você lê aqui.

(E, sim, a pessoa que posta 10 ou 15 tweets com a tag #galvãonarrandobancoimobiliário é a mesma pessoa que escreve no Chronicles, caso você tenha se perguntado isso um dia.)

Por isso que, mesmo tendo mais seguidores no Twitter que no blog, mesmo escrevendo mais no Twitter que no blog, eu gosto de pensar “que eu estou no Twitter, mas eu sou no blog”.

Eu existo de verdade, mesmo, aqui no blog. O Twitter, mesmo tendo sido o lugar onde conheci muita gente bacana – e que fez muita gente conhecer meu blog, o que é mais bacana ainda – é um brinquedo para mim e sempre será. É onde relaxo quando estou online. E a melhor forma que eu tenho de relaxar é falando bobagem. Some a adrenalina do meu dia com a velocidade de raciocínio que eu tenho (não gosto de colocar as coisas nestes termos, mas sim, tenho, especialmente pra boçalidades) e multiplique o resultado por algum assunto que causa a faísca. Pronto: metralhadora.

Por isso, se você me segue no Twitter, não se espante se de repente eu enlouquecer e começar a soltar piada atrás de piada sobre determinado assunto. Logo isso passa e eu volto ao normal. É um surto.

Mas fique preparado, porque logo vai acontecer de novo. Falar bobagem é uma das minhas drogas, não consigo ficar sem fazer isso.

15 comentários:

Varotto disse...

Já antes de ler o text, repito o comentário que fiz no texto do "Ciksrrundredi", para não correr risco de perder o apoio popular. Lá vai:

"Cara, te perturbei hoje no MSN com aquela babaquice do sonho, e acabei me esquecendo do principal que eu queria te falar.

E vou aproveitar para fazer isso em público, porque certamente vou ter apoio do povo.

Quanto àquela velha sugestão do seu livro publicado, em que temos insistido de vez em quando, tenho um bom exemplo para você sair do armário.

Você conhece o blog "Mundo Gump"? Pois é, é um bom blog, mais ou menos no estilo do Champ, com histórias cotidianas.

Pois, recentemente, o Philipe, dono do blog, lançou um livro com histórias selecionadas, e foi até entrevistado no Programa do Jô, em mais de um bloco (http://www.mundogump.com.br/minha-entrevista-no-programa-do-jo/).

O que você está esperando seu maldito?!?"

Tyler Bazz disse...

É divertido. MUITO divertido.

Varotto disse...

E aqui, a página que "vende" o livro:

http://www.livro.gumpworld.com/

Está esperando o que???

Tyler Bazz disse...

Aliás, faz tempo que o Galvão não aparece..............

Varotto disse...

Agora eu li.

E tenho de confessar que pensar merda também é uma das minhas atividades preferidas.

MaxReinert disse...

hehehhehe....

Todo mundo tem seus "dois lados" (ficou meio gay isso!).... mas, quem me conhece, muitas vezes, não entende as histórias que eu escrevo no meu blog... dizem que não tem nada a ver comigo....

Deu pra entender o que quis dizer? Não, né? Nem eu entendi!

Enfim... tem horas que a gente fala muita merda mesmo.... e é ótimo@!

Ana Savini disse...

Vou comentar só para apoiar o Varotto.
Porra, Rob Gordon, ele tem toda razão e você sabe disso!

O que você está esperando seu maldito?!? [2]

(Eu não te chamaria de maldito normalmente, mas ok, tá valendo pq vc mereceu hahahaha)

Climão Tahiti disse...

O melhor de não ter neuras com algumas coisas é poder falar o que quiser do jeito que quiser sem culpa.

Sil disse...

Particularmente, eu adoro quando você surta no twitter. Gostaria de ter sua eloquência em tão poucos caracteres ^_^
Beijo

Pedro Lucas Rocha Cabral de Vasconcellos disse...

Não tenho capacidade criativa para "surtar", por isso mesmo seus surtos me divertem muito.

E realmente, o galvão deu uma sumida...

Rafa disse...

Ow ow ow... meu comentário apagado pq lhe critiquei?

Rob Gordon disse...

Rafa:

Comentário apagado? Me criticou? Oi?

Sério, não faço ideia do que você esteja falando. Tem como postar novamente?

Abraços

MarianaMSDias disse...

"Para ser grande, sê inteiro, nada teu exagera ou exclui..." Tenho certeza que conhece isso, não? Sim, Fernando Pessoa também é fodástico!

Pois é, Rob, não somos 10, 20 ou 30% de nada não, somos isso, em partes, mas inteiros!

Porque o lado "surtadinho", ou o lado "perturbadinho", como vc disse, é apenas o que encanta esse todo tão imaginativo que é esse tal de Rob Gordon...

E a gente sabe, Rob, que por trás de todos esses surtos,de toda risada de si mesmo e das situações mais esdruxulas, de cada vez que vc deu tchauzinho lá pra câmera do Senhor, por trás disso tudo tem aquele que não tem pseudônimo, que chora e ri também, mas que sente muito mais do que pode falar, que vê muito mais do que pode sentir.

Eu sei, Rob. Eu sei.

"...sê todo em cada coisa; põe quanto és no mínimo que fazes; assim em cada lago, a lua toda brilha porque alta vive."

Beijos para o meu doente predileto!

Anônimo disse...

Ficamos agradecidos por (quase) sempre estar drogado :)

Encaro o Twitter de forma parecida, não com tantos momentos genias como você, mas a forma como vê a coisa...

Anônimo disse...

Em apoio ao Varotto:
Eu escrevi para o Jô... a alguns meses
Agora colabora e escreve o livrouero ver sua entrevista.