3 de maio de 2010

Sssshhhh!

Eu tenho uma televisão Full HD, um aparelho de Blu-ray e um home theater. Não, não sou milionário. Tenho isso em casa porque respiro cinema desde que me conheço por gente, e respiro seriados desde que eles começaram a ser lançados com freqüência no país. Boa parte do meu investimento é voltada a isso.

E, dada esta minha paixão por filmes, chega a ser contraditório o que eu vou falar agora, mas eu estou cada vez mais propenso a desistir de ir ao cinema. Não vou entrar aqui no mérito dos longa-metragens estarem bons ou ruins, ou do preço estar alto ou baixo. Não, meu ponto é diferente: eu simplesmente não consigo mais lidar com as pessoas – ou melhor, com a falta de educação delas.

Não sei se estou velho demais, mas, no meu tempo, falta de educação no cinema era falar alto, chutar a cadeira da frente, e mais nada. Eu mesmo converso no cinema. Às vezes, eu e a Sra. Gordon falamos o filme todo, mas sempre sobre o filme, e, mais importante: num volume em que ninguém, além de nós, ouça. Afinal, as outras pessoas querem assistir ao filme. E, se eu paguei o meu ingresso, elas também pagaram. Qualquer pessoa com QI acima de 12 consegue compreender isso.

Mas a cretinice humana vem se desenvolvendo e se aperfeiçoando a níveis dantescos, que – juro – me deixam com vontade de levantar no meio do filme e ir embora. Ou partir para o tapa (coisa que eu já quase fiz no cinema, mais de uma vez, após, no meio do filme, levantar e pedir educadamente se as pessoas da fileira da trás não poderiam calar a porra da boca).

Mas simplesmente não dá mais. E isso vem acontecendo já há um bom tempo.

Ontem, por exemplo, fui ver Alice com a Sra. Gordon. Achei o filme uma enorme bobagem, talvez o maior erro na carreira do Tim Burton. Mas a platéia definitivamente conseguiu piorar o filme. Fomos assistir a versão em 3D, no Eldorado – quase R$ 40,00 de ingressos. E, assim que chegamos à sala, conseguimos uns assentos bons, lá em cima. Nos instalamos e começaram os trailers.

Aí, pronto. Ninguém ouve mais nada.

Porque, evidentemente, ninguém assiste a trailers. As pessoas aproveitam os trailers para colocar o papo em dia. E eu, pobre de mim, adoro trailers. Sempre adorei. Assim, eu e mais uma ou outra pessoa que está interessada naquilo assumimos a tarefa quixotesca de soltar uns “shhhh” no cinema, mas somos totalmente ignorados. Porque, hoje em dia, os trailers, são apenas uma desculpa para reunir os amigos e ficar conversando. Os trailers são o churrasco do cinema.

Aliás, qualquer dia vou entrar naquelas sessões gratuitas que o Cinemark faz na hora do almoço, exibindo somente trailers, apenas para me certificar de que as pessoas vão estar conversando abertamente lá dentro. Mas eu não me espantaria se tivessem instalado um globo de luz e começado uma festa dentro do cinema, com pista de dança e open bar de pipoca e Coca-Cola, com os trailers passando ao fundo.

Bom, acabaram-se os trailers e começou o filme. Curioso é que existe um período de tolerância – de aproximadamente cinco minutos – para as pessoas calarem a boca. Afinal, elas estavam conversando durante os trailers, e como os filmes começam sempre de forma abrupta, é indelicado das outras pessoas esperarem que elas simplesmente terminem a conversa sem concluir o assunto.

Passam-se os cinco minutos iniciais e aí, sim, você começa a assistir ao filme de verdade – isso, claro, se você relevar os barulhos de embalagens abrindo, de pessoas colocando tufos de pipoca na boca e sons das últimas gotas de Coca-Cola sendo chupadas pelos canudos. E, quer saber? Eu relevo. Eu sei que estou num local público, e as pessoas têm, sim, o direito de comer essas bobagens no cinema.

Mas hoje foi pior. Assim que o filme começou, dois vultos surgiram na minha frente. Estava quase me virando para a Sra. Gordon e comentando que o 3D deste filme era impressionante, que parecia que as pessoas estavam fora da tela, mas mudei de idéia porque percebi que elas estavam fora da tela. Tratava-se de um casal que chegou ao cinema com quase dez minutos de filme.

E, o interessante é que eles ficaram em pé, no meio da sala, procurando lugar, sem se importar com o fato de que estavam na frente dos outros. E olhavam ao redor, apontavam para um lado, acendiam o celular para enxergar melhor, discutiam em voz alta se aquele ali no canto não era melhor. E sem pressa, claro. Afinal, o importante é conseguir o melhor lugar.

Claro que o melhor lugar era ao meu lado.

Assim, Sr. E Sra. Imbecil se sentaram ao meu lado – o que por um lado foi bom, pois fez com que a menina que estava sentada atrás de nós recolhesse suas perninhas que estavam gentilmente pousadas sobre o encosto do banco ao lado da Sra. Gordon. Pulamos uma cadeira para o lado e a desconjuntada da fileira de trás se sentou direito.

Às vezes eu me sento esparramado no cinema? Evidente que sim. Existem filmes em que eu me sento igual uma puta no cinema, com uma perna esparramada para cada lado. Mas eu faço isso quando o cinema está vazio. E se uma pessoa se senta a cinco metros de mim, eu me ajeito e me sento direito, não apenas por educação, mas também por vergonha do jeito que eu estava sentado.

Enfim, voltemos ao casal. Eles se sentaram ao meu lado e vi que eles carregavam diversos pacotes de comida. Ou seja, eles não estavam atrasados porque não encontraram lugar para estacionar o carro, ou porque haviam sofrido alguma espécie de acidente ou porque estavam num hospital se despedindo de um parente que, com câncer no estágio terminal, iria morrer naquela tarde.

Eles estavam atrasados porque estavam comprando comida. Não, não é pipoca. É comida.
Assim, a Sra. Imbecil abriu um pacote – que, pelo barulho, deveria ser de papel celofane – e começou a comer algo que ficava entre uma fogazza e um daqueles mistos quentes feito com pães de forma. E o Sr. Imbecil abriu outra embalagem e começou a se deliciar com algo parecido.

Bom, eu já passei por isso. Uma vez, estava – também com a Sra. Gordon e uma amiga – no Espaço Unibanco – onde, nunca é demais lembrar, a elite cultural de São Paulo se reúne – para assistir a Milk, e uma menina sentada atrás da gente (que usava dreadlocks presos num rabo de cavalo que a deixava parecida com um temaki) começou a comer um X- Salada no meio do cinema. Eu queria morrer.

Mas o casal Imbecil conseguiu superar até mesmo isso. Dois minutos após começarem sua refeição, o Sr. Imbecil se levanta, pede licença para as outras pessoas, vai para a escada, desce umas duas fileiras e se agacha, conversando com alguém. Eu não conseguia mais assistir ao filme, só conseguia olhar aquilo e tentar entender o que estava acontecendo. Ele voltou, pediu licença e se sentou novamente. Cinco minutos depois, ele fez a mesma coisa.

Ou seja, aparentemente, eles estavam em três (talvez Sr. Imbecil, Sra. Imbecil e Filho Imbecil?) e o Sr. Imbecil precisava, a cada três minutos, ir falar com o Filho Imbecil, para ver se ele estava comendo direito, ou para perguntar se ele não queria mais uma coxinha, ou para saber se ele não podia emprestar o molho de pimenta. Tanto faz.

Mas, sabe... Deixe de lado o inusitado da situação. O que me mata é a naturalidade com que as pessoas fazem isso. Elas conversam em alto e bom tom, como se estivessem na própria casa, andam descalças para lá e para cá no meio do filme, puxam coxas de frango de dentro da bolsa e começam a comer, limpando os dedos engordurados em você.

Aliás, estou começando a desconfiar de que elas não são folgadas. Eu que estou errado. Por ficar quieto no meu canto assistindo ao filme (ou tentando, ao menos), devo me passar por fresco, arrogante e metidinho a intelectual.

Não dá mais. Não dá mais para ir ao cinema. A falta de educação das pessoas chegou a níveis alarmantes. Nada me tira da cabeça que aquele sujeito que, no final dos anos 90, levantou no meio do cinema (Se não me falha a memória, em uma sessão de Clube da Luta no Shopping Morumbi), e começou a atirar nas pessoas fez isso porque ninguém calava a boca ali dentro e ele queria ver o filme.

Assim, eu tenho uma nova meta na minha vida.

Se as pessoas levam comida para dentro dos cinemas, eu vou levar um macaco.
Vou descolar um chimpanzé em algum lugar, colocar uma roupinha nele, um boné, e entrar numa sala lotada, segurando ele pela mão. Se o pessoal do Cinemark tentar me impedir, eu vou explicar que “ele é meu filho, tem um problema de pelos no corpo e já é discriminado o suficiente na escola, e se vocês não o deixarem entrar para assistir ao filme eu processo essa merda”.

E, prometo que no meio do filme, vou pegar uma banana, descascar, jogar no meio da platéia e soltar o macaco. E, claro, vou filmar tudo. E prometo também que os seguranças do cinema vierem reclamar comigo, eu vou falar que “ele desistiu de assistir ao filme porque as pessoas não paravam de conversar e resolveu ir comer”.

E vou insistir neste argumento até conseguir o dinheiro dos ingressos de volta. Dos dois ingressos: o meu e o do meu macaco.

Update: este post foi fechado para comentários, pois ele se tornou alvo de spams, e eu não tenho mais saco de ficar vindo aqui todos os dias para apagar os "Enlarge your Penis" que recebo.

41 comentários:

Eric Franco disse...

É um problema sem solução, afinal em um lugar com mais de 5 pessoas juntas, a probabibilidade de ter pelo menos um imbecil é imensa. As vezes eu penso que é apenas mais uma ótima ocasião pra maltratar alguém (já que eu não vou conseguir ver o filme), mas aí eu lembro que posso maltratar as pessoas de graça na rua e volto a me concentrar.

Eu fiz um post uns tempos atrás, citando algumas histórias verídicas: http://orabujo.blogspot.com/2007/06/always-look-on-bright-side-of-life.html

Meu Top 5 queria atirar em alguém no cinema.

- Quarteto Fantástico
Eu simplesmente arremessei minha mochila pra fileira de trás em cima de uma menina que chutou minha cadeira por 15 minutos ininterruptos.
- Mandando Bala
Depois de 90 minutos das cenas mais absurdas possíveis (como matar alguém com uma cenoura), em uma cena "quase" comum o sujeito diz "que mentira!"
- O Amor Não Tira Férias
Garotinhas de 15 anos ovulando.
- Zodíaco
Um serial killer começa a matar sua vítima e a pessoa diz "que ridículo". O que ela estava esperando? Um piquenique?
- Scoop
Um tiozão com voz de Cid Moreira, puxando papo sobre a vida pregressa do Woody Allen

O Lerdo disse...

Por essas e outras eu vi Avatar no Carnaval. E verei Harry Potter 7 bem longe da estreia. Onde tem filmes badalados, tem espectadores desmiolados. Eu me pergunto: pra que pagar caro pra não ver um filme e atrapalhar o programa dos outros?

Pedro Lucas Rocha Cabral de Vasconcellos disse...

Sim, você está velho, careca, e ranzinza! Porém tem sempre um lado bom, eu sou tão ranzinza quanto, e só tenho 20 anos (e ainda tenho cabelo, graças a Deus).

Tive que me segurar para não rir na parte do macaco, sério, está comprada a idéia!

Aqui no canadá até que o pessoal é mais bem educado, porém os cinemas não tem lugar marcado ainda...

Lucas Casasco disse...

Nessas horas eu agradeço por morar em Taiwan! o/
Lugares marcados, povo educado, cinemas descentes e o melhor de tudo, um preço baixo pelo programa.

Pra mim sai caro, o cinema mais próximo da minha cidade fica na capital do estdo, duas horas daqui. Mas mesmo assim, se eu vou pra lá fazer qualquer outra coisa eu sempre dou um jeito de ir assistir algo.

Mas é isso ai. Brasileiros são assim mesmo, eu fico imaginando como será minha vida daqui três meses, quando eu voltar pra esse país maravilhoso onde eu não poderei andar na rua tranquilo, levar meu note pra onde eu bem entender, comprar comida com menos de um real, deixar a bicicleta destrancada na rua, andar de madrugada nas ruas da maior cidade do país sem ter de se preocupar com assalto, sequestro ou qualquer coisa. Mas acho que o pior é pensar em como a minha vida vai ser sem ter trêm pra ir pra onde quiser por um preço ridículo.

Compre o macaco Rob! Compre o macaco!

Dani Cavalheiro disse...

A humanidade não deu certo, esqueceu? E para o Brasil foram mandados aqueles que deram menos ceto ainda.

Barlavento disse...

Eu só queria saber porque você cortou a Sra. Gordon do dia do Macaco? Poxa, no momento mais legal você é daqueles que dispensam as mulheres?

Ana Savini disse...

Por isso que eu sou vou no cinema do Shopping Plaza Sul às quartas-feiras à noite. As pessoas que frequentam esse shopping não tem o cinema como diversão na vida delas. Vi Alice com mais 5 pessoas na sala e só. Já cheguei a ver filme sem mais ninguém. Chego, compro o ingresso, pago o estacionamento, entro no cinema sem ninguém e vou embora. Uma maravilha.
Como eu me matei de rir com o post, um dos mais engraçados dos últimos tempos, só vou fazer apenas um comentário sobre Alice. O que você esperava? Um Edward? O filme é exatamente aquilo que mostrava o trailer. Não sei pq tanta expectativa. Todo mundo se deixa levar demais pelo marketing da Disney. O legal do filme são as referências, o estilo Tim Burton, a fotografia, o toque de humor negro, o Johhny Deep (hahhahaha não resisti)... Não é um filme p/ Oscar.
E sim, o cara que saiu atirando na galera foi no Clube da Luta no Shopping Morumbi. Ele deve ter pego o filme "Um dia de fúria" como exemplo. Aliás, esse filme é um clássico! Michael Douglas realiza um sonho de todos nós! hahhahahha

Bia Nascimento disse...

Sinceramente, eu não consegui dar risada nesse post pq eu geralmente passo pelas mesmas situações toda vez que vou ao cinema. A sorte das pessoas inconvenientes é que eu ainda não tenho porte de arma (veja bem, eu disse Ainda!).
Sinto muitas saudades da minha época de colégio, quando podia ir no cinema no meio da semana e pegar as salas praticamente vazias... Eu era feliz e não sabia.

Renata Schmitd disse...

fogazza/misto é pinto. já comeram um PIZZA GG atrás de mim, com muita, mas muita cebola. já desisti de esperar o mínimo de educação no cinema.

Rob Gordon disse...

Ana,

Respondendo rapidamente sobre o filme:

O que eu esperaa era um filme do Tim Burton, e não foi isso que encontrei. O roteiro é confuso (passa a impressão de que você está assistindo ao segundo capítulo de uma trilogia, mas sem ter visto o primeiro), deixando o espectador totalmente perdido em muitas cenas - e o fato de muitos personagens falarem frases-chave em idiomas estranhos não ajuda em nada.

Em Senhor dos Anéis isso funcionou, mas em Alice não. O Johnny Depp está bem (nada de excepcional, apenas bem), mas seu personagem é confuso, e passa o filme inteiro ameaçando ter um surto psicótico que não acontece. Isso sem falar que aquela cena final, da dança, é do mesmo nível de constrangimento da dancinha do Peter Parker em Homem-Aranha 3. A impressão que dá é que pensaram: "o Depp sempre faz personagens estranhos e o personagem é estranho, vai escrevendo qualquer coisa aí, que o público engole".

E a Alice... Você não consegue criar simpatia pela personagem, de tão arrogantemente chata que ela é nos primeiros quinze minutos. Quando ela pergunta para a mãe "e se o padrão fosse usar um bacalhau na cabeça, você usaria?", eu pensei "mas quanto anos ela tem? quatro?"

Assim, as duas únicas coisas que gostei do filme foram a Helena Bonham-Carter e a fotografia (eles tomando chá naquela pântano é sensacional).

Aliás, é isso: eu esperava um filme do Tim Burton e acabei assistindo a um As Crônicas de Nárnia com o Tim Burton como diretor de fotografia. A impressão que fica é que quando o universo não é criado por ele (Alice, Batman, Planeta dos Macacos) ele se atrapalha todo.

Lígia disse...

Eu não consigo ver filme sem estar munida de coisas pra comer em quantidade suficiente para toda a duração da projeção. Tem que ter doce, salgado e, claro, algo para beber.

E também não consigo assistir filme sem estar bem confortável, o que para mim significa uma perna pra cá, uma pra lá e a coluna o mais torta e desconjuntada possível.

Só que eu tenho o bom senso de, sempre que possível, ir nas sessões que eu sei que vão estar vazias: cine bombril numa quinta à tarde, bristol num sábado de manhã ou gêmini bom, a qualquer hora. Com a vantagem adicional de sempre pagar preços ridículos nesses horários. =)

Mas, quando tem que ir numa sala lotada, não tem jeito, me comporto. Sento direitinho na cadeira e abro todas as minhas embalagens antes de filme começar.

Achei sensacional a idéia do macaco. Eu ia falar pra, dá próxima vez, você levar uma sacola de mexerica também ("ué, todo mundo está comendo, porque eu não posso?"). Mas daí eu lembrei que você seria o primeiro a ser afetado. Hahahaha...

Ana Savini disse...

Sou obrigada a concordar com "aquela cena final, da dança, é do mesmo nível de constrangimento da dancinha do Peter Parker em Homem-Aranha 3". WTF essa cena??
Mas então, eu concordo com você em muitos aspectos, mas meu olhar, principalmente com o Tim Burton, sempre se deslumbra com a fotografia. Não consigo evitar... Como em Sweeney Tood. Eu odeio filmes musicais. Beira o insuportável para mim. Não via a hora do filme acabar. Mas porra, a fotografia!! Os figurinos!!! Foda...

Varotto disse...

Too old for this shit mode: ON

Como um sábio falou uma vez: pra conseguir civilização, só dando muita porrada.

Infelizmente, as pessoas que entendem somente com palavras são minoria. A maioria têm de sofrer para entender.

Como um cara que, em plena década de 2000, acendeu um cigarro no meio do filme a duas fileiras na minha frente.

O sujeito foi expulso da sala, o que foi melhor para ele, com certeza, porque ele ia ser linchado, e acabou fumando o cigarro mais caro da vida dele.

E ainda levantou para ir embora com aquele jeito de não-fiz-nada-de-errado-estou-indo-porque-eu-quero-e-me-deu-vontade-de-ir-vocês-não-mandam-em-mim.

O mundo só funciona por medo de porrada.

Simone Miletic disse...

Assisto as sessões das onze da manhã agora, são vazias e sempre penso que a pessoa vai ter preguiça de acordar mais cedo só para ser mal educada - eu tenho de acreditar nisso.

Mas tem algo que me deixa p$#@ mesmo na sessão das 11h00: sair assim que os letreiros começam a subir. Se tava com pressa foi ao cinema porque?

Sim eu quero ouvir a música final, sem eu quero saber o nome do ator que fez ponta de 30 segundos e quero saber o nome da cidade em que foi filmado e quero fazer isso em paz sem gente levantando nem aí para mim e, pior, falando como se estivesse em feira livre.

Affff, somos todos velhos e acabados.

Alexandre Greghi disse...

Robs... tá pra acontecer a "virada cultural" novamente cara.... lá pelo menos se não da pra ver o filme, da pra ver o público!

Anônimo disse...

Rob, você não está sozinho. Já quase saí no braço com duas marmanjas que resolveram conversar no celular no meio do filme e mandei-as desligar a porra do telefone porque eu paguei pra ver - e ouvir o filme , não a voz dela. O filme era Ilha do Medo.
Doutra, um casalzinho adolescente fazendo sexo durante a sessão de The Ugly Truth. Quase chamei o Conselho Tutelar, sério. E ambas as sessões eram as promocionais de quarta-feira, não havia muita gente na sala.
A última vez foi Chico Xavier. Desconfio que a maioria da audiência era espírita, claro, e eles deram um SHOW de educação. Foi a sessão mais gostosa e mais tranquila a que assisti recentemente. O resto são bucéfalos que deviam estar enjaulados, e não convivendo com outros seres humanos. Pronto, falei.
Por essas e outras que espero os filmes saírem em DVD. =/

Rafiki Papio disse...

Que coisa, eu estou indo assistir Alice daqui a pouco e parei para ler o seu texto. Quando penso em ir ao cinema, e vou com frequência, para ver um filme que eu sei que vai dar público, eu já imagino tudo isso que você escreveu aí. Outra coisa, enquanto lia o seu texto não me escapava à mente a história do cara e da metralhadora no cinema, antes mesmo de você citar isso num dos parágrafos finais.

É por esse tipo de coisa que eu aprendi com meu pai a não gostar de multidões,(mais de 5 já é multidão, certo?) mas enquanto eu não possuir um cinema em minha casa, eu não tenho escolha. Gosto muito da poesia que existe em ir ao cinema, é uma pena que essa poesia esteja desaparecendo.

Persona disse...

Cara, gargalhei com a história do macaco. Você pode me avisar com antecedÊncia pra que eu possa presenciar a cena? Gravado não tem graça!

Me vi no seu post. Eu sei que sou uma mulher de muitas neuroses, mas barulhos no cinema está me deixando cada vez mais.

Eu AMO cinema. Já cheguei a passar um final de semana assistindo a todos os filmes em cartaz. Fato que agora ir ao cinema me irrita absurdamente pelos mesmos motivos que você citou. O pior de tudo é que quando acontece uma coisa dessas, seja a conversa inoportuna ou o barulho de papéis de doces, acaba com o fime... eu sei que parece loucura, mas eu fico tão irritada que perco uma boa parte do filme pensando se dou uns tapas na pessoa ou não... isso só pra começar, porque eu sempre imagino em cara louco entrando no cinema e fuzilando aqueles cretinos, como em "Um Dia de Fúria".

Estava até pensando em escrever um post sobre isso, mas você saiu na frente.. muito bom!

Natalia Máximo disse...

É, Rob, tá cada vez mais foda ir ao cinema. Seria hipocrisia minha falar que, quando eu era pré-aborrescente, não fazia barulho no cinema. Na verdade, acho que eu e meus amigos só íamos ao cinema para fazer barulho. Mas me arrependo muito disso e, pelo jeito, estou sendo seriamente punida. Mas dei um jeito de escapar do julgamento divino e, mesmo que seja mais cansativo no dia seguinte, eu opto pelas últimas sessões. Lá, normalmente, só vai ter o pessoal que saiu de suas casas às 23h para ir ao cinema porque queria fazer isso mesmo: ver um filme!

Pri disse...

Eu amo cinema também, mas confesso que esse tipo de coisa me frustra, porém desenvolvi a brilhante capacidade de deduzir o dia melhor a ir ao cinema... não sei como, mas sempre que vou está vazio!
Boa sorte com o macaco Rob!

Arthurius Maximus disse...

A conclusão final do seu texto é perfeita. Você é um folgado FDP. Afinal de contas, no Brasil, ter educação e respeitar os outros é coisa de fresco, de rico ou de otário. Quiçá, para uma "elite ruminante´. Aí, vira coisa de alienígena!

Fagner Franco disse...

Me chame pra essa sessão, por favor! Ou só eu acho que vai ser a coisa mais engraçada do mundo?rs
Bela, Rob!

Tyler Bazz disse...

"A falta de educação das pessoas chegou a níveis alarmantes."
Muito!

Eu costumo dizer que sou um velho ranzinza. Nós dois sabemos que vc também é. Mas eu me RECUSO a aceitar que no caso do cinema, o chato seja eu.

Robissaum disse...

que bom saber que não estou só!

CAMALEÂO no AQUÀRIO disse...

Ótimo texto. E, a propósito, ótimo investimento o seu em incrementar o seu cinema particular. Pelo menos em casa você não corre o risco de Metralhar ou ser metralhado em uma sessão de cinema!

Abraços...

Fábio Megale disse...

A melhor coisa que já me aconteceu chama-se "cabine de imprensa". Pelo menos os críticos de cinema, jornalistas e etc tem o hábito de só conversarem antes e depois das seções.

Mas às vezes tenho de me misturar. Essa semana aconteceu com Iron Man 2.

Fui assistir esperando encontrar nerds e expectadores ansiosos para ver a Scarlett, e o que eu encontrei foi emos ansiosos para ver a Scarlett.

"Curiosíssimo e curiosíssimo", citando Alice.

André disse...

Apesar de viver em uma cidade excluída geograficamente (Goiânia), o pessoal daqui se comporta de forma até satisfatória. Tive pouquíssimos problemas em sessões aqui. Claro que existe a possbilidade cósmica do destino ter me feito com sorte para ir ao cinema, mas nunca se sabe.

Kel Sodré disse...

Eu já cheguei à conclusão de que a falta de educação das pessoas não tem limites há tempos. Além do cinema, posso te citar uma série de outras situações em que é possível comprovar isso: é a madame que larga o carro em fila dupla com a porta aberta pra desovar o filho na escola; é a outra que larga o carrinho que acabou de usar na boca do caixa do supermercado pra você tirar; é o cara que não dá "bom dia" pro ascensorista; o policial que joga o carro em cima dos pedestres que estão atravessando na faixa... Poderia citar mil.

O que todos eles têm em comum é o fato de que, quando me afetam, eu faço questão de reclamar. Já disse isso aqui e vou falar mais uma vez: me recuso a simplesmente aceitar que a humanidade não deu certo. Me recuso a achar que isso é normal e ficar calada. Me recuso a justificar a falta de educação das pessoas com o fato de "as pessoas serem mal educadas mesmo". Porque eu acho que, se eu me espantar com cada uma dessas coisas, eu vou procurar ser uma pessoa melhor e vou educar meus filhos segundo esses preceitos. Já são mais duas ou três pessoas no mundo que não corroboram pra esse cenário vexatório.

Ewaldy Marengo disse...

Posso até ser um Sr. Imbecil, mas tem algo q eu passo sempre q vou ao cinema, e me deixa meio mal.
Eu ODEIO (sim, em caixa alta) pipoca. E adoro comer enquanto assisto filmes. Mas, além da pipoca, mais nada é vendido em shoppings ou supermercados com uma embalagem prática e q não faça barulho (me recuso a levar um balde de frango do KFC). Por isso geralmente levo algum salgadinho ou lanche. Óbvio que faz barulho. Óbvio que eu tento fazer o mínimo de barulho ou causar o mínimo de incômodo aos outros, mas é difícil. Ontem mesmo fui ver homem de ferro, e levei pão de queijo comprado no mercado ao lado do shopping. Só não me senti tão mal, porque deveria ter umas dez pessoas, sentadas em cantos separados do cinema que pareciam querer conversar entre si sem levantar de suas cadeiras. Eu tava quase pedindo pra eles usarem o celular... pelo menos eles não precisariam gritar...

Júlio disse...

Eu estou no mesmo ponto que você.
Mas diferentemente eu ainda tento ir ao cinema, escolhendo horários chaves.
Ou o último horário de um dia de semana, ou o primeiro do sábado.

Nesses é possível sim ver um filme em paz.
Mas eu também não consigo entender como esse povo consegue achar natural falar ultra alto e incomodar os outros.
Eu fico muito puto e só tenho ido ao cinema quando o filme REALMENTE é muito bom. Porque passar por situações dessas e o filme ser ruim..não dá mais.

Dragus disse...

E isso com Alice...

Sofrerei daqui a dois meses, quando estrear o Eclipse e já estou convocado para a guerra no dia da estréia.

Já estou providenciando tampões de ouvido para abafar os gritos. =/

João disse...

Uma coisa que eu gosto muito (e ok, as vezes nem gosto tanto assim) é como as vezes eu passo um baita tempo pensando em como escrever sobre um tema pro meu blog e depois venho aqui e noto que você escreveu tudo que eu queria dizer, só que bem melhor do que.

Não dá mais pra ir ao cinema hoje em dia.

Pulo no Escuro disse...

Assim... eu me recuso a dar qualquer opinião sobre o filme do Tim Burtun antes de ler Alice através do espelho...
Mas levando em consideração meu padrão Alice da disney EU REALMENTE fiquei incomodada.

E relaxa Rob, todo mundo passa por esse tipo de coisa no cinema.
Tipo a menina que sentou do meu lado no Exorcismo de Emily rose que nos primeiros 15 minutos comeu um sanduíche de mortadela embrulhado em papel laminado (sim, era de mortadela, cheiro inconfudível que grudou no cinema todo durante todo o resto do filme) e não contente com isso ainda resolveu levar o namorado-que-não-gosta-de-ver-filme com ela, que não achou nada mais interessante pra fazer do que enfiar a mão em baixo da saia da menina... COMIGO DO LADO (odio mode: on)

Mas queria registrar a salva de palmas pro cara que sentou do meu lado no A Paixão de Cristo que, depois de se contorcer de ódio ao meu lado durante meia hora do filme se levantou e berrou( é, ele não gritou, ele berrou):
"A GENTE JÁ SABE QUE ELE MORRE NO FINAL, VOCÊ PRECISAM MESMO COMENTAR CADA SEGUNDO DO FILME... O JUDAS TRAÍ ELE PERDOA E MORRE, É ASSIM A MAIS DE 2000 ANOS... CALEM A BOCA, SEU PUTOS!"

Ele é meu rei.

Bob Mussini disse...

Umdia eu me atrevi a fazer "ssshhhhhhhh" pra uma menina de 15 anos. Ela soltou:
- tá stressado, faz yoga!
Todos riram. Senti que eu poderia ser posto pra fora da sala por minha maldita mania de pagar ingresso pra ver o filme. E fiquei quietinho

Equipe Cada Botecada disse...

Hahahahaha.. Dei tanta risada. Hahahahaha... Gênio, você. Se não for redundante pontuar.

Benito Bondoso disse...

É pelo comportamento inoportuno das outras pessoas que eu(por exemplo) não vou mais a campo de futebol.
Ultima vez que fui, o Grêmio fez um gol e o gordo ao meu lado me deu uma cotovelada no olho (DE PROPÓSITO), fui obrigado a devolver o carinho com várias bordoadas e ainda ter que me esconder da brigada...explicar os fatos para um brigadiano?
Agora só assisto jogos em casa...fazer o que.

LH disse...

Postura idêntica à minha, Rob. Já cheguei a estar na porta do cinema, com o ingresso na mão, e desistir ao ver a cambada de gente sem noção entrando pra assistir. Por conta disso, também eu cada vez mais penso 395829 vezes antes de ir ao cinema. E faço como você - invisto na TV, no Blu Ray, na coleção de DVDs.

E o pior é que não, não é de hoje. Lembro de quando fui assistir Titanic no cinema. Era aparecer o último fio da sobrancelha do Di Caprio e a mulherada berrava como se estivessem ovulando em conjunto. Foi assim a cada aparição dele, durante as três horas de filme...

Ultimamente, minha "sorte" é com um trio (sempre é um trio) de adolescentes que senta algumas cadeiras atrás e fazem de tudo menos prestar atenção no que está passando na tela. Parece que toda sessão precisa ter um trio desses.

E pior ainda, como vários outros já disseram aqui: você, que pagou pra assistir o filme, ainda está errado se reclamar.

Barbarella disse...

Eu amo filmes e curto assistir os thrailers para ver as novidades e tal.. mas eu tb ando desmotivada com o povo mal educado.

Penso que poderíamos montar uma ong...

Odeio ter que ouvir as pessoas mastigando pipoca... mas, faz parte, fazer o quê?

**

Otavio Oliveira disse...

Não acredito que vc ficou aborrecido com essa coisa boba. Claro que era você o errado.

num mundo em que Justin Bieber é TT worldwide há um mês, obvio que o errado é vc. e o tim burton.

ps: jura q não curtiu a helena bonham carter no filme?

melinda disse...

Já enfrentei situações idênticas inúmeras vezes e cheguei à conclusão que não há sentido em tentar entender o comportamento das hordas de imbecis que estão se proliferando em todos os espaços. O fato é que temos que dividir o planeta com estas criaturas. É Rob, parece que a Humanidade não está dando muito certo!!!

Renata disse...

O último filme que assisti no cinema foi Chico Xavier, e assim como a colega acima não tenho do que reclamar. As pessoas permaneceram sentadas até durante os créditos graças a um vídeo da década de 70 que foi exibido junto das letrinhas miúdas. Acredito que a idade das pessoas que estavam na sessão também fez diferença, predominavam os senhores e senhoras de meia idade (inclusive meus pais!) e havia pouquíssimos adolescentes.

Fato curioso: meu pai, que não frequentava um cinema há pelo menos trinta anos, assim que entra na sala me manda desligar o celular. Penso que pessoas educadas são assim: sabem se comportar mesmo em ambientes com o qual não estão familiarizadas utilizando somente o bom senso, sem precisar que ninguém dê recomendações do que fazer. E eu jurava que seria eu quem teria de lembrá-lo de desligar o telefone...


Já o hall do cinema era a sucursal do inferno, dúzias de adolescentes esperando para assistir Alice em 3D que me deram aflição só de passar por lá.
Morava em Recife, e mudei recentemente para João Pessoa. Acho que o povo daqui é mais pacato e infinitamente mais educado, e essa é uma das coisas que me fazem não ter vontade nenhuma de voltar :)