31 de janeiro de 2010

Nothing Else Matters

Meu relacionamento com o Metallica sempre foi meio complicado.

Quando eu comecei a gostar de metal, no começo dos anos 90, a banda era uma das minhas favoritas. E, apesar do enorme sucesso do Álbum Preto (que, diferente de muito fã radical, eu adoro) meu ponto fraco ali era o ...And Justice for All, que considero uma obra-prima, o disco que o Dream Theater e todas as bandas de metal progressivo tentaram fazer a vida inteira e não conseguiram.

Assim, no início dos anos 90, o dia 1 de maio de 1993 entrou para a história da minha vida como o dia do grande show do Metallica, no Parque Antárctica, na turnê do álbum preto. Foi meu segundo grande show (o primeiro havia sido Iron Maiden, no mesmo Parque Antárctica, na turnê do Fear of the Dark).

Mas, ao poucos, nosso relacionamento foi esfriando. Do meu lado, isso ocorreu porque comecei a desenvolver outras paixões que, não me fizeram deixar de gostar de heavy metal, mas passaram a disputar minha atenção. Do lado deles, as bobagens Load e Reload (somando os dois discos, não tem meia dúzia de músicas memoráveis) e St. Anger que eu, ao contrário de alguns fãs, ainda vejo algum valor, mas considero um dos piores discos da minha coleção.

Ok, as coisas melhoraram um pouco com Death Magnetic, mas nada que colocasse a banda no patamar “enlouquecedor” que ela já havia ocupado na minha vida. Assim, quando foram anunciados os shows no Brasil, eu confesso que pensei duas vezes. Primeiro, claro, pelo dinheiro; e, segundo e mais importante, receava que esta banda de hoje pudesse estragar as memórias que eu tinha do show de 93.

Felizmente, eu não poderia estar mais enganado.

Sra. Gordon quis ir, nós fomos. Curiosamente, o dia do show começou de forma atípica. Em noite antes de show, eu já não consigo dormir direito, de ansiedade. Desta vez, nos encontramos no Shopping Morumbi e ficamos enrolando ali, indo para o Morumbi somente no final da tarde. Ou seja, eu entrei no “clima de show” poucas horas antes do concerto, e não dias antes.

Assim, ficamos ali batendo papo, esperando o tempo passar, e nos dedicando ao nosso hobby preferido: achar pessoas parecidas, claro. Mas até nisso o show estava fraco – apesar de ela ter achando um Padre Cícero lá no meio. E fomos atrapalhados pelo pessoal à nossa esquerda, um punhado de babacas liderados por uma gordinha virgem (de show, de beijo, de tudo) que ficava tentando fazer gracinha – aos berros, claro – com tudo o que via, sendo logo seguida por dois ou três manés que a acompanhavam.

Oito e pouco da noite, apagam-se as luzes e o Sepultura entra no palco. Respirei aliviado, pois, até o último momento, eu tinha certeza de que a banda cancelaria o show de abertura, e este seria feito pelo mala do André Mattos, que tem o péssimo hábito de abrir todos os shows que eu vou.

Nunca tinha visto um show do Sepultura, mas minhas suspeitas se confirmaram. Existem dois tipos de música num show (pensando, claro, numa banda que você não sabe todos os discos de cor): as que você conhece, e as que você não conhece – e o problema é que no caso do Sepultura, as que você não conhece são todas iguais. Assim, eu curti mais o material da fase Max Cavalera: Inner Self, Dead Embryonic Cells, Arise, Roots Bloody Roots – diferente da platéia, que pulava o show inteiro, mostrando um enorme respeito pela banda.

E, claro, fiquei esperando eles tocarem Orgasmatron, que, convenhamos, é um hino. E estou esperando até agora. Paciência, não se pode ter tudo.

Assim, por volta das 21:30, as luzes se apagam e o trecho que Eli Wallach chega ao cemitério em Três Homens em Conflito surge no telão, ao som de The Ecstasy of Gold, de Morricone – a clássica abertura dos shows da banda. A platéia, claro, vai à loucura. Logo, os primeiros riffs de Creeping Death ecoam no Morumbi, e o estádio vem abaixo.

Na verdade, foi covardia do Metallica. Qualquer show de rock que comece com cenas de um western do Sergio Leone e música do Ennio Morricone já não tem como dar errado – se a banda tocasse um cover de Rosana logo depois disso, não teria problema. Mas, ao invés disso, eles escolheram, para abrir o show, Creeping Death, que sempre foi, disparado, minha música preferida deles.


Quem já leu minhas outras resenhas de show sabe que, em determinados momentos, eu esqueço que estou com dezenas de milhares de pessoas e começo a acreditar que a banda está tocando determinadas músicas para mim. Coisa de fã: se você é, você sabe; se você não é, nem tente entender.

Mas ontem foi um pouco diferente. O Metallica não simplesmente tocou Creeping Death para mim. Abrir o show com esta música foi a maneira que eles encontrarem de dizer, diretamente para mim, uma única palavra:

– Voltamos.

E eu voltei junto. Em segundos, eu tinha dezesseis anos novamente. Eu pulava e, ao invés de cantar a letra junto, eu urrava. E ignorei o fato de que hoje minha franja fica na altura da nuca (na época do primeiro show, ela era quase no meu peito) e o resultado é que, hoje, depois de décadas sem sentir isso no dia seguinte após um show, eu não tenho mais pescoço.

E o clima de “nostalgia” continuou nos primeiros minutos de show, com For Whom the Bell Tolls, The Four Horseman, Harverster of Sorrow e Fade to Black. Ou seja, em meia hora de show, a música mais recente que eles havia tocado era de 1988. Foi golpe baixo. Em vinte minutos de show, a platéia estava entregue. Eu, ao menos, estava – e minha garganta começando a pedir arrego.

Felizmente, foi esta a hora que eles escolheram para mostrar o material do novo disco, assim eu pude “apenas” assistir ao show, sem ficar me esgoelando no Morumbi. Assim, emendaram That Was Just Your Life, The Day That Never Comes e Broken, Beat & Scarred. Ah não, minto. Entre as duas últimas, eles colocaram uma pequena canção no meio: Sad But True, que, obviamente, quase fez o Morumbi desabar.

Vale ressaltar o comportamento de James Hetfield no palco. Os fãs mais antigos, acostumados com o Hetfield bêbado, se surpreendem com um vocalista que, literalmente, conversa com a platéia, coisa que ele não fazia antigamente. Qualquer pessoa que já assistiu a shows antigos do Metallica sabe que ele xingava, sacaneava e até mesmo brincava com a platéia, mas não conversava.


Hoje, o Hetfield sóbrio tem uma postura mais humilde, mais sincera, agradecendo a platéia de uma forma que chega a ser tocante, especialmente para quem sabe o inferno que esse cara passou na mão da bebida, ver o quanto o sujeito está em paz hoje em dia. Ponto negativo para os adolescentes que acham que, para tocar heavy metal, é preciso ser sujo, bêbado e raivoso.

E, a partir da segunda metade, o clima de clássicos dominou. E, lembre-se que quando você está falando de Metallica, “clássicos” não significa “clássicos da banda”, mas sim “clássicos do heavy metal”, numa sucessão de músicas que, sejamos sinceros, ajudou a construir a história do estilo.

De cara, One – com direito a efeitos especiais que incluíram fogos de artifício (que, convenhamos, tem mais a cara do Kiss que do Metallica). Aí começa a nova sucessão de golpes baixos: Master of Puppets e Blackened, finalizando com duas do Álbum Preto: Nothing Else Matters – e qualquer coisa que eu pudesse comentar sobre este momento do show interessa somente a mim e a Sra. Gordon – e Enter Sandman, que fez o Morumbi (literalmente) balançar.

Pausa para o bis. Aliás, uma dúvida: porque algumas pessoas deixam o estádio antes do bis? É evidente que a banda irá retornar ao palco, já que o resto do público não arreda pé do estádio, e as luzes não se acendem. Será que essas pessoas realmente acreditam que o show acabou? Ou – pior, ainda – sabem que o show está no final, e decidem ir embora antes, para “fugir do trânsito”?

Bem, estas pessoas perderam um final apoteótico. Primeiro, com a banda retornando ao palco “ameaçando” tocar The Frayed Ends of Sanity. Mas ficou apenas na ameaça, já que pararam na introdução. Afinal, era a vez do famoso momento em que eles tocam um cover de alguma banda que os inspirou, e ontem a escolhida foi Stone Cold Crazy, do Queen – cuja versão dos californianos já é extremamente famosa.

E, para encerrar o show, dois petardos do primeiro disco da banda: Motorbreath e Seek & Destroy, verdadeiro hino do Metallica. Mas, mais importantes que as duas músicas, foi a autenticidade dos músicos – especialmente James Hetfield – ao final do show. Visivelmente emocionados, se recusavam a deixar o palco.

Os motivos são óbvios: nos últimos anos, a banda quase acabou, tanto internamente (com as brigas reveladas no documentário Some Kind of Monster) quanto externamente (com críticas e mais críticas por parte dos fãs). Assim, após mais de uma década sem tocar na cidade, provavelmente eles esperavam uma recepção, no máximo, morna, e não um estádio praticamente lotado e fãs entoando músicas de mais de vinte anos.

Por isso que ficou claro que o concerto de ontem foi especial também para a banda. O momento onde Hetfield mostrou estar arrepiado ficará para sempre na memória dos fãs: Metallica arrepiou o público, e o público arrepiou o Metallica. E esta troca é difícil de acontecer em bandas com anos e anos de estrada.

Eu? Bem, eu e o Metallica fizemos as pazes ontem. Hoje, estou com dores no corpo, dores de dia-seguinte-após-show como eu não sentia há anos. E, mais importante que isso, da mesma forma que Hetfield se arrepiou no final do show, eu me arrepiei diversas vezes enquanto escrevia este texto.

Porque, mais que “simplesmente” apresentar um excelente show, o Metallica me deu um presente ontem: a banda fez com que por duas horas, eu tivesse 16 anos de idade.Eu não estou falando “me sentir com 16 anos” e sim “ter 16 anos”.

E isso é algo que jamais vou esquecer. So let it be written, so let it be done.

E, para dizer que o show não foi perfeito, segue o Top 5 Músicas que Eu Adoraria Ter Ouvido Ontem:

1. ...And Justice For All - é a Rime of the Ancient Mariner da banda. E todo mundo sabe que tenho queda por músicas grandes.
2. Battery - Talvez seja a maior ausência entre os clássicos.
3. Ride The Lightning - Um dos grandes motivos pelo qual o segundo disco deles melhora a cada visita.
4. The Unforgiven - cá entre nós, eu e o Morumbi sentimos falta dela.
5. The Thing that Should Not Be - outro ponto fraco meu são músicas lentas e pesadas, e esta é um primor neste sentido.

Fotos: G1

29 comentários:

Isadora disse...

Ah, claro, ele se esqueceu de falar: Rob Gordon chorou feito uma mocinha!

:)

Cláudia Strm disse...

Hahahaha e quem não choraria?

Cara, fui no show do RS (fiquei do lado de fora ouvindo /pobre), mas consegui entrar só no final por pura sorte.
Mas muito me arrependi de não ter, sei lá, vendido minhas roupas pra comprar ingresso pro show, o pouco que eu vi já foi inesquecível *-*
Curto Metallica desde os 10 anos (hoje tenho 22, ouvia com a minha irmã), mas nunca imaginei que fosse me emocionar tanto.
Por mim eles fariam um show por mês e *-* (me deixa sonhar!).

Adorei a resenha, tinha certeza que tu ia amar o show, quem não foi não imagina o que perdeu!

Enfim, acho que é isso xD
E parabéns pelo blog o/ xD

Natalia Máximo disse...

Não gosto de Metallica, não fui ao show, mas também me arrepiei!

Anônimo disse...

Isadora,....ele sempre chora......não mudou nada.

Anônimo disse...

Da sua lista ....acho que trocava unforgiven por whiplash!!!!!

Bruno disse...

Meu, cheguei em casa e vim procurar este post, sabia que ia estar aqui, hahaha.

Só que, pô, amanhã eu comento. Muita coisa pra dizer e já são duas da matina praticamente.

Foi de arrepiar mesmo.

Dani Cavalheiro disse...

E no Rio nada, não é?

Claudia Iarossi disse...

Meu marido esteve lá e pelo que ele me descreveu se sentiu como você. Tenho certeza que ele vai adorar este post.
Não vejo a hora de chegar em casa e perguntar se ele leu...rs

Bruno disse...

Beleza. Minha versão da história lá no
http://acepipesescritos.blogspot.com

Agora posso começar a trabalhar, haha. :P

Alexandre Greghi disse...

Antes de mais nada, pena que já tenho conta no blogger, pq senão meu nick seria "MetallicAle".

"da mesma forma que Hetfield se arrepiou no final do show, eu me arrepiei diversas vezes enquanto escrevia este texto." E eu várias vezes lendo seu texto!

Devo confessar que nunca fui de ir em shows. Talvez por falta de companhia na minha epoca dos 16 anos, mas toda resenha sua eu tenho vontade de ter estado lá com vc!
É, ficou meio "viada" essa última frase mas se vc chorou no show, deve me entender... hahaha

Araço!

Alexandre Greghi disse...

*aBraço!

Juju D'Alcantara disse...

é, estou arrepiada ate agora. fui no show ontem, e foi devastador tb! meu cunhado, que foi nos dois dias disse que o show foi uma máquina de pavimentação na cabeça, acaba o show e ela está "asfaltada". e foi mesmo.
tb estou toda dolorida e constato: ser headbanger é uma arte e necessita preparo.
hehehehehehe, adoro suas resenhas de show! vc tipo "me psicografa"!

Fagner Franco disse...

Um amigo meu do trabalho na sexta já me jogava na cara o vacilo de não ter comprado ingresso pro show (e só agora fui saber que havia ingressos pro de domingo, que, de certo, não foi mesma coisa)... chegou hoje e já foi contando... foda... agora, pra deixar mais foda o arrependimento, leio seu post... é, acho que não terei uma segunda chance...

Frank disse...

Meus posts preferidos do seu blog sempre foram os sobre música, por que temos um gosto muito parecido. Minha única "implicância" com você é que você falava do Metallica de uma forma normal, enquanto pra mim eles são a melhor banda do mundo, coisa de fã, acho que você entende.

E esse post me passou toda a emoção qe eu queria ter sentido no show. Eu vibrei lendo seu texto por que a cada palavra eu pensava, "Claro que foi foda, Metallica sempre vai ser." E tenho que concordar que Load ReLoad e St. Anger não fazem jús aos outros albúns da banda, mas têm sim sua beleza.

Enfim... parabéns por ter tido a oportunidade de ir ao show, eu infelizmente não consegui grana o suficiente, mas você me fez sentir um pouquinho do que seria ter estado lá.

Valeu Rob.

Dianna Montenegro disse...

Agora eu te odeio bastante porque morro de inveja. E me arrependo amargamente de não ter vendido a minha alma (vá lá, não estou usando muito mesmo) pra ir nesse show.

Juro que quase chorei só de ler. Imagino pra quem esteve lá...

Toad - Matheus H. disse...

Velho, você conseguiu traduzir o meu sentimento.
Ótimo texto, de verdade.

Faz tempo que não leio uma resenha tão sincera.

Sir Lucas disse...

Tava em que setor, Rob?

A plateia inteira gritando "seek and destroy" foi a coisa mais emocionante que eu já vi.
Showzaço.

Unknown disse...

Foi um puta show mesmo!!!
Amei o texto, vc descreveu o que eu senti! Tb fui sem empolgação e cantei feito uma louca!

Unknown disse...

Ah! Acho que fui só eu que não sentiu falta de The Unforgiven hahahaha

Bel Lucyk disse...

Rob, vim aqui pra contar que lembrei de vc qdo passei pela Teodoro Sampaio e fiquei procurando os camelôs! kkkk
Mas agora vou participar ativamente do post: fui à Sampa pra assistir ao show do Metallica. O post no meu blog vai ser sobre isso. Eu nunca tinha chegado a brigar com o Metallica, na década de 90 ouvia muito, mas depois de alguns anos, assim como vc, passei a ouvir outras coisas, nunca deixando de lado algumas que amo. E ir ao show foi um verdadeiro Recordar é viver!
Minha única pergunta é: quando eles voltam? =)

Gilmar Gomes disse...

tocaram todos os hits do album preto, menos "The unforgiven"...?

Isto é "imperdoável"!!!
(turum tum... tss!)

Gilmar Gomes disse...

ah... e quanto ao St. Anger... eu curto muito a música Frantic...

Gilmar Gomes disse...

semana passada não tinha nada, mas hoje tem... então vou fazer propaganda...

www.thegilgomex.blogspot.com

Ana Savini disse...

Eles tocaram The Unforgiven no domingo. hehehehe
Não tive a experiência do Morumbi lotado do sábado. Domingo estava super vazio, tanto que fecharam as arquibancadas e liberaram para escolher entre a pista e as cadeiras.
Para mim foram dois momentos foda. Sad But True e One que tem um gosto especial de nostalgia. Era a música que meus amigos cantavam na frente do 7 Eleven de Moema após muita pinga c/ coca-cola no início dos anos 90. Com direito a efeitos sonoros iniciais.
Foi um showzaço realmente, mas eu achei o discurso do Hetfield meio clichê demais. "Você são a família Metallica", "Eu amo São Paulo", "Ficamos muito tempo sem vir, vamos voltar"... Sei lá... Não sou uma pessoa muito emotiva na verdade, talvez eu esteja sendo dura demais com o cara. E no domingo eles também ficaram ensebando para ir embora, como se aquele fosse o melhor show da vida deles. Já tinha acabado, luzes acesas, e os caras lá. Jogando baquetas e palhetas para a galera. Aliás, realmente não dá para entender porque o povo vai embora antes do bis. Regra básica para cinema e shows: nunca vá embora antes da luz acender. No caso deles, foi uma exceção à regra. Mas em nenhum momento eles deixaram o palco, nem antes do bis.
Mas valeu muuuuuuito a pena ter ido. Quem não foi perdeu!
E que venha o Guns!?!?

Unknown disse...

Bendita sejam essas namoradas que nos convencem de que o show vai ser bom, mesmo quando estamos na maior descrença com o Metallica. Os dois shows em sp foram fantasticos, e queria ter ido no PoA só para ter ouvido Battery e Phantom Lord. Mas só de ouvir Fade to Black e Blackened no sabado e Ride the Lightning e Hit the lights já faz o fim de semana inteiro ter valido a pena. E que o torcicolo passe e a voz retorne antes de um novo show deles....

SOS DIREITOS HUMANOS disse...

DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA...




"As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão
têm direito inalienável à Verdade, Memória,
História e Justiça!" Otoniel Ajala Dourado




O MASSACRE APAGADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA


No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato "JOSÉ LOURENÇO", paraibano de Pilões de Dentro, seguidor do padre Cícero Romão Batista, encarados como “socialistas periculosos”.



O CRIME DE LESA HUMANIDADE


O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.


A AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELA SOS DIREITOS HUMANOS


Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará É de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira e pelos Acordos e Convenções internacionais, por isto a SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que: a) seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) sejam os restos mortais exumados e identificados através de DNA e enterrados com dignidade, c) os documentos do massacre sejam liberados para o público e o crime seja incluído nos livros de história, d) os descendentes das vítimas e sobreviventes sejam indenizados no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos



A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO


A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, redistribuída para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá foi extinta sem julgamento do mérito em 16.09.2009.



AS RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5


A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do Sítio Caldeirão é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do Sítio Caldeirão não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;



A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA


A SOS DIREITOS HUMANOS, igualmente aos familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo desaparecimento forçado de 1000 pessoas do Sítio Caldeirão.


QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA


A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem encontrar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes procurados no "Geopark Araripe" mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?



A COMISSÃO DA VERDADE


A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e que o internauta divulgue esta notícia em seu blog, e a envie para seus representantes na Câmara municipal, Assembléia Legislativa, Câmara e Senado Federal, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal que informe o local da COVA COLETIVA das vítimas do Sítio Caldeirão.



Paz e Solidariedade,



Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OAB/CE
www.sosdireitoshumanos.org.br

K.P. disse...

Arrepiei algumas vezes só de ler, imagina estar lá. Memorável, Sr. Gordon...

Vinicius Maffei disse...

Meus posts preferidos do seu blog sempre foram os sobre música, por que temos um gosto muito parecido.[2]

Infelizmente perdi esse show, pqp. Pelo menos em maio tem ZZ Top... haha.

Aqui tem o show inteiro pra baixar, mas deve demorar pra caramba... haha. Abraços!
http://www.sacicrew.com/filmagens/morumbi_stadium_sao_paulo-30-01-10/

Unknown disse...

Cara, o que foi isso que senti, meu velho me arrepiei dos pés a cabeça, nunca fui ao um show do metallica.......mas sou fã da banda!!!

sucesso sempre!

Jeff