25 de novembro de 2009

Transformações Geológicas

Pela primeira vez nesta década – e isso não é exagero – estou de férias. Sim, descontando férias coletivas de final de ano, eu não tirava férias desde o ano 2000. Tudo bem, admito que quando troquei de emprego, anos atrás, fiquei uma três semanas parado. Mas sejamos sinceros, isso não são férias, ao menos no sentido exato da palavra.


Enquanto isso, um mundo distante
passa por alterações geológicas.



Daí meu sumiço do mundo virtual nesta semana. Larguei mão de blog, de Twitter, mal olhava o meu e-mail. Isso porque eu andava pela sala e, assim que colocava os olhos no computador, sentia náuseas.


Pedaços de terra que formavam um único continente
começam a se transformar, encolhendo em alguns pontos.



Sério, não conseguia chegar perto dessa máquina. O mais próximo de trabalho que eu chegava era assistir a DVDs – especialmente as segundas temporadas de Californication e Dexter. Mas o computador, não dava. Admito que na segunda-feira tentei escrever no blog, mas assim que abri o Word, comecei a sentir tontura. Acho que tive até um pouco de febre.


Após eras ocupando o mesmo espaço,
enormes trechos do solo começaram a recuar,
devido às ações do ambiente,
especialmente do vento e dos mares.



Ok, cheguei perto do computador sim, mas somente para jogar. Além do Farmville, estou tirando o atraso dos meus saudosos jogos de estratégia (Civilization, alguém?), que é algo que fazia tempo que eu não curtia direito. Então, esta semana, finalmente o computador se tornou lazer para mim.


Assim, o mundo sofreu transformações radicais.
Alguns espaços, antes ocupados por campos verdejantes,
florestas, ou até mesmo por desertos,
desapareceram totalmente.



Mas o que marcou minhas férias foram os livros. Finalmente coloquei a leitura em dia. Primeiro, terminei Watch You Bleed, a biografia do Guns N’ Roses, que é simplesmente sensacional, narrando como a banda foi do nada para o estrelato e voltou para o nada num período menor que cinco anos.


Alguns estreitos, baías e istmos sumiram;
outros, por sua vez, surgiram do nada.
Aos poucos, os mares iam avançando
sobre as diversas formações geológicas,
modificando totalmente a paisagem vigente.



E, assim que terminei o livro, fui para o quarto e escolhi o próximo a ser devorado. Não sei se cheguei a comentar aqui no blog, mas este ano eu descobri a magia dos pocket books. Agora, eu compro apenas pockets em inglês, porque tem muita coisa que eu sempre quis ler e que nunca foi publicada aqui (como alguns livros de Star Wars). E o preço dos pockets é ridiculamente bom: em qualquer Cultura ou Fnac, custam por volta de R$ 20,00.


No meio de alguns destes continentes,
extensos lagos surgiram.
Rios apareceram, recortando
ainda mais a nova geografia.



Enfim, acabei me decidindo por Storm Front, algo que eu não conhecia e descobri fuçando na Cultura. Trata-se do primeiro livro de um personagem chamado Harry Dresden, um mago que trabalha como detetive particular em Chicago. E, apesar de mexer com magia, está muito mais para Sam Spade e Phillipe Marlowe que para Harry Potter. Até agora, não achei sensacional, mas dá para ler gostoso.


Anos – ou décadas – depois, as mudanças
diminuíram de intensidade.
E, com o tempo, finalmente cessaram.
Mas só depois daquele mundo distante
ter todo o seu formato alterado.



Aliás, para mim, essa sempre foi a grande graça das férias. O número de opções que você tem. Você acorda numa manhã e percebe que, como não tem nada para fazer, você pode fazer o que você quiser. Se você escolher ir para a rua, pode. Ler durante a tarde no sofá? Pode também. Ligar o ventilador e ficar jogando PC? Também pode. Ou seja, você monta seus horários. Liberdade total. E isso não tem preço.


Graças às forças da natureza,
o planeta não tinha mais
um enorme e compacto continente.
Agora, ele era ocupado por diversos continentes,
separados por mares e oceanos.



Quer dizer, liberdade quase total. Já há alguns dias, uma dor no lado esquerdo estava me incomodando. Ela ia e voltava, ia e voltava. E, na segunda-feira, ela decidiu mostrar quem mandava aqui. Acordei gemendo de dor.


E, seja para o bem ou para o mal,
o mundo nunca mais voltaria
ao formato que tinha antes.



Era meu dente. Ou melhor, era minha boca. Estes parágrafos em itálico não são o início de um romance de ficção científica, mas sim algo que vem acontecendo na minha boca já há alguns anos.

O “mundo distante” na verdade, não é tão distante assim. É a minha gengiva. Isso porque eu herdei quatro coisas do meu pai: duas boas (talento para falar besteira e bater falta de trivela) e duas ruins (calvície e gengiva fraca). Ou seja, minha gengiva é oficialmente uma coisas mais frágeis criadas pela natureza.

Assim, hoje tive que ir correndo ao dentista, porque – graças à minha Ultimate Periodontite Aguda Extrema Crônica Hiper Power – um dos meus dentes estava ameaçando abandonar o corpo, como um daqueles refugiados cubanos que migram para Miami em jangadas. Aliás, descobri que alguns dos dentes se chamam molares porque, ao menos no meu caso, eles ficam moles da noite para o dia.

Não cheguei ao cúmulo de precisa extrair o dente, no meio das minhas férias.

Ao menos, não ainda.

Minha dentista resolveu brincar de E. R. e fez uma massagem cardíaca no dente. Aparentemente, ele ressuscitou. Ainda está na UTI, em observação (o estado é grave), mas está vivo. A chance de morrer ainda é grande.

Minhas férias? Continuam até o final da semana. E, com isso, eu permaneço com a mesma liberdade de antes: posso ler o que quiser, jogar o que quiser, dormir a hora que quiser... Mas, claro que agora eu tenho que tomar antibiótico a cada oito horas, e fazer gargarejo com um negócio que parece Super Bonder a cada 16 segundos.

Ou seja, eu estou de férias, mas meu azar continua trabalhando a todo vapor, provavelmente de olho em algum bônus de natal. E assim, vamos levando, tentando encarar a coisa de bom humor – mas sem exagerar, porque dói (demais) quando eu dou risada.

15 comentários:

May. disse...

É, dor de dente nas férias é desagradável. Mas bom, podia ser pior. Podia ser eu.

hahah.
Tá, foi mal. Mas né, você tá de férias. Podia estar com dor e trabalhando. Agora dá pra sofrer fazendo alguma coisa mais divertida. E só se você quiser, senão pode só deitar no sofá e ficar largado, curtindo seu azar =)

Varotto disse...

O título do post poderia até ser "todo castigo pra corno é pouco".

Rapaz, você realmente parece ser desprovido de boa sorte (a palavra azar é muito politicamente incorreta).

Acho que a sorte que deveria ter sido enviada a você foi extraviada e acabou na minha caixa postal, porque acho que eu tenho sorte por nós dois.

Bem que eu tinha notado você sumido da MSN (mais até do que eu!).

De resto, vida longa a seus dentes e que suas molares não fiquem viúvas (piadinha muito, muito, mas muito fraca mesmo mode: on).

P.S.: Chegou minha caixa com os remasters do Bítouls!

Varotto disse...

Acho que sua sorte é como os duendes ou a adolescente que não gosta de crepúsculo do meu último post: são mitos.

Anônimo disse...

Mesmo com azar, vc DESCANSOU. E isso sim não tem preço. Ninguém merece uma vida assim, 100% trabalho.

E eu tb descobri os pockets esse ano. Tenho lido muita coisa maravilhosa (pelo menos pra mim, claro) que jamais sairá aqui. É uma delícia não é?

Layla Barlavento disse...

Poderia ser pior. Já pensou se tivesse que revisar a lista dos dvd´s eróticos com a tiazinha cinquentona de óculos e ainda por cima aturando uma dor de dente? Pois é... Não reclama que a sorte dessa vez está do seu lado, por incrível que pareça.
E não usa aquela palavra que o Varotto falou. Ela é muito, muito, muito politicamente incorreta!

Fagner Franco disse...

Dente. ô bagulho desgraçado. Tão bonito, mas dá um trabalho. Belo post, criativo - de novo. E ainda me sinto menos louco por não ser o único a escrever sobre as aventuras intermináveis dos meus dentes.
Abraço.(fazia tempo que não passava por aqui).

Lívia Aguiar disse...

achei que o texto em itálico vinha de algum livro de geografia descrevendo a gênese da Terra...

meu pai também tem esse problema de gengiva! Meu vô também tinha! Meu vô era totalmente desdentado, meu pai faz uns tratamentos bizarros e tem todos eles de boa. FORÇA!

e boas férias (sem ironia)

Pulo no Escuro disse...

Porra, que sorte hein... mas é a vida.
Sabe que ontem eu não tive aula o dia todo na faculdade. Pensei "Que legal, vou poder colocar em dia a vida, os trabalhos, os textos." Fiquei realemnte feliz em ter um dia de folga pra trabalhar no que eu deixei de lado.
Aí eu acordei ontem: minha cabeça rodava e doia, meu pulmão chiava, eu tossia que nem louca, espirrava infinitas vezes por segundo, meu cérebro pesava e eu achava que ele sairia pelo meu nariz.
Resumindo, as coisas ainda estão esperando que eu as coloque em dia.

Afinal, como eu disse, é a vida... a nossa, pelo menos!

Climão Tahiti disse...

Caramba, vc de férias e as pessoas só lembram dos seus dentes?

Sorria enquanto pode. =p

E que fique o máximo de tempo offline durante as férias, vc precisa. \o/

Quem sabe um dia tiro as minhas?

Bridget Jones disse...

Algumas pessoas planejam ir para Buenos Aires nas férias comprar um monte de "alfarróres" pra comer até ficarem tontas de tanto açucar e acabam operando o joelho, tingindo o cabelo de preto petróleo (o que viria a ser um erro mais tarde) e engordando 2 kilos do nada.

Conheço uma pessoa deste naipe.

Californication: Não consigo desvincular o Duchovny do Mulder. É algo muito difícil. Quando eu assisto Californication, eu me sinto como na vez q eu vi o Mulder e a Scully juntos, debaixo dos lençóis na capa da Rolling Stone. Mulder não tem relações-prazerosas-sem-fins-reprodutivos, logo, ele não poderia estar em Californication, fornicando. Enfim - epifania. Acontece.

And the "Phrase of the Year" goes to ROB GORDON with:

" Aliás, descobri que alguns dos dentes se chamam molares porque, ao menos no meu caso, eles ficam moles da noite para o dia."

(Aplausos)

PS: Aproveite o ócio e leia o "Juliet, Naked", pô (sim, tem vírgula entre o "Juliet" e o "Naked")! É o maior livro do Hornby (sim, tem pra lá de 600 páginas - um calhamaço)!

Natalia Máximo disse...

"E o preço dos pockets é ridiculamente bom: em qualquer Cultura ou Fnac, custam por volta de R$ 20,00."
No Submarino, sai por R$ 10,00. ficaadica

Marina disse...

Oh, dúvida... Será que eu dou uma de dentista chata ou tento ser apenas uma pessoa comum?

vinicius disse...

Nada a ver com a sua dor de dente (boa sorte com ela, aliás), mas te desafio, ao escrever sobre o showzaço de hoje à noite, a falar que esse NÃO foi o melhor show da sua vida. Eu também amo Iron, mas depois de ver Mr. Young hoje, não tem como pensar em algum show que se equipare ao dos australianos!!!

Jullia A. disse...

Ok, não tenho uma experiência muito boa com dentistas. Na verdade, nada boa.
O intuito não é uma propaganda, é compartilhar a dor de dente. http://carnavalize.blogspot.com/2009/05/ciso.html
enjoy.

Leandro disse...

boa recuperação!

Abraço