6 de outubro de 2009

Meeting Varotto

Sempre deixei claro que uma das maiores recompensas que eu conquistei com este blog foram novos amigos. Claro que estou falando de diversos tipos de pessoas: desde aqueles que praticamente conversam comigo via comentários no blog, os que batem bola comigo no Twitter e os que ganharam espaço no meu Msn.

Mas alguns deles deixam de ser nomes numa tela e passam a ser rostos. O primeiro, claro, foi o Tyler. O segundo, agora, foi o Varotto.

Quem não conhece o Varotto, explico: enquanto todos os blogueiros do planeta brigam para ter o melhor blog do mundo, o Varotto (mesmo tendo um blog excelente) lidera, com folga, a disputa de melhor comentarista de blog da história. Sério, um blog que tem o Varotto como leitor é rico demais: todos os comentários dele, sem exceção, são excelentes e com conteúdo. Me arrisco a dizer que tem comentários dele aqui no Champ que são melhores que o post.

Enfim, algumas semanas atrás, o Varotto veio para São Paulo – ele mora no Rio – para uma feira de música – o que sempre foi sua grande paixão, como qualquer pessoa que já viu os comentários dele por aqui sabe. De bate pronto, marcamos um almoço. No Degas, claro. Afinal, se um dia eu organizar um encontro de leitores & amigos, o nome dele será "Degas Cai na Rede".

Assim, combinamos o horário e o local. Eu o encontraria na estão Clínicas, por volta da hora do almoço. Com tudo combinado, apressei minhas coisas pela manhã (inclusive a correção da tabela pornográfica) e parti correndo para as Clínicas.

Mas foi só ao chegar lá que me dei conta de uma coisa: eu não conheço o Varotto. Com o Tyler foi diferente: além de já ter visto fotos do cara no Msn, nos encontramos à noite, com a estação vazia. Agora, na hora do almoço, a estação Clínicas tem uma densidade demográfica maior que a da Índia. E eu ali, procurando por alguém que não conheço, já que todas as informações que eu tinha sobre o Varotto é um desenho do seu rosto (o seu avatar no blogger). Me senti um delegado da polícia federal procurando alguém com apenas um retrato falado.

Parei próximo à catraca e comecei a me lembrar do que eu sabia sobre o Varotto – ao menos, do que eu me lembrava sobre o desenho. Cabelos curtos. Um pouco calvo. Barba ou cavanhaque.

Olhei para o lado e vi uma pessoa que batia exatamente com a descrição. Sorri, e ele sorriu para mim. Deve ser o Varotto. Andei na direção dele, e ele andou na minha. Com certeza é o Varotto. Cocei a barba e ele coçou também.

Eu estava olhando um reflexo meu num vidro da estação.

Foi aí que eu percebi que tudo o que eu sabia do Varotto era que ele era parecido comigo (chupa varotto mode: on). Comecei a me sentir num episódio de Além da Imaginação, como se eu estivesse prestes a encontrar uma contraparte minha (talvez um Rob que vinha do futuro, não do Rio).

Sacudi a cabeça e comecei a procurar uma pessoa parecida comigo no meio da multidão. Nada. Pensei em ir perguntar ao segurança, mas mudei de idéia quando imaginei a reação dele à pergunta “você viu uma pessoa parecida comigo, mas, provavelmente, mais alta?” Eu seria preso por perturbar a ordem pública, com certeza.

Finalmente, no meio da multidão, uma pessoa de barba, cabelos curtos e um pouco calva acenou para mim e sorriu. Como ele tinha a altura de um ser humano normal, imaginei que não era outro reflexo e respondi. Na dúvida, levantei discretamente uma das pernas, e ele continuou andando. Ou seja, era outra pessoa. Perfeito. Só pode ser o Varotto.

Nos cumprimentamos e partimos em direção ao Degas, onde apresentei o Varotto à picanha que mudaria sua vida. Mas, descendo a rua – a Teodoro, claro – aconteceu uma das coisas que eu acho mais fascinantes no ser humano.

Vou tentar explicar aqui. Você sabe que se dá bem com uma pessoa quando você a encontra pela primeira vez pessoalmente – ou após muito tempo sem vê-la – e não precisa de formalidades como “é um prazer conhecê-lo!” ou “até que enfim nos encontramos!”. Isso é coisa de gente que não tem amigos.

Com quem você tem intimidade e apreço, você conversa sobre coisas banais.
Eu e o Varotto, por exemplo, descemos a Teodoro conversando sobre a duração de pilhas chinesas em aparelhos eletrônicos. Não tinha como ser melhor.

Assim, sentamos no Degas e fomos atendidos pelos garçons amargos de lá – sim, porque o Degas não é um lugar fofo, ele é restaurante de macho.

Infelizmente, o almoço não durou metade do tempo que deveria ter durado, já que ele estava com pressa para ir à feira, e eu precisando voltar ao trabalho. Além disso, diferente do Tyler, o Varotto é um cara normal, logo o almoço transcorreu sem maiores problemas, com assuntos que iam de rock para família para blog para Teodoro Sampaio para picanha e para rock de novo.

Comemos, pagamos e o acompanhei até o metrô novamente, com a promessa de que a próxima vez que ele colocar os pés em São Paulo eu o levarei até a Galeria do Rock – onde ele provavelmente vai deixar as calças.

Como eu disse, um cara é seu amigo quando você o encontra pela primeira vez e conversa com ele como se tivesse jantado com ele na véspera. Assim, num mundo onde as pessoas são cada vez mais arrogantes, egoístas e presunçosas, o Varotto é um cara que poderia dar cursos de como ser gente boa.

Mas como nem tudo é perfeito, ele ainda não admitiu publicamente que a picanha do Degas mudou sua vida – ou, ao menos seu conceito de picanha. Maldito arrogante, egoísta e presunçoso: foi um prazer enorme!

25 comentários:

Climão Tahiti disse...

Quem sabe na minha vez isso mude.

Aguardo na fila.

E provavelmente será Meeting Wifes Too. =p

Tyler Bazz disse...

Varotto ídolo! Melhor comentarista da história da blogosfera messsmo.. já até confessei pra vc que não consigo comentar direito no blog dele, não dá! É ensinar padre rezar missa...

Mas o que mais me emocionou nesse post foi ver a saudade que vc tá de mim. aHAuhaUHAuhaUHAuhaHU
Eu sou um cara muito normal. ¬¬


E o Varotto que desça logo desse palanque e assuma que a Picanha do Degas é um divisor de águas na vida do ser humano.

Tyler Bazz (ano 1 d.P.D)

Anônimo disse...

Que bacana!
Tive o privilégio de conhecer minha melhor amiga nos og´s da vida. E foi assim... Qdo nos encontramos, parecia tudo tão normal, sem as formalidades - como tu disse.

Tem fila, é Dragus? Pois se tiver, eu tb quero estar nela!
´
Pooltz, jah pensou eu encontrando o autor dos meus 'encadernados' ? ^^

Acho que depois de tantos elogios ao Varotto, partidos do Rob (que certamente são verdadeiros), vou começar a encadernar os comentários tb... Risos.

Eh, acho que poderia acontecer um encontro...
Picanha! Eba!!!

Dari

Deise Rocha disse...

"o Varotto é um cara normal, logo o almoço transcorreu sem maiores problemas"

posso sentir uma alfinetada aí????

-risos simpáticos-

Mas nehin, qndo vcs (vc é o tyller) fizeram akela série de postagens, eu sonhei com v6 e um encontro - mas no sonho ainda tinha uma remessa de pessoas, e meus sonhos são sempre estranhos e, sabe, né...

E aí me pergunto eu, será eu vou sonhar de novo com isso?

aiai!

Tudo bem, vamos fazer uma listinha de espera de "meeting rob gordon" no "Degas cai na rede".

=]

Jullia A. disse...

Primeiro, o degas deveria te pagar uma comissão por cada picanha comentada. Quando eu for pra sao paulo vou sair pela teodoro procurando um lugar chamado degas.

Segundo, não tyler, voce nao é normal (Y)

terceiro, Não posso comentar a honra de ter um comentário do varotto no blog.
Mas posso comentar a de ter um comentário do rob gordon!

Por último, quanto tempo dura uma pilha chinesa?

Varotto disse...

Cara, não sei nem por onde começar.

Então não vou.

Varotto disse...

Bom, brincadeira.

Mas não sei mesmo se começo comentando como um cara como o Rob pode considerar excelente um blog como o meu que, acima de tudo, tem uma média de uma postagem a cada duas eras glaciais, sendo que algumas delas só ocupam espaço. Ou sobre o exagero de, embora eu de lá minhas cacetadas, de ser classificado como “o melhor comentarista de blog da história” (nem vou comentar a frase “Me arrisco a dizer que tem comentários dele aqui no Champ que são melhores que o post”)

Ou quem sabe, falando sobre a emoção de ver meu nome promovido a título de post. Embora eu tenha sido avisado dessa possibilidade, acho que não estava verdadeiramente preparado para o impacto.

Sobre a questão de não nos conhecermos antes e termos de nos encontrar em uma estação de metrô cheia, também pensei a mesma coisa na hora, mas resolvi improvisar. Acho que ter aquela imagem minha no blog, fora o fato de que eu me conheço desde pequeno, me deram segurança suficiente para achar que você me reconheceria. Suas descrições aqui também me ajudaram bastante, mas a impressão que em bateu é que você me reconheceu antes (talvez pelo fato de que tive dificuldade de enxergar você sob a turba enfurecida :o)).

Cheguei a pensar antes de nos encontrarmos de dar uma descrição minha, tipo 1,82, 100kg, vestindo a roupa tal... Mas aí desisti porque achei que ia ficar parecendo coisa de encontro às escuras e ia ser muita viadagem.

Na hora me lembrei de uma história que o Jô Soares contou sobre uma situação em que ele ia se encontrar com outra pessoa que também não conhecia. Aí ele disse que ia vestir uma roupa da cor tal, e o cara falou que estaria com uma flor tal na lapela. Ou coisa parecida. Quando chegaram lá, acabou que o Jô era enorme de gordo e o cara não tinha uma orelha. E ficaram falando de cor de roupa?!

Também senti a mesma coisa que você sobre a falta de formalidades e engrenar logo nas pilhas asiáticas. Mas aí acho que entra o mesmo mecanismo que leva você a achar que o Angus Young vai tocar no show só para você: nunca termos nos encontrado pessoalmente não muda o fato que a freqüência com que nos relacionamos no blog, conversando os assuntos mais mundanos (como ir comprar lasanha no super), é Mario do que a freqüência com que encontro alguns dos meus amigos não virtuais.

Enfim, agradeço muito os elogios pessoais e, sem rasgação de seda, posso garantir que são absolutamente recíprocos.

E sobre a picanha, pode ser até que ela não tenha mudado minha vida, mas cumpriu o prometido (como você deve ter notado comigo raspando até o último pedaço), além do que, comida à parte, foi um momento extremamente agradável que, infelizmente, foi muito curto.

E entre rock, Nostradamus, vampiros dançantes e o pinto do Pelé, sai de lá certo de que arrebanhei mais um bom amigo para minha coleção.

K.P. disse...

Vou me arriscar a postar um primeiro comentário aqui...

Já passei por isso também. Blog, comentários, encontro "às escuras", amizade de brinde Kinder Ovo e uma longa história que já dura mais de 5 anos, no meu caso. E é melhor do que qualquer amiga de infância.

Sorte na amizade, rapazes.

Gilmar Gomes disse...

esse é o Varotto... ao invés de criar um post sobre o encontro... criou um comentário...

MaxReinert disse...

Pronto!
já fiquei com inveja de novo!
...e a lista vai aumentando...
Fuck!!!

Gilmar Gomes disse...

Picanha, né??? Um dos detalhes importantes de quando for se encontrar com o Rob... Vai gastar! Dizer que a picanha mudou a vida do Varotto é um detalhe que me deixou apenas com uma coisa na cabeça: "Teria mudado a minha vida sim... Pois com certeza eu ficaria duro e teria que voltar pra minha cidade a pé!"

Rob... Já aviso que quando formos nos encontrar, o máximo que eu consigo é dividir uma latinha de Coca-Cola.

Pelo menos poderemos falar de gibis, músicas e talvez até de brinquedos dos anos 80, já que com certeza tivemos a infância naquela época (com 4 anos de diferença, nada tão radical)... E levando isso em consideração, acho que pareceríamos dois "tiozinhos" papeando.

Pior é o medo que tenho de cidade grande. Minha cidade tem 22 mil habitantes (e você disse que tem mais que isso só na sua rua... chupa, minha cidade) e eu já consigo errar o caminho pra certos lugares às vezes... Me vejo totalmente perdido em sampa e tentando anunciar em algum altofalante pra minha mãe ir me buscar...

Carol disse...

Sempre lia os comentários do Varotto mas nunca tinha reparado no desenho/foto dele. E parece realmente gente boa.
Eu, que você nao conhece nem de trocar comentários no blog, fico sonhando se um dia seria a minha vez de te conhecer pessoalmente. Seria com certeza um prazer.

CAMALEÂO no AQUÀRIO disse...

Que bonito...

Eric Franco disse...

Não sei se alguém chegou a comentar, mas vocês não são chegados nessas modernidades chamadas "telefones celulares".

Muito mais fácil se achar assim. =)

Renata Schmitd disse...

deu saudade de sp.

Varotto disse...

"Varotto ídolo! Melhor comentarista da história da blogosfera messsmo.. já até confessei pra vc que não consigo comentar direito no blog dele, não dá! É ensinar padre rezar missa..."

Cara, na boa, vocês são muito exagerados!

"esse é o Varotto... ao invés de criar um post sobre o encontro... criou um comentário..."

Rapaiz! Não é que é mesmo. Fróide deve explicar...

"Rob... Já aviso que quando formos nos encontrar, o máximo que eu consigo é dividir uma latinha de Coca-Cola."

Então tá decidido, a gente se encontra junto e eu banco a picanha. mas aí um dia eu vou te procurar e te pedir um favor que você não poderá recusar (uaha-ha-ha-ha! - isso foi o máximo que eu consegui para representar uma risada maléfica).

E Rob, acho que, vendo a repercussão disso, o "Degas cai na rede" vai acabar acontecendo. Com direito a excursão pelo Pão de Açucar e visita ao fosso dos porcos de Brick Top.

Daniela Viana disse...

Imagino o quanto deve ter sido bacana esse encontro! :p

Nestes dias estive em Sampa, passei pela Pinheiros e JURO que fiquei de olhos bem arregalados... tenho certeza de que se você estivesse lá o reconheceria!

Cara sou sua fã!

Parabéns!

Climão Tahiti disse...

Aliás, esqueci de dizer antes.

Varotto é tão bom em comentar que um de seus comentários já foi tema de postagem. =)

http://www.pensamentosequivocados.com/2009/09/respondendo-um-comentario-varotto-e.html

Tyler Bazz disse...

Eu topo o "Degas cai na rede" fácil!!!

Já a visita aos porcos de Brick Top, passo.

Prefiro tentar pedir um sanduba pro bigode.

Anônimo disse...

Vou ser rápido (pq tô na pauleira aqui) mas sincero:

Vocês lembram de referências de coisas do blog que eu não lembro de primeira (tive que pensar uns 3 segundos pra entender o "sanduba pro bigode, de tanto tempo que faz isso).

Sério, vou começar a consultar vocês toda vez que fico na dúvida se já escrevi sobre tal coisa.

hahaaha

Varotto disse...

Engraçado o Tyler ter falado isso sobre o "Degas cai na rede".

Acordei hoje com a idéia de ligar para o Rob exatamente para botar força nessa idéia.

Além do que fica muito mais fácil eu dizer em casa "Vou ali a SP para me encontrar com meus amigos de blog" do que "Vou ali a SP para deixar minhas calças na Galeria do Rock".

Eu voto sim!

Varotto disse...

Rob, como da primeira vez que li o texto estava tomado da emoção condizente com o momento, não notei uns errinhos:

"uma das coisas MAIS FASCINANTES que eu acho mais fascinantes no SEU humano."

Otavio Cohen disse...

ahohoaaho no SEU humano, VArotto, era pra vc e vc n percebeu? é só um jeito carinhoso de falar de vc haha



e eu tb to na fila.

Djamar disse...

Tô com inveja do Varotto, porecisava muito me encontrar com o ROb, pra enfim poder terminar minha dissertação, mas , enfim, adorei o post.

Lari Bohnenberger disse...

Toda vez que vc fala desta picanha do Degas eu fico com água na boca e morrendo de curiosidade. O que será que ela tem que as outras picanhas não têm?
Bjs!