27 de setembro de 2009

Com Amor, Rob

Na minha opinião – pessoal e profissional –, um filme é bom quando ele me faz sair do cinema pensando. Se, dez minutos depois dos créditos subirem eu já não tenho mais aquela sensação de “acabei de sair do cinema”, e não estou pensando sobre os personagens, o final, ou mesmo sobre alguma cena específica, é porque o filme não é bom. Ele é, quando muito, legal.

Assim, Amantes, com Joaquin Phoenix, é um filme excelente. Assisti agora à tarde e não consigo parar de pensar nele desde então – salvo um rápido café após esbarrar acidentalmente com um amigo que hoje mora em Santa Catarina e está em São Paulo por esses dias.

Antes de tudo, Amantes não é um filme fácil, nem se propõe a tal. Não é uma comédia romântica, que você assiste esperando pelo inevitável final feliz. Não vou contar o final aqui, mas basta vocês saberem que Amantes não tem um final particularmente feliz.

Afinal, a vida não tem final feliz – às vezes as coisas dão certo, às vezes não. Às vezes, dão certo como planejamos, às vezes não.

Mas, mais que seu final, o que torna Amantes um filme inesquecível são seus personagens. Fazia anos que eu não via, na tela, personagens tão reais, tão humanos. Joaquin Phoenix é um Leonard, sujeito que, sem conseguir superar o fim de um noivado, voltou para a casa dos pais, onde vive de forma totalmente estagnada, à beira de uma depressão. Bipolar, ele oscila na corda bamba entre tentar retomar sua vida ou se suicidar de uma vez – mas não tem força (ou competência) para nenhum dos dois. Assim, ele passa seus dias de forma inerte, tentando trabalhar, tirando fotos (sua grande paixão), esperando que alguém apareça para lhe salvar. Leonard é um aleijado emocional

Curiosamente, não é uma pessoa que aparece para lhe salvar, mas duas. Sandra, filha de amigos dos seus pais, é a primeira: recatada, correta, parece ser o partido ideal – mesma opinião dos seus pais e dos pais dela, que fazem de tudo para fazer os dois ficarem juntos. Michelle é o oposto. Moradora do prédio de Leonard, vive às turras com sua família e usa drogas para tentar suportar a idéia de manter um caso com um homem mais velho e casado, que jamais abandonará a família por ela.

A partir daí, o triângulo amoroso existente entre eles (ou quadrado, se contarmos o namorado casado de Michelle) se desenvolve de forma cada vez mais intensa. Como este texto não é uma crítica do filme, vamos pular toda a parte do desenvolvimento do roteiro e dos personagens (o filme é bom, acreditem) e ir direto ao que interessa, ao assunto que o filme me fez pensar a respeito: amor.

As pessoas retratadas na tela são como eu e você. São pessoas reais. Temos o sujeito que nunca conseguiu aprender a viver com uma perda; temos a garota que mora com os pais e espera pacientemente alguém aparecer na sua vida; a jovem que entrega toda a sua vida a um amor impossível, enganando-se todos os dias; e o sujeito que mantém uma família e uma amante, talvez para não correr o risco de perder sua juventude.

Independente de suas diferenças, todos eles, ao seu modo, querem desesperadamente ser amados. Todos eles abandonam ou abandonariam tudo o que acreditam por amor – ou, sendo mais preciso, por aquilo que eles acham que é amor. Suas vidas não têm absolutamente nada de grandiosas, são quatro anônimos em uma grande cidade. Tudo o que eles querem é alguém para dividir o pouco que eles têm e para dividir o pouco que eles são.

Da mesma forma que eu e você.

Não vou dizer aqui que se você não tem namorado, namorada, marido, esposa, você é infeliz. Claro que não. Mas quem de nós, pelo menos uma vez na vida, não soube que daria tudo apenas para ter alguém ali ao seu lado, sabendo que esta pessoa jogará com você, no seu time?

E, não, pai e mãe não contam. Pai e mãe não jogam juntos com você – eles são a torcida. Eles sempre estarão torcendo por você, mesmo nos dias em que você jogar mal, mas apenas torcem. Eles entram em campo apenas quando você é pequeno. O que todo mundo quer é alguém que jogue junto com você, e mais importante que isso, tenha escolhido jogar junto com você.

Todos nós queremos isso, em ao menos um momento de nossas vidas. Todos nós queremos que alguém apareça para nos salvar de nós mesmos.

E não estou falando de paixão. Paixão é algo sem controle. Paixão é algo que tira você do chão – mesmo porque 99% das paixões são ilusões –, mas que pode se tornar uma queda feia. Amor é diferente. Não consigo definir amor aqui, mas sei que é diferente.

Outro dia, me falaram uma definição que eu achei brilhante: “amar é dar espaço para a pessoa crescer”. Mostra realmente a diferença entre amor e paixão: quando você está apaixonado, tudo gira em torno de posse; quando você ama, tudo gira em torno da outra pessoa, e da felicidade dela. Você abre mão de tudo por isso, sem pestanejar.

Mas essa é apenas uma definição de amor. Existem tantas outras, soltas por aí, tentar enumerá-las seria perda de tempo. Mesmo porque todas estão certas. Uma delas de que sempre gostei é que o amor não é um sentimento, mas a soma de todos os outros sentimentos.

Curioso como passamos a vida inteira correndo atrás de algo que nem sabemos direito como funciona, ou sequer como explicá-lo. Mas, que passamos a vida correndo atrás dele, é fato. Passamos a vida lutando para ele, por ele.

Porque nada supera a sensação de ir até a varanda, olhar a cidade e saber que alguém lá fora, no meio daquela multidão, ama você por você ser exatamente do jeito que você é.

Eu? Eu sou um aleijado emocional, como Leonard. Não porque tenho uma perda que não consigo superar. Como toda pessoa que amou um dia, eu já perdi – algumas doeram mais, outras doeram menos – mas sou um aleijado emocional por causa dos meus pais.

Entre meus amigos, eu sou um dos poucos cujos pais não se separaram, então, cresci com a idéia de que é “para sempre”. Mesmo tendo visto meu irmão se casar, se separar e casar de novo, eu não consegui perder essa visão.

Ou seja, toda vez que eu amo, é para sempre. Eu não molho os pés para ver a temperatura da água, eu mergulho, porque faço questão de me molhar inteiro.

Mas claro que hoje eu já aprendi que “o amor é mais que o amor”. Hoje eu sei que atrás da porta do quarto dos meus pais, existia todo o making of daquela superprodução que eu entendia como estabilidade familiar. Brigas, contas para pagar, e os outros problemas que todos nós temos – tudo isso acontecia lá dentro, longe dos olhos dos espectadores (eu e meu irmão), mas acontecia.

Mas se “o amor não é apenas o amor”, também sei que “o amor é parte essencial do amor”. Afinal, mesmo com todos os problemas, eles continuam ali, tomando café juntos, lutando para pagar as contas, reclamando de cansaço, assistindo televisão juntos. Não se desgrudam.

Ou seja, nenhuma das brigas acontecia apesar do amor, mas sim por amor. Todas elas. A prova disso é que eles continuam ali.

E isso mostra que o amor, ao contrário do que vemos nos filmes, não está em beijos sob tempestades, acompanhados de canções ganhadoras do Oscar.

Ele está no meio de uma gargalhada vinda de uma piada sem maiores pretensões, na crise de ciúmes que faz você se sentir um imbecil dez minutos depois, no sorriso que você ganha quando encontra com a pessoa, na briga que você abre mão da razão que tem em nome da paz. Ele está no cinema de mãos dadas, no almoço corrido porque os horários estão apertados, no olho no olho durante o sexo. Ele está na vontade de querer saber se a pessoa está bem e na vontade de sempre querer ver a pessoa bem.

Ele está em absolutamente cada passo que você dá com a pessoa, seja este passo uma conquista com ela, seja uma concessão que você abre em nome dela.

Então, agradeço todos os dias por me considerar um aleijado emocional. Porque eu sei que jamais vou perder o foco de que, aconteça o que acontecer, nada é mais importante que ter alguém para quem voltar, quando o dia acabar.

E, acreditem: no final das contas, é isso que faz a diferença. Sempre.

(Dedicado aos meus pais)

33 comentários:

Otavio Cohen disse...

Inesperadamente tocante, rob. serio mesmo. e isso pq eu tava pensando nesse tema esses dias.

acho que o "final feliz" dos filmes quer resgatar isso, essa coisa que seus pais construíram, e os meus tb, e que todos nós pensamos em construir. gosto mais do que dizem dos contos de fadas "felizes para sempre", entendendo a felicidade de um jeito meio diferente, que tenho ctz q vc vai entender qual é.

inesperado tb pq esse texto poderia estar tanto no reviews como no chronicles tb, e vc pos aqui, e isso não foi sem querer, eu aposto.

e essa sua descrição de aleijado emocional me torna um, essencialmente pelos mesmos motivos.

já queria ver o filme, agora se tornou uma necessidade básica.

e, só pra terminar com a frase dos garotos de liverpool... all you (i, he, she, we) need is love.

obrigado pela leitura de fim de domingo ;)

Ana disse...

Esse filme é incrível.
O seu texto também é.

May. disse...

Meus pais também me fizeram acreditar que existe sim esse negócio de "amor", pra sempre ou pelo menos pra vida inteira. E eu queria comentar aqui alguma coisa que não fosse só o fato do seu texto ter feito meu domingo um pouco mais agradável. Mas olha, eu não diria melhor do que você disse. Parabéns, outra vez (tá ficando até repetitivo, mal minha.).

Pedro Lucas Rocha Cabral de Vasconcellos disse...

Pela primeira vez em muito, muito tempo, chorei ao ler um texto.

Obrigado, Rob.

MaxReinert disse...

Que engraçado... as coisas acontecem de formas diferentes para todas as pessoas e por isso mesmo, viver é tão genial.

Nunca tive um modelo de "amor" ou casal ideal. Todas as relações por perto de mim foram/são ruins... inclusive meus pais (quando vivos) sempre tiveram um amor muito "ruim" (sabe-se lá o que é isso).

Mas, em algum lugar de mim (talvez nas minhas fantasias cinematográficas) eu imaginei que haveria um "amor" de verdade... com todas as dificuldades do cotidiano, mas com uma necessidade extrema do outro! Uma sensação de pertencimento... algo maior que os relacionamentos "normais".

Passei por muitos relacionamentos...muitos mesmo (não nego!)...todos bem mais ou menos. Algumas relações estranhas que "quase" me fizeram desistir de buscar "O" amor.

Nos últimos anos eu decidi mudar vários aspectos da minha vida. E uma resolução foi não aceitar um relacionamento que me ofeceresse pelo menos a possibilidade de ser o que eu buscava. "O" amor.

Mudei eu e consequentemente mudaram minhas escolhas, minha maneira de vincular-se...obviamente!

No dia 17/10 faz um ano que estou vivendo algo que eu acredito ser "amar"... é pouco tempo? Sim. Mas desde o primeiro momento dessa relação eu tive certeza de que era algo distinto de tudo o que eu já tinha vivido.

Aprendi, através dos erros, meus e dos que estavam próximos de mim a entender o que "NÃO" era amor.

Que seja eterno........ enquanto dure!

Pedro Dal Bó disse...

Simplesmente fantástico.

Nem preciso mais ver o filme, tenho certeza que a mensagem foi aqui passada de maneira grandiosa.

Dizer o que é o amor é algo que considero quase impossível. O amor é uma coisa ou pode ser outra dependendo da situação. Pode ser um apoio numa situação difícil ou uma bronca para que a pessoa não cometa um grande erro, mas o que sabemos é que sempre será uma atitude com o intúito de fazer o outro se sentir melhor, ficar melhor e ser melhor.

Parabéns Rob.

Charlie Dalton disse...

Rob, você me surpreende a cada dia. Muito lindo este texto.

Não adianta: todos nós nascemos com a necessidade de amar. A medida que amadurecemos, percebemos que existe mais de uma forma de amar. Os gregos, por exemplo, tinham quatro palavras que significavam amor em português. Uma era do amor que temos por um amigo, o amor que temos por afeto (pai, irmão, mãe), o amor romântico (o retratado neste post) e o amor guiado por princípios, em que você ama porque tem consciência de que precisa amar a quem está perto de você.

Eu dedico esse meu pequeno/médio/extenso comentário aos meus pais também. Eles, como os seus, também passam por tribulações tais como as contas pra pagar no começo, durante e no fim do mês, mas o amor que eles possuem os fazem suportar todos os perrengues. E isso serve para nós, que se é pra escolher alguém, observemos suas atitudes. As atitudes dessa pessoa mostrarão se ela é ou não uma pessoa que vale a pena, que realmente demonstra o amor. Antes de entrar de cabeça numa piscina, veja direito se a água é boa. Se a água for boa, o tempo em que você vai ficar nessa piscina será longo...

Quanto a ser um aleijado emocional, vc não é um caso perdido. Você gostar e amar um cachorro é um forte indício de que o que eu falo não é bobagem.

Bom, vou parando por aqui. Saudações deste humilde guri que admira - e muito! - a sua pessoa. Inté!

Charlie Dalton disse...

Eu sei, você não se colocou como um caso perdido, mas alguns que forem ler podem acabar entendo assim.

*Só uma observação anexa, pois não quero apagar todo o comentário anterior só por causa de uma parte que eu julguei inconsistência no que diz respeito ao que eu queria transmitir.

Marina disse...

Eu sou uma aleijada emocional. Nas poucas vezes que me apaixonei, mesmo nas mais breves, também pensei que era para sempre. E sofri mais do que a maioria. Por isso que, diferente da lição que você tirou disso tudo, eu tenho medo de pular de cabeça.

Não existe final feliz na vida, porque o final é a morte. E ela só é feliz pra quem foi. Pelo menos é o que se pensa.

Anônimo disse...

Amei o texto, parabéns!

Eu me considero uma felizarda pois conheço o amor nascido de anos de convivência, de muita paciência e, acima de tudo, de muito respeito mútuo.

Faz 21 anos 8 meses e 20 dias que as promessas trocadas diante de Deus e uma centena de testemunhas só se fortalecem a cada dia.

E, como você, sempre acreditei que é para sempre.

E será.

Beijos

Sil

Daniela disse...

E como faz diferença...e como parece que tem gente que tem uma sorte incrível (talvez bastidores melhores) e gente que luta muito, se esforça e quebra a cara...
Mas, li uma frase feita outro dia, boazinha: deu certo, por 1, 10, 15 anos, e acabou. Mas deu certo pelo tempo x.

Na Braga disse...

O mais engraçado é que quando se acredita no amor você pode "cair e levantar" quantas vezes forem necessário. O momento da queda é duro, mas a sensação é a de que o amanhã vai ser melhor... ;)

Renata Schmitd disse...

orgulho de você. mesmo.

Climão Tahiti disse...

Amor é uma forma de amizade.

Não consigo ver de outra forma.

Com o tempo, os beijos diminuem, o agarra-agarra diminui (quanto a gravidade não se torna mais forte até que viagra) e o que resta? Amizade.

Hoje em dia a maior parte dos casais não consegue suportar essa idéia, o mundo exige que as pessoas vivenciem, viajem, trabalhem, curtam, gastam mas o mundo contemporâneo não tolera mais é aceitar que por mais que se viaje, gaste, foda ou faça milhares de coisas diferentes juntos, o mais importante é aquela frase que dizem na igreja:

"Na saúde e na doença".

Mas o mundo só quer a "saúde" nas relações. E é por isso que estamos na merda de hoje.

Só cultuamos o lado bom das coisas e mascaramos a coisa ruim. Fingimos que o mal não está lá, escondidinho debaixo do tapete. E quando ele rosna em geral o homem/mulher atual foge com o rabo entre as pernas.

O primeiro passo para enfrentar o mal não é enfrentar, é aceitar como parte de si.

Caru disse...

Não esperava ler um texto assim vindo de você...

Eu também sou daquela turma q entra de cabeça e sempre acredita q é prá sempre. Na verdade, qualquer relacionamento no qual eu entro, a partir da hora q vejo q não conseguirei ficar "pra sempre", eu termino. Mesmo que os problemas q fariam terminar viessem 20 anos mais tarde.

Com alguns relacionamentos aprendi a ser mto mais seletiva e exigente. Mto mais do q mta gente à minha volta. Isso, da mesma forma, está ligado à visão que tenho do relacionamento dos meus pais. Sou mto amiga da minha mãe e acabei sendo, em parte, confidente... mesmo que as coisas não fossem ditas. Fui amiga e conheci os problemas de várias outras mulheres por intermédio dela. Mulheres entre seus 35 e 50 anos cheias de frustrações.

Nisso tudo, acabei vendo que preciso ser mto intolerante com alguns defeitos para que tenha maiores chances de ficar "pra sempre" com alguém. Pode ser que eu fique "pra sempre" pulando de galho em galho, mas, sinceramente, pela experiência q tive até hoje, vejo que o maior defeito das pessoas é não saber o que procurar quando se quer encontrar alguém.

Eu sei o que eu quero. Ou pelo menos, sei o que não quero.

Alexandre Greghi disse...

"Fucking great"
E um brinde aos "aleijados emocionais".
Aleijados pq de vez em quando ao se jogar de cabeça, a lagoa é na verdade uma poça, mas como saber?

Anônimo disse...

Caramba. Texto mt bom. Emocionante. Vou procurar achar esse filme. Parabéns.

May. disse...

Vim comentar de novo, porque li de novo o texto e me surpreendi de novo.
E dessa vez não vim só elogiar, vim também comentar de "verdade".

Eu não costumo demonstrar, mas eu morro de admiração pelos meus pais. Principalmente, pelo amor deles. Que são pra mim exatamente o que você falou sobre o dos seus: a maior prova que eu tenho de que o amor existe sim, mas de uma maneira diferente do que se vê em filmes café-com-leite. Porque agora que eu já não sou criança, fica mais fácil ver que existem fases e fases e eles se sairam bem das ruins, a ponto de eu só perceber que elas existiam porque comecei a observar melhor as coisas. E em nenhum momento, eu senti a tensão que alguns problemas poderiam trazer. Os dois sempre enfrentaram, juntos, tudo que apareceu. E tão juntos, com tanta certeza que daria certo, entre eles e todo o resto, que não precisaram demonstrar tudo o que estava errado. Eles se entendem, superam os problemas e ainda vão no fim de semana no cinema ou fazer alguma coisa diferente, simplismente porque sabem que merecem um descanso.
E, depois de 25 anos de casado, meu pai estava comigo na casa da sogra dele (minha vó, obviamente) e nós estávamos conversando sobre alguma modelo ser escolhida uma das mais bonitas do mundo. Minha vó era só elogios, falando que era difícil achar uma modelo realmente bonita, que todas eram magrelas demais e essa ate que tnha um corpão.. E meu pai falou:
- A dona Neide, eu não acho tudo isso não.
- Ah vá Tomaz! Se ela não é bonita, quem é?..
- A Thais, ué.
Ai eu e minha vó com aquela cara de "aaah, puxa saco". E ele continuou, até meio bravo.
- Obvio que acho a Thais mil vezes melhor que ela. E ela não precisa comer só aipo pra isso.

Achei tão bonito o jeito como ele falou, que depois disso eu entendi que não importa os relacionamentos que não deram certo até agora. Uma hora, vai dar. Porque eu acredito e QUERO isso.
E também acredito que isso faz a diferença: saber que existe. E que vale a pena tentar, até que um dia, dá certo. =)

Anônimo disse...

Emocionante!

Dee disse...

Que lindo!

Melinda Bauer disse...

Está me saindo um sentimental!Esta fala é do Rob ou do Gordon?
Preciso saber a leitura do Besta Fera....
Afinal parece que começa a achar que a humanidade pode dar certo...
Abraço

Felipe Lima disse...

Rob, parabéns pelo texto. Foi emocionante.

Flavia Penido disse...

Hummmm...eu acho fácil distinguir amor de paixão.
Paixão é sempre muito muito intensa, te deixa meio drogada naquele período. Aliás relacionamentos baseados em paixão não costumam ser muito longos justamente porque são deliciosamente cansativos, exaustivos. Paixão te exaure. Já o amor te alimenta. Na paixão vc sempre tem medo de que vai faltar, de que vc não vai dar conta daquilo (e não vai mesmo, hahahah); amor não. Amor te dá, conforta, tranquiliza.
Outra forma fácil de saber se é amor ou paixão é depois que acaba. Paixão vc esquece, nem lembra depois de um tempo, porque outras apareceram - e quando lembra, aquele misto de atração física (sempre é indescritivelmente forte, repararam?)e cansaço do fim, frustração, causa um mal estar. Você até pode atravessar a rua pra não cumprimentar uma antiga paixão, mas vc não faz isso com um amor (não vou falar antigo amor,isso pra mim não existe, sou uma moça Nelson Rogrigues - depois explico).
Não dá pra ter raiva de um amor. Não dá pra desejar o mal dele. Amor passa sempre pela compreensão, pelo se colocar no lugar do outro, por desejar o bem e a felicidade daquela pessoa ainda que não seja conosco. vc torce pela felicidade daquela pessoa.
Ah! Amor não morre nunca; fica sempre uma essência do sentimento original, guardado num cantinho do coração da gente. É por isso que não dá pra amar muitas vezes na vida: porque uma hora não tem mais espaço pra colocar sentimentos tão grandes dentro de vc (o que não significa que vc não possa ser feliz - vc pode, e muito).
Não acho que vc seja um aleijado emocional: vc apenas ama, como deve ser o sentimento. E não, vc não mergulha de cabeça: é ele que entra e se enraiza de tal forma em vc que não há como matá-lo sem matar a si próprio.
É isso.
Beijos

Eduardo disse...

Tákipariu...!

texto de arrepiar. tbm sou mais um aleijado emocional; há 2 meses percebi que o rio q pulei de cabeça era apenas uma poça. Só quem passa sabe a significância do momento. Encontrei aqui, de forma conclusa, o que procurava tentar refletir, mas q nunca conseguia passar de fios de pensamentos.

Vlwss, por todos nós!
--XD--

Thiago Dalleck disse...

Achei que você tinha esbarrado café no seu amigo lá em Santa Catarina, rs.

Ainda quero ver um assunto que o Rob não consiga escrever, talvez escrever bêbado seja um desafio pra ele, quem sabe! XD

Mas ótimo texto mesmo, deu até vontade de ver o filme agora. E se eu precisar explicar pra alguém a definição de amor, já sei qual será minha referência. Mais precisamente, o décimo quinto parágrafo desse post. Excelente!

Acho que a máxima do amor é conseguir amar a humanidade, todas as pessoas. Amor composto de compaixão e solidariedade. Mas acho que não é o amor que é cego, são as pessoas que são cegas e não encontram o amor.

Nanda* disse...

É Rob... eu posso dizer que não é fácil se enganar todos os dias. Isso nos dá a sensação de apatia e a mesma nítida sensação para os outros.
Seu texto vem em ótima hora.
Uma das definições de amor que eu mais gosto é: amor é deixar a pessoa amada crescer e ser feliz independentemente de ser do jeito que você gostaria, pois o simples fato de vê-la feliz te faz mais feliz do que qualquer outra coisa.

Parabéns, Rob.

Tyler Bazz disse...

A gente já conversou a lot sobre o texto (sim, leitores, morram de inveja. sou amigo do Rob)..

O comentário é só pra deixar registrado..

Vc é um fdp, um maldito, e eu quero escrever igual vc um dia.

Isabella disse...

LINDO!

Renato Sansão disse...

Porra Rob, esse me deixou de joelho mole.

Vou ver o filme essa semana s/falta!

Grande abraço, meninão!!!

Diogo disse...

Não sou um comentarista frequente, Rob, mas dessa vez não aguentei.

Parabéns, puta post show de bola.

Anônimo disse...

Caramba, Rob, cheguei aqui pra comentar no post de cima - que me fez rir muito, aliás! nunca fiz nada igual quando era estudante - e esqueci que não tinha lido esse aqui.
Agora não consigo comentar o outro. Estou emocionada.
Você definiu tão bem o amor real. E eu invejo isso, porque isso mesmo que vc definiu é a coisa mais difícil de se encontrar hoje em dia...
I'm speechless.

Tati disse...

Passei a encarar o amor como a mega sena.
Eu gostaria muito de ter os dois mas a chances são mínimas.
Parece triste isso, mas na verdade o ceticismo salva vidas.
Nem na minha família eu tive exemplo desse amor eterno que tanto se fala.
Amor igual no livro" Cartas a D", ao filme "Longe dela" me faz resgatar alguma esperança.
Eu quero acreditar!
Como a Alice no "Movimento romântico", eu queria ser amada pelo simples fato de estar viva.


A propósito, adorei seu blog. Tudo por causa de transplantes de post eu cai aqui.

Ana Savini disse...

Eu já tinha lido e foi ótimo ler de novo. Somos aleijados emocionais. Apesar de que, diferente de vc, meus pais não deram certo e sempre foram um péssimo exemplo de relacionamento mesmo separados.
Acho que por isso em mim o efeito é reverso e "...toda vez que eu amo, é para sempre. Eu não molho os pés para ver a temperatura da água, eu mergulho, porque faço questão de me molhar inteiro."