2 de abril de 2007

Maldito Graham Bell! (*)

Tem um amigo que diz que minha vida telefônica renderia um livro. E renderia mesmo. Eu já me conformei com o fato de que qualquer pessoa do planeta que não domine a nobre arte da comunicação irá, mais cedo ou mais tarde, me ligar e desenvolver a conversa mais estranha do mundo. Isso quando não ligam procurando a tal da Natália, que, após um tempinho sumida, voltou a aparecer na minha vida, numa média de três ligações por dia.

Mas, quando não é a Natália, é outro bípede que liga (sim, porque os seres que me ligam, nessas ocasiões, estão longe de poderem ser classificadas como humanas). E, curiosamente, eles sempre começam a conversa na metade, como se eu, além de saber quem eles são, soubesse do que eles estão falando. Estou, inclusive, pensando em abrir uma categoria só para isso no blog.

Ontem eu estava almoçando (churrascaria mode: on) quando tocou meu telefone, entre um cupim e uma fraldinha. Como era um número que eu não conhecia, não atendi. Já me acostumei com os loucos me ligando durante a semana, mas que respeitem meu domingo. Mas fiquei com a consciência pesada. Podia não ser um louco. Podia ser alguém importante. Podia ser uma questão de vida ou morte. Podia ser o PCC avisando que meu irmão foi sequestrado - e eu falaria, claro, para me ligarem depois do almoço. Talvez não seja um dos loucos. Quer saber? Vou ligar de volta.

– Alô?

– TÁ QUEIMANDO A BUNDA NA AREIA, NÉ, CRIOULA?

Deus do céu, é um dos loucos.

– Hã?

– Tá queimando a bunda na areia, né?

– Hum... Não. Não exatamente.

– Tá sim que eu sei!

– Olha, eu acho que está havendo um engano.

– Quem tá falando?

– Não, não. Não é assim que funciona. Você ligou para mim e eu retornei a ligação. Então, vamos fazer do modo certo. Eu pergunto com quem você queria falar, e você responde. Olha só, vamos tentar: com quem vc queria falar?

– Com a Jussara ou com o (a) Sbrebbles (Sbrebblesa).

Eu realmente não entendi o segundo nome, mas definitivamente não era o meu.

– Olha, acho legal você procurar logo duas pessoas num mesmo telefonema. Isso dobra as chances de você acertar. Mas eu não sou nenhum dos dois.

– E quem é você?

– Nenhum dos dois.

– Então foi engano?

– Sim. Essa sua dedução foi brilhante.

– Sbrebbles, sbrebbles, sbrebbles. Sbrebbles, sbrebbels?

Dada a tensão do momento, a pessoa deve ter perdido o controle emocional e acabou respondendo no seu idioma natal. Como meu celular não dispõe de tradutor universal (star trek mode: on), eu repliquei da única forma possível.

– Hã... Ok.

– Tchau, hein?

– Hum... É. Acho que é isso que nos resta. Tchau.

Enfim, o próximo louco que me ligar eu vou ser sincero. Assim que eu perceber que trata-se de alguém despreparado para usar um telefone, eu vou abrir o jogo. "As chances de você entrar no meu blog são grandes. Então, capricha, ok? Vamos lá. Quer falar com quem?"

E, depois disso, começarei a usar uma das 5 Melhores Respostas para um engano (tomando como exemplo a pergunta: "Oi, Alberto?")
1 - "Sim, sou eu. Quem está falando?"
2 - "PORRA, EU JÁ NÃO FALEI PARA VOCÊ NÃO ME LIGAR MAIS?"
3 - "Alberto? Ih... você não ficou sabendo, né? Você era muito amigo dele?"
4 - "Olha, o Alberto não pode atender agora. Mas eu trabalho aqui no puteiro, e posso anotar o recado."
5 - "Olha, esse telefone é um orelhão. Quer que eu vá aqui na banca de jornal ao lado, ver se eles conhecem o Alberto?"

(*) Na verdade, em 2002 foi reconhecido que o verdadeiro inventor do telefone foi o italiano Antonio Meucci, e não Alexander Graham Bell (para a felicidade (póstuma) do personagem de Joe Mantegna em O Poderoso Chefão III). Mas, cá entre nós, ninguém entenderia um post chamado "Maldito Antonio Meucci!".

10 comentários:

Anônimo disse...

Ju, obrigada por ter me emprestado seu celular! Agora me diz, teve algum recado pra mim? Bjk!

Anônimo disse...

Um dia tocou meu celular:
-Cara, esqueci de dizer, pede pro Beto transferir 5.000 pra minha conta.
Eu respondi "beleza", o cara desligou apressado e até hoje eu me pergunto se mandei pro espaço alguma negociação importante. Ou por que não pedi o telefone do Beto e liguei pra ele passando o número da minha conta...

R. S. Diniz disse...

"– TÁ QUEIMANDO A BUNDA NA AREIA, NÉ, CRIOULA?"

Caramba, eu ri muito com esse trecho!

E confesso que às vezes dá vontade de dizer que a pessoa procurada morreu!

Abel disse...

Voz sedutora
"Tele-sexo Love, ligação tarifada a 7 reais o minuto"

Assim eles desligam na hora ....

E belo blog ...

Eduardo Vilar disse...

"– Sbrebbles, sbrebbles, sbrebbles. Sbrebbles, sbrebbels?"

Hahahaha!
Muito bizarro...

Isadora disse...

o seu Sbrubles é o Sbrubles mais afeminado que existe, Rob.

SBRUBLES. simples.

"SBREBBLES"... bem fresco, né ??

Anônimo disse...

Na verdade, meu Sbrebbles não é afeminado, ou fresco. É um sbrebbles com pronúncia britânica. Muito mais estilosa.
E culto, claro.

Isadora disse...

gay. completamente.

Breno Pessoa disse...

"– TÁ QUEIMANDO A BUNDA NA AREIA, NÉ, CRIOULA?" foi genial. Acho que vou sempre falar isso quando alguém atender o telefone.

Anônimo disse...

A inveja é uma merda, mesmo, né?

Olha, não é culpa minha se você fica soltando seus sbrubles aí na frente dos outros.