Nada me deixa mais injuriado (lembrei da palavra injuriado esse fim-de-semana, decidi que ia usá-la essa semana de alguma forma. Ponto pra mim) que os degenerados de loja de CD. E não digo degenerados no sentido de imorais (se bem que em alguns casos, o termo serve perfeitamente), mas degenerados no sentido de "não respeitar gêneros".
A primeira vez que isso aconteceu, estava numa loja (não lembro agora se era a Fnac ou a Saraiva do Shopping Ibirapuera) olhando os CDs do Iron, rezando para eu estar enganado e existir um CD deles que eu não tivesse (os singles eu nem conto, nem o Steve Harris deve ter tudo). E fui passando pelos CDs... Live After Death... Piece of Mind... Virtual XI... Powerslave (yeah!)... Rock in Rio... Slipknot... The Number of... SLIPKNOT? Como assim, Slipknot? O que é que essa merda está fazendo aqui?
"Deve ser pegadinha". Olhei ao redor procurando a câmera. Nada. Os vendedores andavam pela loja como se nada estivesse errado. Bom, deve ser um acidente. Alguém colocou isso aqui por engano. Delicadamente, segurei o CD do Slipknot com a ponta dos dedos, como se estivesse segurando um abutre morto e carcomido, e joguei junto com algum dos Linkin, Limp da vida – tomando cuidado para ele não cair no meio de Led Zeppelin, que, por uma infeliz coincidência gramatical, fica perto dessas merdas.
Depois disso, comecei a reparar que os CDs de bandas toscas (e não "novas", como escrevi por acidente no primeiro draft deste post - aliás, draft é chique demais, hein?) estão sempre no meio de bandas boas. Não é difícil achar um Linkin no meio dos CDs do Judas, ou outro Slipknot parado ali no meio de Deep Purple, entre Burn e In Rock, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Curiosa (e feliz) mente, o contrário não acontece. Você não acha um Painkiller, um Paranoid, um Long Live Rock 'n Roll no meio de Limp Bizkit (francamente, se eu sou um Painkiller e me jogam no meio dessas merdas, eu ia morrer de vergonha. Puta humilhação). Ou seja: esse fato de CDs de bandas toscas "brotarem" no meio do cream, é algo planejado por quem gosta disso - normalmente moleques cuja idade vai dos 12 aos 16 anos e acha que aquilo é rock e que, como ele gosta daquilo, ele é o cara mais malvado do 1º colegial. Mas eu ainda fico na dúvida sobre o motivo específico. Algumas opções me ocorrem:
1 - Ele não aguenta mais ler em revistas e sites especializados que as bandas que ele gosta são ruins. Então, ele fica olhando o CD de Slipknot na frente da prateleira de Led Zeppelin. Assim, quem estiver na loja, vai achar que ele gosta de música boa.
2 - É quase uma derivação da primeira. Ele não aguenta mais ler em revistas e sites especializados que as bandas que ele gosta são ruins – mas ele, trancafiado dentro do seu mundinho FM limitado, acha que são boas. Então, ele coloca no meio dos CDs bons, com a vã esperança de que um fã de Judas Priest procurando uma cópia de Hell Bent For Leather, dê de cara com um Linkin da vida e decida: "Olha, Linkin Park. Vou levar". E, pior, ele tem a inocência de achar que alguém que ouça Judas pode gostar daquilo, e detonar um efeito-dominó que colocará o Linkin como a maior revolução no rock desde Black Sabbath.
3 - Ele sabe que Linkin é uma bosta, mas ele não pode ouvir Led Zeppelin porque seus amigos só ouvem Linkin. Como ele aprendeu nas aulas de biologia o conceito de Osmose, ele mistura os CDs com a esperança de que, no dia seguinte, eles estejam equilibrados: Led não seja mais tão bom e Linkin tenha melhorado. Mal sabe ele que se John Bonham desafiava a física com suas baquetas, é óbvio que os CDs do Led contém uma membrana que impossibilita a entrada de impurezas como essa.
4 - Terrorismo. Cansado de serem humilhados pelas bandas que gostam, eles decidiram se vingar e estragar o humor de quem está disposto a investir seu dinheiro em boa música.
Seja qual for o motivo, só espero que a moda não pegue. Já é uma merda achar lixos no meio de coisas boas, mas a coisa vai ficar insuportável quando começarem a pipocar CDs do Calcinha Preta na prateleira de Ozzy, ou Daniel no meio dos CDs de Bruce Dickinson. O dia que isso acontecer... Bom, aí... Aí é guerra.
Enfim, já que o post trata de gêneros misturados, seguem aqui 5 CDs que dificil (e feliz) mente serão colocados à venda.
1. Reginaldo Rossi - Live at Donnington
2. João Paulo & Daniel - The João Paulo Years
3. Apocalyptica - Plays Aírton dos Teclados By Four Cellos
4. Calcinha Preta - Live at Leeds
5. Alexandre Pires - The BBC Archives
5 comentários:
"Depois disso, comecei a reparar que os CDs de bandas novas estão sempre no meio de bandas boas."
Meu chapa, quanto conservadorismo.
Já escutou Wolfmother?
Abra os olhos e os ouvidos.
Cara (se for senhora, senhorita, me desculpe, mas "anônimo" não tem sexo), viajei.
Eu estava pensando em bandas novas quando vc colocou isso, e acabei escrevendo bobagem. Já arrumei no post - mas, por hoestidade, deixo aqui a prova do crime.
Quanto a Wolfmother, tenho o CD deles aqui em cima da mesa e meio post pronto sobre eles. Um dia desses, ele vai ao ar.
Tks
rob, meu velho, não se esqueça de colocar THE DARKNESS entre as bandas novas e boas que surgiram por aí.
I believe in a thing called love.
grande abraço.
hasta.
Argh... Slipknot... =P
é tudo modinha.
pô Rob, linkin park é bom... os caras fazem uma música bacana... claro que não é como o led, pink floyd, entre outros, mas o som dos caras é bom... mas sem mais delongas, tudo questão de opinião... não vou dissertar a favor do linkin park pq nao ia adiantar...
forte abraço!!
ps: cada dia que passa eu acho algum post novo no seu blog e fico igual criança quando acha aquele chocolate que a mãe escondeu!!
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