Não eram mais pessoas. Era uma turba desgovernada, sem controle. Uma massa humana irracional que havia criado vida e não iria se acomodar novamente. O pânico tomou conta da mente de todos. Famílias desesperadas tentavam abrir espaço no meio da multidão. As pessoas gritavam e se empurravam, torcendo para somente encontrar um lugar seguro. Mães segurando crianças de colo pediam ajuda às poucas autoridades presentes, mas eram ignoradas. Não havia para onde correr. Casais de idade, com medo de se separarem no meio da confusão, tentavam se refugiar nos cantos, mas logo eram arrastados, quase à força, pela enorme corredeira humana.
Gritos desconexos, palavrões e pedidos de socorro eram ouvidos. Alguns perderam o controle sobre as próprias pernas, e caíram de joelhos, apenas para ser pisoteados quase até a morte pelos outros que, desesperados para encontrar abrigo, não enxergavam nada mais a sua frente. Outros tropeçavam em brinquedos abandonados, bolsas caídas no chão – objetos que haviam pertencido a pessoas que decidiram largar tudo somente para aumentar suas chances de sobrevivência.
Era uma massa viva formada de ódio e medo.
Começaram os saques. Famintas, as pessoas começaram a atacar o comércio local, tentando conseguir provisões para suas famílias. Como um pavio aceso, os primeiro saques deram lugar à violência. As discussões ficaram progressivamente mais exaltadas, até se tornarem físicas. Uma mulher empurrou uma criança. Um homem foi esfaqueado no rosto com uma faca de plástico branco. Uma mulher de idade foi prensada na parede por um grupo de jovens, e esmurrada até perder a consciência. Uma das autoridades, uniformizada, tentou controlar a turba, mas desarmado, teve poucas chances – logo, foi derrubado pela multidão, e após ser espancado, foi praticamente devorado vivo.
Não havia mais consciência. Não havia mais amor ou respeito.
Depois de séculos de progresso, a civilização humana havia ruído e desmoronado. O homem estava de volta à barbárie.
No meio disso tudo, segurando uma bandeja e tentando equilibrar meu prato, eu jurei que nunca mais vou colocar os pés em uma praça de alimentação de shopping, no Dia das Crianças.
23 comentários:
hjahah me lembrou o segundo da trilogia dos mortos do romero
Aprenda a cozinhar e resolva isso.
No começo do texto eu me lembrei do show do Rage Against the Machine no SWU. Mas acho que praça de alimentação de shopping em dia das crianças deve ser muito pior.
Abençoado seja o delivery nos feriados! =D
... e é por esses motivos que eu não coloco os meus pés dentro de um shopping perto de feriados e datas comemorativas como Natal, Dia das Mães, da Pirralhada, Volta às Aulas e primeiro dia de férias.
HAHAHAHAHA shopping é invenção do diabo. Por isso nós mulheres gostamos tanto.
Aprendeu pela dor.
Todo mundo conhece a regra básica de sobrevivência em shoppings : Não vá em dias comemorativos de jeito nenhum.
:P
Beijo
Eu achei que fossem aparecer zumbis no final. Mas a situação não seria muito diferente se tivessem zumbis lá.
Todo mundo conhece a regra básica de sobrevivência em shoppings : Não vá em dias comemorativos de jeito nenhum. [2]
(shopping é a prova material de que o diabo existe)
Te entendo perfeitamente. E ainda bem que eu escapei de ir ao shopping ontem...
Só vou aos shoppings por causa dos cinemas, mas depois de domingo, prometi a mim mesma que não coloco mais os pés em cinemas após estreia de filmes do tipo Tropa de Elite 2. Fiquei 40 min na fila do ingresso no último domingo. Estreia de filme + dia das Crianças: inferno.
M.E.D.O.
Como diria o Adão, das tirinhas:
Ir ao Shopping - 1 mês de análise;
Ir ao shopping no dia das crianças com frio - 10 anos de análise;
Passar na praça de alimentação - 50 anos de análise;
Comer na praça de alimentação - 1.532.658 anos de análise.
Rob, onde vc arrumou esse programa, no disque equívoco?
Tsc tsc tsc...
Não se vai ao shopping nem sábado, nem domingo, menos ainda em feriado...
Tsc tsc tsc...
Não se vai ao shopping nem sábado, nem domingo, menos ainda em feriado...
Ficou tão bravo que tirou a coroa do Burger King da cabeça e foi embora sem comer as batatinhas?
E vc estava no shopping metro tatuapé, né?!
Aquilo é o vortex da loucura!
Tá, imagine tudo isso, mas sendo recreadora numa praça aberta para a pirralhada. Saí de lá pedindo socorro.
Acontece assim mesmo... mas não me prenderia apenas ao shopping, não...
Praia em feriado prolongado ? Mesmo filme de terror apenas com outro cenário...
É irretocável, a humanidade não deu e não tem dado certo mesmo. Tem gente demais nesse planeta... controle de natalidade ? Parece até fábula.
Passei por isso de novo! Eu havia jurado nunca mais ir ao shopping em dia de feriados nacionais... ¬¬!
Hahahahaha! Fato: shopping no feriado = inferno de Dante.
Acho q muita gente pessou por isso nesse dia das crianças.. o pior não era o shopping em si... tava tudo lotado!!! Pra qualquer lugar que fosse tava lotado!!!
Ah, acho q bati meu record de tempo pra estacionar no Shopping.. 40 minutos... isso pq era o segundo shopping q tentei entrar.. pq o primeiro nem tinha como mais entrar.. a fila tava pra fora do shopping...
ô dia!!!
heh Não vai até ter filhos. #sorryman
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