27 de agosto de 2010

Sonhos de Kurosawa Gordon VI

Estava num hotel com a minha mãe.

Estávamos hospedados numa suíte luxuosa, mas não havia divisão qualquer entre o quarto e o banheiro. Nem porta, nem parede. A única parte dividida era o boxe, que ficava separado do resto da suíte por uma cortina amarelada.

Esta cortina, porém, estava aberta. Era possível ver que a área destinada ao banho era bem grande, tendo uns 3 metros de largura (ia de uma parede a outra).

Ao lado direito de quem olhava (ou seja, de onde eu estava), ficava o chuveiro. Na parede oposta, aquelas armações que guardam sabonetes, xampus e afins. Eram brancas.

E, logo abaixo das armações, dois pregos enormes, que não serviam para nada. Ficavam lá sem propósito algum, com a ponta enfiada na parede e quase dez centímetros de metal para fora. Eram novos, ainda brilhantes. E de alguma forma eu sabia que eles sempre estiveram assim, com mais da metade do corpo para fora da parede.

E era eu quem precisava terminar de pregá-los, mesmo sem saber o motivo. Minha mãe, porém, não queria saber disso.

– Você precisa pregar isso, logo. Nós temos que ir até aquele evento no último andar.

Foi aí que eu descobri que o hotel era enorme, coisa de uns vinte andares. Mas eu queria entender porque eu tinha que pregá-los.

– As pessoas tomam banho ali do outro lado, embaixo do chuveiro. Ninguém vai se machucar nestes pregos. Eles ficam longe demais de quem toma banho.

Nesta hora, o gerente do hotel entrou no quarto. Ele estava no evento no último andar, no tal do evento (mesmo sem estar lá, eu sabia que havia uma enorme mesa de café de manhã, com uma toalha bege) e havia descido para ver como os pregos estavam.

– Você precisa pregar isso logo, ele disse, apressado.

E eu expliquei para ele exatamente o que havia dito para minha mãe: eu não via necessidade de mexer nos pregos. Mas ele retrucou:

– As pessoas escorregam muito neste boxe. E, quando elas escorregam, elas caem para trás sempre num ângulo de 49 graus. Então, elas acabam batendo a cabeça no prego. Teve gente que se machucou neste quarto. Foi bem feio.

Na hora, aquilo fez sentido para mim. Especialmente o negócios dos 49 graus.

– Entendi. Então eu vou pregar.

E ele voltou para o evento. Minha mãe foi com ele, pedindo para eu não enrolar e subir logo.

Fiquei sozinho no quarto.


(Sei que prometi falar do outro aplicativo do meu celular. Farei isso no próximo post.)

6 comentários:

Varotto disse...

Pregou ou não pregou?!

Para de enrolar ao sua mãe, cara!

Varotto disse...

Isso não seria problema se fosse no hotel em que eu fiquei em Londres.

O banheiro era tão pequeno que não tinha lugar para onde cair.

Sério! Se eu abrisse os braços, quase encostava nas paredes opostas do lado maior do banheiro. E no lado menor, eu com os braços abaixados, sobrava uns dez centímetros para cada lado. Isso sem falar que se eu sentasse no vaso e cuspisse pra baixo, caia dentro da pia.

Para falar a verdade, acho que não caberiam uma pessoa e um martelo ao mesmo tempo dentro do banheiro...

Ana Savini disse...

Por que 49 graus e não 45?

Pedro Lucas Rocha Cabral de Vasconcellos disse...

Pregou ou não pregou? [2]

Eu gosto de sonhos nonsense, queria me lembrar deles depois...

Renata Schmitd disse...

acho bom vc pregar logo. pelo menos um deles.

Ricardo disse...

Ana estes 4 graus de diferença são o que fazem alguem bater o Olho e não a bochecha nos prego.

Rob pregue logo este pregos, ou você quer que alguem mais saia ferido? Você não se preocupa com as pessoas ?