12 de outubro de 2009

Sonhos de Kurosawa Gordon II

Eu estava num shopping center que não conheço, junto com a Sra. Gordon. Estávamos ao lado de uma enorme loja de móveis, e havíamos acabado de discutir. Era fim de tarde, e nos preparávamos para ir embora. Ela precisava ir ao banheiro, e eu disse que ficaria olhando as vitrines e esperaria por ela ali. Mas acabei me perdendo e, quando eu vi, estava fora do shopping center.

A parte externa lembrava um bairro, apesar de pertencer ao shopping. Era formada por alamedas largas e ruas estreitas, todas muito arborizadas, o que fazia com que o lugar fosse bonito, mas escuro. Comecei a andar pelas ruas tentando voltar ao shopping, mas não conseguia encontrá-lo. Curioso que não importa de onde eu estivesse, bastava olhar para cima e eu via o shopping à distância, imponente e muito maior que as casas.

Como eu não conseguia encontrá-lo, tentava ligar para ela, mas ela não atendia. Quando eu percebi, estava andando numa espécie de beco, com pouco mais de 1 metro de largura, e que terminava num portão fechado. Achei que eu fosse precisar dar meia-volta, mas, quando estava a poucos metros dele, algumas pessoas saíram de uma casa e abriram o portão, ignorando totalmente minha presença. Passei pelo portão e caí em outra alameda larga.

Subitamente, quatro pessoas sem camisa e imundas vieram correndo na minha direção. Tive certeza de que iriam roubar meu celular, então, me abaixei na rua e, quando eles se aproximaram, pulei na direção deles, gritando. Não apenas não acertei nenhum deles, como eles ignoraram totalmente minha presença.

Continuaram correndo por uns dez metros e deram meia-volta, passando por mim novamente. Foi aí que eu percebi que eles estavam fazendo Cooper. E foi aí que eu percebi que eles estavam cobertos por salgadinhos, como se alguém tivesse lambuzado eles com cola e jogados toneladas de Cheetos em seu corpo.

Um ônibus passou e eu entrei. Alguém lá dentro me disse que o ponto mais próximo ao shopping era o próximo, então eu sentei e acendi um cigarro. O ônibus andou alguns metros, fez uma curva e eu desci. Comecei a andar na direção do shopping, ainda sem conseguir encontrá-lo.

Eu continuava tentando ligar para a Sra. Gordon e ela finalmente atendeu.

– Eu me perdi, estou tentando voltar até onde você estava.

– Eu já fui embora, ela respondeu.

– Como assim?

– Estou indo para casa. Saí do banheiro e você não estava lá. Percebi então que a gente nunca mais iria se ver. Fui embora.

– Você acha realmente que eu sou uma pessoa assim? Que teria ido embora sem avisar?

Não entendi o que ela respondeu – na verdade, eu não ouvi nada - e pedi a ela para repetir. Não sei se ela repetiu, porque, novamente, não ouvi nada.

Foi aí que me lembrei que eu estava com ouvido esquerdo machucado e, por causa disso, ele estava coberto com uma daquelas fitas marrons usadas para embalar caixas de papelão. Com certeza, era a fita que não me deixava ouvir. Eu poderia ter colocado o celular na outra orelha, mas não quis – eu só falo no telefone com a esquerda.

Arranquei a fita do meu ouvido, mas aí eu não conseguia encostar o telefone na orelha, porque doía. Muito. Assim, coloquei o celular próximo a boca e disse:

– Eu não estou ouvindo nada, mas estou voltando para o shopping.

Continuei andando. Agora eu precisava chegar ao shopping para conseguir voltar para casa, mas, pelo menos, eu não precisava mais andar com pressa. E o shopping continuava ali, na minha frente, por trás das casas, mas eu não conseguia me aproximar. Atravessei uma rua e, à minha esquerda, uma mulher vestida com roupa do Detran estava ajoelhada no meio da rua, pintando uma faixa amarela no meio do asfalto, indicando que aquela rua se tornaria mão dupla.

Continuei andando e comecei a cruzar com pequenas torres – ou guaritas – de metal, com cerca de dois metros de altura cada e lotadas de livros e revistas. Eu podia apenas desviar delas, mas algo me dizia que eu precisava esvaziá-las antes de passar. Então, eu perdia minutos a cada vez que eu cruzava com uma, tirando todos os volumes de dentro e empilhando na calçada.

Finalmente, cheguei ao final da rua. Estava em cima de um muro de aproximadamente meio metro da altura, abaixo de mim existia outra calçada, e outra torre de metal recheada de revistas. Não sei porque, mas percebi que se eu me apoiasse nela com cuidado para descer o muro, eu não precisaria esvaziá-la. Desci, e à frente da guarita, um prateleira de metal na calçada tinha algumas revistas expostas.

Uma delas, com a capa branca e algumas fotos, me chamou a atenção. Era uma revista especial do Rock in Rio II. Lembrei-me que eu tinha essa revista e adoraria tê-la novamente. Me aproximei e olhei a capa de perto. Havia quatro fotos, de artistas que se apresentariam no festival.

Duas delas não me chamaram a atenção, mas as outras duas sim. Uma delas era uma imagem do Paul Stanley, do Kiss, sem maquiagem, segurando um violão no ombro; a outra, de alguém do Slayer tocando num palco. Eu sabia que nenhum dos dois havia tocado no Rock in Rio II, mas, mesmo assim, eu queria ter essa revista, pois me lembro até do dia em que a comprei.

Olhei ao redor procurando alguém para perguntar quanto aquela revista custava, mas não havia ninguém ali.

Acordei.

16 comentários:

Varotto disse...

Acho que esse negócio de picanha não está te fazendo bem...

Varotto disse...

Lembra daquela história do Nostradamus x Rock in Rio que te contei?

Imagino o que as pessoas pensariam se ele descrevesse um sonho como o seu.

May. disse...

Olha, meus sonhos não costumam ser normais ou fazer sentido, mas você, sem dúvida, ganhou com esse.

Lari Bohnenberger disse...

Ahahahahahah!
Adoro sonhos sem pé nem cabeça!
Rob, tu não está usando drogas, né?
Rssssss!
Bjs!

MaxReinert disse...

Ok Ok... agora pare de se drogar... MESMO!

ro disse...

dessa vez vc fumou maconha estragada, certeza!!

Camila disse...

O que as drogas não fazem com o ser humano neh...rs

Natalia Máximo disse...

Já falei pra parar com a pasta de dente estragada!

Hanna C. disse...

"Foi aí que eu percebi que eles estavam fazendo Cooper."
opaskopaskopaksopakopsaopksoapospakospkaopskaopskoapksopakopskaopskopaksopakopsaopskopakopas

Caraca, acho que eu nunca ri tanto de um post seu. Papo dez.

Você deveria escrever mais seus sonhos...

Leandro disse...

tem certeza que isso foi um sonho??

Varotto disse...

Como dizia a avó de um amigo:

"Esses mininu parece que beberu miconha!"

Bruna disse...

" Saia do videogame menino!! "

Tudo bem. Eu costumo ser assim também. - falo do sonho, não do videogame...¬¬

K.P. disse...

Oh. Que inveja! Eu não tenho sonhos com enredos, falas e personagens. Ou melhor, devo ter, mas não lembro. No máximo eu lembraria de "sonhei que estava num shopping". Ponto. Nada mais...

Anônimo disse...

Você tem que consultar um psiquiatra, logo.

Deise Rocha disse...

achei que alguém ia fazer esse comentário, mas já que ngm o fez, eu farei!

"Sabia que era um sonho!"

E tire(m) sua(s) própria(s) conclusão(ões).
=]

Hally disse...

Caramba... acho que as pessoas que interpretam sonhos iam pirar com os teus, ou iam ficar felizes pelo desafio. Mas o importante é: Como você se desfaz de uma revista do rock in rio II? O.o