11 de junho de 2008

Não Leia este Post!

Para se começar a escrever um post é necessário, antes de mais nada, saber sobre o que o texto irá falar. Qual o assunto do texto? E é interessante já dizer isso logo no começo. Por exemplo, se eu estiver escrevendo, aqui, sobre como escolher o assunto de um post, já deixei claro que esse era o assunto deste texto, lá na primeira linha.

Agora, existem pessoas que preferem dar uma brincada antes, para, só então, apresentar o tema verdadeiro do texto. Mas o que eu queria falar mesmo era que elas podem fazer isso de forma simples, escrevendo um “mas o que eu queria falar mesmo era....” depois da introdução; ou com um pouco mais de estilo, causando um pouco de surpresa no leitor, normalmente colocando uma frase curta, de no máximo uma linha, após os dois primeiros parágrafos, para marcar bem o tema do post.

Mais ou menos assim.

E, a partir daí, você começa a desenvolver o texto. E muita gente empaca nesse pedaço. Às vezes, a pessoa sabe o que quer dizer, mas não encontra um formato, e começa a enrolar. Você percebe que isso está acontecendo quando começa a ler o texto e acha que um determinado trecho ficou arrastado demais, normalmente porque o autor está se repetindo. E muitos autores caem nessa armadilha, eles se repetem quando não sabem para onde levar o texto, e começam a se repetir indefinidamente. Tudo o que ele faz é repetir a frase anterior com outras palavras. Nada mais. A única coisa que ele faz é emular o que ele já disse usando outros termos.

O pior é quando o texto muda de parágrafo e continua enrolando. Você achou que aquela idéia que o autor não estava conseguindo desenvolver havia acabado e ele iria falar de outra coisa, mas não. Continua tudo igual. Ele continua se repetindo. Ele permanece dizendo o que já disse, mas apenas com outros termos. Nada do que ele está falando é novidade, ele já falou tudo aquilo antes. Para escapar disso, alguns escritores novamente apelam para parágrafos curtos, de uma frase. É uma forma de quebrar a idéia radicalmente e praticamente recomeçar o texto, causando impacto e atraindo novamente a atenção de quem lê.

Se ele consegue ou não, é outra história.

Outra ferramenta usada por quem não sabe para onde ir com o texto é simplesmente encerrar a dissertação e começar uma crônica que serve para ilustrar o assunto, sem aviso prévio. E uma das melhores maneiras de fazer isso é enfiar logo um diálogo lá dentro. O problema é como fazer isso, pensando no formato. “Será que fica melhor colocar os diálogos entre aspas?”.

– Ou usar travessão fica mais elegante?

– Sim, com travessão fica melhor.

– Mas tenho que tomar cuidado com isso, pois, quando tem muitos travessões, o leitor acaba se perdendo, e não sabe mais quem está falando com quem.

– Por isso que às vezes, é melhor colocar uma explicação depois do diálogo, informando quem falou, disse o escritor para si mesmo.

– Tem razão, agora, por exemplo, eu soube que fui eu mesmo quem falou, ele respondeu.

– Mas é bom não abusar desse recurso, pois torna o texto cansativo.

Depois do diálogo que ilustrou o tema do post, o escritor pode voltar a dissertar sobre o assunto, aproveitando que o leitor deu uma respirada. Talvez mais uma ou outra informação sobre o tema escolhido. Isso, claro, se você tiver algo para falar sobre o texto. Senão, a repetição vai recomeçar e o leitor se cansará de novo. Porque, novamente, você está apenas repetindo o que já disse, cansando quem está lendo. E nem adianta mais tentar quebrar o parágrafo curta e de impacto, porque o leitor está começando a descobrir a verdade.

Que você usa esses parágrafos curtinhos quando não sabe o que dizer.

Quando isso acontece, talvez seja melhor encerrar o texto. Entretanto, como o leitor está vindo de um diálogo com frases curtas, não é aconselhável colocar um bloco muito grande de texto imediatamente após essa conversa. Basta uma conclusão. E pronto. Se você acha que não vai conseguir manter um finalzinho curto, encontre uma solução.

Talvez quebrando a conclusão em dois parágrafos, mas somente se for o caso. E sem parágrafos curtinhos. Iria ficar óbvio demais. Mas, caso você insista num último parágrafo curtinho, neste último momento, é sempre legal fazer uma brincadeira com o leitor. Algo que o deixe mais pessoal e próximo do autor.

Sim, este post foi pura perda de tempo – mas eu tentei avisar vocês no título!

31 comentários:

Bruno disse...

Dois posts que eu achei mto engraçados seguidos. Gostei.
E sim eu sou chato e com um senso de humor ridiculo.

rera disse...

Cara, adoro seus textos!

Até esse, que você disse ser uma perda de tempo, foi legal pra caralho! Eu achei foda demais =P


abrazz

marifreica disse...

Parece meu dilema quando tenho que fazer uma matéria maior do que o usual.

Anônimo disse...

uau!!
esses 5 min aqui irão me fazer falta =/

posso pedir eles de volta?

Otavio Cohen disse...

tb quero meu dinheiro de volta ehehhe


e essa nuvem da metalinguagem q está pairando sobre a sua cabeça??

Anônimo disse...

Esse texto me lembrou uma redação de tema livre que fiz na oitava série (e que muita gente deve ter feito também)... "As dificuldades em se escrever uma redação"

Thiago Apenas disse...

Fui 1º que o Thiago!! \o/

Perci Carvalho disse...

aham ta... nao leia este post...até parece que eu ia obedecer..hunf!!

bju

Anônimo disse...

Alê

A idéia era mais ou menos essa. Ou, ao menos, vagamente inspirada nisso.

relosilla - chaverinho disse...

"Sim, este post foi pura perda de tempo – mas eu tentei avisar vocês no título!"

ok, mas me diga que ser no mundo não ficaria curioso de ler um texto que pede para não ser lido?!
=]

Helen disse...

Rob, A-R-R-A-S-O-U!!!

Dou 2 milésimos de segundo pra esse texto ser usado por algum professor numa aula de redação (meu palpite de ouro é que vai ser num cursinho).

Tasca o gênero metalinguagem ali, ó. (Esse foi o texto mais metalinguístico que já li, eu acho)
(E olha que sou fã do Manoel de Barros)

_______________
Observação: você devia ter feito esse manual ilustrado antes de eu deletar o meu blog. Hehehehe!

:}

Nina Brum disse...

Ha, eu sabia que eu tinha que parar de ler , mas sabe, aquela sensação "nãão, ele ainda vai dizer alguma coisa, fora isso"
mas olha só e não foi que disse!

Adorei seu texto, volto mais vezes.

Abraço.

MaxReinert disse...

Pois é... eu li... ou não?

Gilmar Gomes disse...

Não vou fazer nenhum comentário, porque eu não li o post.

Vezinha disse...

Pedir para não ler o post torna mais tentador ainda lê-lo. Dá uma angústia esperar o assunto e ele não chegar... Mas adorei assim mesmo...

Parabéns pelo blog, passo sempre por aqui e me divirto horrores...

Tyler Bazz disse...

Genial!!!!

To me enrolando com funções de linguagem esses dias, vou acabar usando isso.. huuhuhuh

Tyler Bazz disse...

"Alê" saiu de onde eu to pensando???

Samuel Bryan disse...

uma verdadeira aula de como blogar bem!
foi foda.
tem gente q vai salvar no Word
tenho certeza
=P

Anônimo disse...

hahahah Bela aula de redação rsrs

Perdido disse...

Muda o título do post pra como fazer redação da Fuvest... e eu acho que esse povo que fica escrevendo "genial" pra TUDO que você escreve um bando de puxa-saco.

Anônimo disse...

Genial.

Sim.Sou puxa-saco.

;D

Otavio Cohen disse...

@Perdido

n foi vc q escreveu 'genial' no comentario do post passado??

Ju disse...

ooopss... eu li! rsrs
otimas colocações sobre a escrita.

Varotto disse...

Definitivamente, ficaria melhor arquivado na seção de metalinguagem...

Cruela Veneno da Silva disse...

bem, como não li o texto não posso comentar nada.

huahuahuahauh

beijos

rbns disse...

Isso é aquela redação que fizemos para a Heleni revisitada. Pode chamar de "Heleni Reloaded"

O Antagonista disse...

Não foi perda de tempo nada... foi legal, posso dizer até que foi um workshop para blogueiros...

Perda de tempo é tentar encontrar vida inteligente nos programas dominicais da TV aberta.

Valeu, bom domingo!

Fox disse...

perda de tempo é demorar para ler este texto, haha

Deise Rocha disse...

da próxima vez obedecerei ao tíulo...

mas falando sério, tô achando q minha dissertação do meu vestibular da UnB feita neste último fim de semana, 14 e 15, saiu mais ou menos parecido com o seu post, só q em exatas 22 linhas.

Pedro Dal Bó disse...

Caramba... Faz tempo que não venho aqui. Li hoje cedo o "Adeus" e me assustei. Fui pra aula, voltei pra casa, terminei minhas coisas e voltei para ver tudo o que perdi, e será muita coisa com certeza.

No início do texto achei que ele fosse me ajudar com meu blog, muitas vezes cometo essas voltas e voltas. Ele até ajudou, mas que ficou cansativo de ler, ah isso ficou!

De qualquer maneira consegui ir até o fim e pensando bem, apesar de cansativo (pra mim), foi um bom texto.
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Centralizando a vida digital.

Jullia A. disse...

Estou pensando, eu uso frases curtas.
Será que eu não tenho nada a dizer?