Entrei no mercado tendo certeza de que eu era o Rob Gordon.
Foi no mercadinho aqui ao lado de casa. Estou sempre lá. E, até
onde me lembro, todas as vezes que fui até lá eu era o Rob Gordon. Enfim, como
eu vou lá algumas vezes por semana, já conheço, ao menos de vista, a maior parte
dos funcionários, sobretudo dos caixas.
Mas, desta vez, passei minha compras com uma funcionária que
eu não conhecia. Mas, para mim, nada mudou na minha vida. Até então, eu ainda
era o Rob Gordon.
Minha identidade começou a ser posta em cheque quando
comecei a passar as compras.
- Seu nome é Matheus?
- Como?
- Seu nome não é Matheus?
- Não, senhora.
- Ah.
- Eu vou querer CPF na nota.
- Certo. É que você é igualzinho a um amigo meu. O nome dele
é Matheus.
- Mas não sou eu, não.
- Entendi.
- Você tem mais sacolas?
- Aqui.
- Obrigado.
- Você tem certeza, certo?
- Oi?
- Você tem certeza de que você não é o Matheus?
- Bem, a última vez que eu chequei, eu não era o Matheus, não.
Eu era mesmo. Acho que nada mudou de lá para cá.
- Ah... É porque esse meu amigo, o Matheus, ele é muito
engraçado. Ele adora pregar peças nos outros.
- Sei.
- Então você poderia ser o Matheus fingindo que não é o Matheus,
apenas de gozação.
- Entendi. Mas, olhe, eu não sou o Matheus, não. Quer dizer,
eu acho.
- Você é muito igual a ele! Baixinho, barba. Impressionante!
- É. Mas não sou ele, não. Se você quiser, eu tenho meus
documentos aqui.
- Mesmo?
- Sim. Quer ver? Tenho quase certeza que não sou o Matheus,
mas a gente pode conferir...
- Hum... Não. Não precisa. Você não é o Matheus.
- Não?
- Não. O Matheus já estaria gargalhando a essa hora.
- Ah. Entendi.
- Deu dezessete reais.
- Aqui.
- Seu troco.
- Obrigado.
E assim, saí do mercado novamente como Rob Gordon. Quer
dizer, eu acho.
Afinal, nada impede que eu seja o Matheus e, de tanto pregar
peças nas outras pessoas, acabei enganando a mim mesmo – afinal, a melhor
maneira de contar uma mentira é acreditar sobre ela. Entrei em casa e fui
conferir meu RG. Meu nome estava lá. Nada de Matheus.
Passei o dia mais aliviado. Eu era eu mesmo. A não ser,
claro, que eu, Matheus, tivesse até mesmo a paciência de falsificar um
documento para enganar as outras pessoas. Imagine, se dar ao trabalho de fazer tudo
isso?
Quando pensei nisso, senti até um pouco de orgulho do
Matheus, e de ser parecido com ele.
(Para ler os outros posts desta série, repletos de loucos cujo único propósito é andar pela rua me procurando somente para interagir comigo, clique aqui)
19 comentários:
Welcome to the Matrix...
Ainda acho que você tem mais cara de Celso ou Rodrigo.
Mas você tem certeza de que não é o Matheus?
Hahaha
Tamo junto nessa história de as pessoas nos acharem parecidos com seus amigos hehehe
Bom, eu sou o Matheus e até onde eu sei, não sou o Rob também não... talvez eu seja o Thiago, todo mundo fala que eu tenho cara de Thiago.
tsc tsc tsc Matheus, roubando até a senha do blog dos outros para o disfarce ficar melhor ....
Baita cara determinado.
Odeio estas pessoas que insistem em algumas coisas que não teria porque mentir. Vá entender...
Matheeeus, seu danadiiinho! SABIA que era você este tempo todo sob o pseudônimo de Rob Gordon! Ah, menino danado!
~risos~
Não sei como vim parar no seu blog, mas tô aqui e adorei o texto Matheus. Quer dizer, Rob.
É Rob mesmo, né? kkkkk
http://www.doceilusao.com/
Varotto:
O problema é que logo eu sou o Escolhido.
Abraços!
Rob
Adriano:
Hahahahahha!
Abraços!
Rob
Pri:
Tenho, claro. Quer dizer, quase certeza. Não, espera. Tenho. Certeza Absoluta. Quase. Não sei. Acho que sim.
Beijos!
Rob
Hally:
O problema nem é esse. E elas continuarem achando que somos os amigos disfarçados e fingindo ser outra pessoa.
Beijos!
Rob
Matheus:
Valeu, xará! :)
Abraços!
Rob
@leandrodelucas:
Se é para fazer algo, vamos fazer direito, certo?
Abraços!
Rob
Fagner:
E pior que nesse caso, nem dá para "sorrir e concordar".
Abraços!
Rob
Kel:
Desculpe. Vou parar com isso.
Beijos!
Rob
Carol:
Obrigado!
Beijos!
Rob (Mesmo. Acho.)
Parece aquele filme VANNILA SKY ou Abra os Olhos (original espanhol).
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